





1 -UM PAÍS SEM ESPERANÇA
Portugal é já há muito tempo um país sem esperança. Vão longe os tempos em que cresceu pela última vez, quando o progresso do país se podia ver nas fotografias aérias, quando vilas e pequenas cidades quase duplicavam no interior do país. Era no tempo em que a primeira vaga de “betão” atravessava literalmente o país, o tempo dos cartazes “europeus” anunciando os apoios que a recente entrada na Europa fazia jorrar pela primeira vez, era o tempo em que “modernizações” (como o IVA) que ficaram até hoje mexiam no tecido arcaico da nossa burocracia, o tempo em que uma revisão constitucional bloqueada tempo demais restituiu ao país o dinamismo de uma economia fora do estado, o tempo em que a privatização da televisão, dos jornais e a explosão das radios mexeram numa modorra ainda salazarista, o tempo em que com uma maioria de governo se governou e com uma presidência que acabou com as veleidades de “socialismo aprofundado” que numa primeira volta travaram o seu ultimo combate institucional, foi o tempo de Cavaco Silva primeiro-ministro e de Mário Soares no primeiro mandato.


O pai e a mãe do nosso descalabro foram Guterres e Pina Moura, algo que não podemos esquecer com a tendência que o actual Primeiro-ministro tem em começar tudo em 2005. Barroso e Santana pecaram por falta de coragem em ir mais longe nas duras medidas restritivas necessárias (convém não esquecer que Barroso e o PSD encarregaram-se de afastar Manuela Ferreira Leite que as defendia e a quem acusavam de impedir o partido de ganhar as eleições), mas encontraram já a máquina frágil da nossa economia muito avariada pelo esbanjamento dos anos Guterres. Como os portugueses são sábios e muitos, ainda lembrados das suas recentes origens camponesas, manhosos, aproveitaram o que puderam, mas sabiam com o que contavam depois. Amanhã se veria.
2 -O PRIMEIRO-MINISTRO QUE FOGE EM FRENTE


Na verdade, mesmo antes da “crise” que agora serve para tudo, Sócrates contava regressar ao “betão” para que o “betão” lhe desse o habitual: empresas satisfeitas, autarquias agradecidas pelo “progresso”, emprego, e votos. Ou seja, Sócrates preparava-se para voltar ao mesmo padrão de Guterres e para, no final do mandato, começar a gastar muito dinheiro, com as eleições à vista. Enquanto Guterres distribuía dinheiro em grandes sessões em hotéis de luxo com os empresários, Sócrates chamou-os ao escuro dos gabinetes e aí negociou com eles. Só que as coisas correram mal, muito mal e a “crise que veio de fora” encontrou-se com todas as debilidades da “crise que veio de dentro”. E, como é seu hábito, Sócrates foge em frente, disparando medidas para todos os lados, acertando nalguns casos em que copia o modelo europeu, mas misturando irremediavelmente a sua idiossincrasia autoritária e controleira, com a sebenta estatista do socialismo. Entre duas medidas possíveis Sócrates escolhe sempre aquela que maior controlo dá ao estado, logo ao governo e aquela que menos conta com a liberdade e a individualidade de pessoas e empresas. Recusa-se por isso a fazer aquilo que melhor, mais imediata e menos burocraticamente daria resultados em melhorar a situação de pessoas e empresas – baixar os impostos – a favor do subsídio e do apoio directo do estado, logo do governo. E ele encontrou na crise uma excepcional maneira de mandar mais, nem que para isso tenha que atirar dinheiro, muito dinheiro, por cima dos problemas. Dinheiro que o país não tem e dinheiro, que a curto prazo, ninguém nos quererá emprestar. Aproxima-se um desastre, mas como só será para a década de dez, Sócrates não se importa. Sócrates fiel discipulo de Guterres, prepara-se para deixar as gerações futuras com uma dívida gigantesca, ou seja ,a a condenar o país à pobreza.
3 - E QUEM É QUE TINHA RAZÃO?
É. Pouca gente o dirá porque isso significa morder a língua das suas próprias afirmações e críticas, mas quem tinha razão foi Manuela Ferreira Leite. Quem pela primeira vez chamou a atenção para o problema social que se avizinhava, ainda Sócrates negava a crise? Quem pôs em causa a sustentabilidade do programa faraónico das obras públicas? Quem chamou pela primeira vez (em termos muito próximos dos que o Presidente usou agora) para o problema da dívida? Quem propôs medidas que iam noutro sentido – por exemplo, em vez de incentivos a novos empréstimos às pequenas e medias empresas, já muito endividadas, sugeriu que o estado pagasse as dívidas e baixasse os impostos? Ou seja, outro caminho muito diferente, alternativo, pensando na “crise que vem de fora”, mas evitando agravar a “crise que vem de dentro”. O patrulhamento que o governo faz da líder da oposição, assim como o ruído interno, tem tornado pouco audível a voz de Manuela Ferreira Leite, mas quanto aos factos não há volta a dar.» in blogue Abrupto.
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Amigo Hélder Barros, será que leitores do seu blogue querem diagnóstico mais realista da doença crise recessão ou desgoverno ou o mais que se queira chamar a este estado de coisas? (E seus antecedentes desde anos 90…)
ResponderEliminarPois é, amigo, em véspera de eleições, eventualmente a antecipar, porque a comidinha já requenta, fia mais fino o descalabro.
Não foi Manuela Ferreira Leite que foi «corrida» por Durão Barrosos e seus por idêntico motivo de benesses caça voto…? Ela que bem tentara alertar a tapar buraco das Finanças e da Corrupção aí reinante…
Década 10 aí a vir, e a «casa» hipotecada, o mesmo é dizer a Economia!
Esbanjamentos sem freio de quanto temos (?) e não temos.
Até parece que o que é preciso é endividarmo-nos cada vez mais a começar pelas empresas que ainda não faliram de todo com injecções quase só virtuais de dinheiro fictício, vulgo «linhas de crédito…»
Isto sem que o Estado use da mais elementar lisura e pague remotas dívidas proteladas indefinidamente às mesmas.
(Como 6ª Feira passada a líder do PSD disse claro num canal televisivo…)
Crédito só para amigos «frateres…» Compadrios… Quando Estado perder crédito nem parasitas nem amigos nem irmãos fraternos de capelinha serão abonados. Resta-lhes pagar os antecedentes acumulados.
E aos OBRAS! Esperem pela pancada! Ver-se-ão os habituais «ilegais» a aforrar para seus países de miséria negra e nós pelo mesmo caminho desses nossos planetários europeus ou africanos irmãos outros.
É este o país que temos com uma máquina de propaganda a fazer inveja à dos tempos do nacional-socialismo e Gobbels…
E pouca há voz lúcida que soe preto no branco «sim, sim; não, não…»
Tal esta voz de José Pacheco Pereira, outro baptista João a clamar no deserto.
Bom Domingo, Amigo, na certeza porém de que há flores no nome de Jesus.
Seu,
Ochôa
Tem razão Amigo Ôchoa, José Sócrates com o seu estilo arrogante, não deixando os entrevistadores fazerem perguntas, quer até fazer querer que não esteve na desgraça que foi para o nosso país o governo Gueterres, o tal que nos pôs de tanga... ele que dar mais "tanga" e está a conseguir, mas a opinião pública e publicada gosta, só não querem é pessoas que dizem a verdade, que não dão folclore e sao sérios; isso não gostam...
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