11/12/10

Cinema Português - O Realizador Manoel de Oliveira faz hoje 102 anos, Grande Homem do Norte de Portugal e do Mundo!

«Manoel de Oliveira faz hoje 102 anos


O decano dos cineastas mundiais completa hoje 102 anos de vida e apresentará, já amanhã, em Santa Maria da Feira, o seu mais recente filme, «O Estranho Caso de Angélica». Para o futuro estão dois projectos com a produtora O Som e a Fúria.
 

Desenvolvimento

Primeiro foi a apresentação, na última quinta-feira, da média-metragem «Painéis de São Vicente de Fora, visão poética» na Fundação Serralves, no Porto, uma película encomendada por aquela instituição. Segue-se, amanhã, em Santa Maria da Feira, a antestreia nacional de «O Estranho Caso de Angélica», a mais recente longa-metragem do cineasta, que já passou por festivais de cinema de todo o mundo, incluindo Cannes, Toronto, Nova Iorque, São Paulo e Viena. Tudo provas de que Manoel de Oliveira, no dia em que faz 102 anos de vida, continua a dar mostras de uma vitalidade inusitada até mesmo em realizadores com metade da sua idade.
Nascido a 11 de Dezembro de 1908, Oliveira filmou relativamente pouco nas primeiras décadas de vida, fruto de um modernismo e de um nervosismo criativo que o Estado Novo não soube compreender nem acarinhar. Até meados dos anos 50, Oliveira filmou muito pouco e depois começou a ganhar embalo com documentários muito elogiados e algumas longas-metragens que à época provocaram celeuma. Depois do 25 de Abril a produção aumentou, mas foi a partir dos anos 80 que Oliveira carregou no acelerador e começou a aproveitar o tempo perdido com filme atrás de filme, ritmo que aumentou ainda mais a partir da década de 90, com uma longa-metragem por ano durante os 20 anos seguintes, porventura a maior produtividade de sempre de um cineasta com mais de 80 Primaveras.
Hoje, com «O Estranho Caso de Angélica» ainda sem data de estreia confirmada em Portugal, Oliveira trabalha já nos seus filmes seguintes, dois deles com a produtora O Som e a Fúria, responsável por películas como «Aquele Querido Mês de Agosto», de Miguel Gomes, e «A Espada e a Rosa», de João Nicolau. Luís Urbano, responsável pela produtora, não avança ainda de que projectos se tratam, mas afirmou ao SAPO que «na verdade o Manoel tem para aí quatro ou cinco projectos, e nós estamos com dois projectos com ele, sendo que estamos a ver qual o mais indicado para começarmos. Ele anda sempre com três ou quatro projectos à frente do filme que está a fazer. É um homem muito prolífico».
O primeiro deles poderá estar pronto «já no final de 2011. Depende muito agora do ciclo de financiamento, que o filme está a iniciar. Mas o Manoel é muito rápido a filmar, portanto, se o projecto avançar já em Maio ou Junho, estaremos a trabalhar para lançar o filme no fim do ano. A partir do momento em que o ciclo de financiamento esteja garantido, é para arrancar logo», conclui o produtor.
Luís Salvado - 11-12-2010 10:00» in http://cinema.sapo.pt/magazine/noticia/manoel-de-oliveira-faz-hoje-102-anos#


«Manoel de Oliveira
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Manoel de Oliveira
Manoel de Oliveira na Cinemateca francesa em Paris, 03 de julho de 2008
Manoel de Oliveira na Cinemateca francesa em Paris, 03 de julho de 2008
Nome completo Manoel Cândido Pinto de Oliveira
Nascimento 11 de Dezembro de 1908 (102 anos)
Porto, Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Atividade cineasta
IMDb: (inglês) (português)
Manoel de Oliveira (pron. mɐnuˈɛɫ doliˈvɐjɾɐ, de nome completo Manoel Cândido Pinto de Oliveira, Porto, 11 de Dezembro de 1908),[1], é um cineasta português com uma das mais longas carreiras na cinematografia internacional.

Índice

[esconder]

[editar] Biografia

Realizador mais velho do mundo em actividade, autor de trinta e duas longas-metragens [2], Manoel de Oliveira provém de uma família da alta burguesia nortenha, tendo antepassados fidalgos.[3] É filho de Francisco José de Oliveira, industrial e primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal, e de sua esposa, Cândida Ferreira Pinto.
Ainda jovem foi para A Guarda, na Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas. Admite ter sido sempre mau aluno. Dedicou-se ao atletismo, tendo sido campeão nacional de salto à vara, e atleta do Sport Club do Porto, um clube de elite. Ainda antes dos filmes veio o automobilismo e a vida boémia. Eram habituais as tertúlias no Café Diana, na Póvoa do Varzim, com os amigos José Régio, Agustina Bessa-Luís, e outros.
Aos vinte anos vai para a escola de actores fundada no Porto por Rino Lupo, o cineasta italiano ali radicado, e um dos pioneiros do cinema português de ficção. Berlim: sinfonia de uma cidade, documentário vanguardista de Walther Ruttmann, influência-o profundamente. Tem então a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio DouroDouro, Faina Fluvial (1931) foi o seu primeiro filme, que suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado dos críticos nacionais. Seria o primeiro documentário de muitos que abordariam, de um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal, motivo repercutido em Nazaré, Praia de Pescadores de Leitão de Barros, Almadraba Atuneira de António Campos) ou Avieiros de Ricardo Costa).
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios da Kodak, na Alemanha e, mantendo o gosto pela representação, participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, vindo a dizer, mais tarde, não se identificar com aquele estilo de cinema popular.
Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: adaptado do conto Os Meninos Milionários, de Rodrigues de Freitas, filma Aniki-Bobó (1942), um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto. O filme foi um fracasso comercial, mas com o tempo daria que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso, abandonar outros projectos, envolvendo-se nos negócios da família. Só voltaria ao cinema catorze anos depois, com O Pintor e a Cidade, em 1956.
Em 1963, O Acto da Primavera (segunda docuficção portuguesa) marcou uma nova fase do seu percurso. Com este filme, praticamente ao mesmo tempo que António Campos, iniciou Oliveira em Portugal, a prática da antropologia visual no cinema. Prática essa que seria amplamente explorada por cineastas como João César Monteiro, na ficção, como António Reis, Ricardo Costa e Pedro Costa, no documentário. O Acto da Primavera e A Caça são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira. O primeiro filme é representativo enquanto incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação, o segundo – que conheceu a supressão de uma cena por parte da censura – como ficção pura em que a encenação não se esquiva ao gosto do documentário.
Por causa de alguns diálogos no filme passou dez dias de cadeia na PIDE[4].
A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira, até então interrompida por pausas e projectos não-realizados, só a partir da sua futura longa metragem (O Passado e o Presente, de 1971) prosseguiria sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até ao final do século. A teatralidade imanente de O Acto da Primavera, contaminando esta sua segunda ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes, apoiado por reflexões teóricas de amigos e conhecidos comentadores.
A tetralogia dos amores frustrados seria o palco por excelência de toda essa longa experimentação. O palco seria o plateau, em que o filme falado, em «indizíveis» tiradas teatrais, se tornariam a alma de um cinema puro só por ter o teatro como referência, como origem e fundamento. Eram assim ditos os amores, ditos eram os seus motivos, e ditos ficaram os argumentos de quem nisso viu toda a originalidade do mestre invicto: dito e escrito, com muito peso, sem nenhuma emoção, mas sempre com muito sentimento.
Manoel de Oliveira insiste em dizer que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reacção dos críticos. Apesar dos múltiplos condecorações em alguns dos festivais mais prestigiados do mundo, tais como o Festival de Cannes, Festival de Veneza ou o Festival de Montreal, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta. Durante o Festival de Cannes em 2008, foi congratulado e felicitado pessoalmente pelo actor norte-americano Clint Eastwood.
Os seus actores preferidos, com quem mantém uma colaboração regular são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória, Rogério Samora, Miguel Guilherme, Isabel Ruth e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trepa. Não são também alheias as participações de actores estrangeiros, como Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni, John Malkovich, Michel Piccoli, Irene Papas, Chiara Mastroianni, Lima Duarte ou Marisa Paredes.
Em 2008 completou cem anos de vida, tendo, entre outras, comemorações, sido condecorado pelo Presidente da República, e assistido à produção de um sem número de documentários sobre a sua vida e obra. Centenário, dotado de uma resistência e saúde física e mental inigualáveis, é o mais velho realizador do mundo em actividade, e ainda com planos futuros.

[editar] Prémios e galardões

[editar] Filmografia

[editar] Longas-metragens

[editar] Curtas e médias metragens

Como actor
Como supervisor
  • 1970 - Sever do Vouga… Uma Experiência, de Paulo Rocha
  • 1966 - A Propósito da Inauguração de Uma Estátua - Porto 1100 Anos, de Artur Moura, Albino Baganha e António Lopes Fernandes.

[editar] Outros

  • 1937 - Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo (documentário)
  • 1958 - O Coração (documentary, 1958)
  • 1964 - Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana (documentário)
  • 1987 - Mon Cas (1987)
  • 1987 - A Propósito da Bandeira Nacional (1987)
  • 2002 - Momento (2002)
  • 2005 - Do Visível ao Invisível (2005)
  • 2006 - O Improvável não é Impossível (2006)

[editar] Vida pessoal

Oliveira casou com Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais (nascida em 1918), no Porto em 4 de dezembro de 1940. Do casamento resultaram quatro filhos:
  • Manuel Casimiro Brandão Carvalhais de Oliveira (nascido em 1941).
  • José Manuel Brandão Carvalhais de Oliveira (nascido em 1944).
  • Isabel Maria Brandão Carvalhais de Oliveira (nascida em 1947).
  • Adelaide Maria Brandão Carvalhais de Oliveira (nascida em 1948).
Tem também já vários netos e bisnetos. Um dos netos é o conhecido actor Ricardo Trepa (filho de Adelaide).

[editar] Curiosidades

O primeiro nome do cineasta é por vezes erroneamente escrito Manuel. As primeiras reformas ortográficas que levaram à alteração de diversos grafemas em Portugal, entre os quais as formas de diversos nomes (como Philippe), ocorreram de 1911 em diante. O cineasta nasceu e foi registado em 1908 e, nessa data, Manoel era a forma oficialmente aceite nos registos civis e paroquiais portugueses. Dado que em Portugal é permitida a manutenção do nome original de qualquer cidadão registado, e visto ser essa a vontade do próprio, a grafia original Manoel será sempre a forma apropriada de grafar o nome do cineasta.

Notas

  1. O assento de baptismo (nº 147/1909, Cedofeita, Porto) refere 12 de Dezembro como data de nascimento, mas o próprio Oliveira afirma ter nascido a 11 de Dezembro
  2. Manoel de Oliveira - Movies - New York Times
  3. Genealogia de Manoel de Oliveira
  4. Manoel de Oliveira revê o filme que o levou à prisão.

[editar] Ver também

[editar] Ligações externas


Manoel De Oliveira - (Ao Vivo)
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Ontem numa Grande Entrevista na RDP Antena 1, tive o prazer de ouvir este Grande Senhor do Norte, com sotaque bem marcado da Cidade do Porto. Adorei toda a entrevista, este Senhor é um Comunicador nato, mas quando um Senhor de 102 Anos diz que tem dois Filmes para fazer e que não tem tempo a perder; é uma Grande Lição de Vida. Parabéns, Senhor Manuel de Oliveira e que continue assim, rijo como um pêro, afinal, afinal é um Homem do Norte!

GNR - "Pronuncia do Norte"

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