24/01/09

Caso Freeport - A amnésia conveniente do Engenheiro José Sócrates...



José Sócrates: «Não tenho memória que o meu tio me tenha pedido para receber os promotores do Freeport»
24 de Janeiro de 2009, 12:56

«Não tenho memória, admito que isso possa ter acontecido, mas não tenho memória que o meu tio me tenha pedido para receber os promotores do Freeport», afirmou José Sócrates, numa conferência de imprensa convocada para que o primeiro-ministro prestasse declarações sobre o caso Freeport. O então ministro do ambiente e actual primeiro-ministro frisou, durante a conferência, que não será esta polémica a derrubá-lo do poder.

O primeiro-ministro salientou que uma reunião aconteceu mas «por insistência da Câmara Municipal de Alcochete» e apenas para «discutir as posições do ministério do Ambiente e as suas exigências ambientais».
Durante a conferência no Porto, disse também que não conhece nem nunca conheceu «pessoalmente nenhum dirigente do Freeport» e que «se existe, como dizem que existe», um mail do filho de Júlio Monteiro pedindo uma recompensa usando o nome do primeiro-ministro, Sócrates diz considerar isso «um abuso de confiança». Durante a declaração, sublinhou também que não tem nada a ver com a atividade empresarial do tio.

«As notícias, com a forma como são veiculadas, destinem-se a atingir-me pessoalmente», disse José Sócrates aos jornalistas, referindo-se aos artigos publicados pelos jornais Sol e Expresso.
A conferência de imprensa para prestar esclarecimentos sobre o caso Freeport decorreu na alfândega do Porto, à margem do Fórum Novas Fronteiras.

O jornal Sol divulgou ontem uma gravação em que o tio de José Sócrates, o empresário Júlio Monteiro, admitia ter colocado um representante do Freeport em contacto com o sobrinho, ministro do Ambiente na altura. Também o semanário Expresso noticia hoje que o primo de José Sócrates terá pedido uma recompensa ao representante do outlet por, alegadamente, ter sido intermediário do encontro.

Sócrates já tinha respondido através de um comunicado escrito ontem à noite, onde afirmava que a aprovação ambiental do empreendimento Freeport tinha cumprido «todas as re
gras legais aplicáveis à época». Apesar disso, o primeiro-ministro decidiu marcar uma conferência de imprensa para falar sobre o assunto.» in http://noticias.sapo.pt/info/artigo/910046.html

«Poder-se-á saber a razão por que se ouvem tantos juristas sobre este caso (que funcionam como "extintores") e não se ouvem mais jornalistas de investigação ou especialistas em corrupção? É que a essência do caso é saber se há ou não corrupção no processo Freeport, e quem esteve envolvido nessa alegada corrupção. Tudo o resto é irrelevante.

* Depois do que se viu na TVI, o Primeiro-ministro Sócrates tem muito que explicar. Os dados novos que foram noticiados, em particular o que diz o tio do Sócrates, em discurso directo, são notícia em qualquer parte do mundo e notícia das que antigamente faziam tocar os telexes. À hora a que escrevo os sítios em linha do Público, do Expresso, do Correio da Manhã, do Sol (que detém o exclusivo da entrevista que passou na TVI), TSF, Renascença e LUSA, nada. Só o da TVI tem a notícia e a SICN passa-a em oráculo.

AN
EXO: a SICN abriu o noticiário das 22 horas com a notícia e anuncia entrevistas e um debate. A RTP2, no noticiário em simultâneo com o da SICN, entrevista Mega Ferreira sobre o CCB.

ANEXO 2: o que mostra como as coisas estão na nossa comunicação social é que o Primeiro-ministro Sócrates responde à TVI e ao Sol, antes de muitos órgãos de comunicação entenderem que havia aqui uma notícia importante. (Por exemplo o noticiário da RTP2 ignorou a questão.)

* A RTP falou do caso Freeport vinte minutos depois do início do telejornal.» in blogue abrupto.
---------------------------------------------------------------------------------------
Pois é! O Primeiro Ministro lá veio no seu tom arrogante e de pessoa impoluta, dizer que são tudo calunias e uma espécie de cabala, tudo o que se tem anunciado sobre o caso Freeport em que ele está metido até às orelhas, até porque era o Ministro do ambiente da altura... note-se que quem lançou o tema para a agenda mediática foi a investigação inglesa, logo correlacionar isto com o período eleitoral Português é pura demagogia, de que José Sócrates faz uso inúmeras vezes. É que à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecer séria, e o Senhor Primeiro Ministro não se esqueça que o licenciamento em questão foi chumbado duas vezes e foi curiosamente aprovado em vésperas da sua saída do governo de então. Mas sabemos que o Senhor não tem horas de trabalho muito peculiares, até faz testes por fax ao Domingo de um putativo Inglês Técnico, assinou projetos de casas de gosto e de conformidade técnica dúbia, de que não se lembra... e esquecer-se do seu Tio, fica-lhe mal Senhor Primeiro Ministro, ele ao contrário, parece-me bem recordado de todas as manobras da altura, off-shores, etc...e da RTP o Senhor não se pode queixar, foi um silêncio que parece que nada se passava; ai se fosse com outros, a festa que não seria!


7 comentários:

  1. O Estado da Nação: A amnésia do P. M.

    Não tenho memória...
    de um dia ter sido P.M.
    Admito que possa ter acontecido.

    Não tenho memória
    Do País
    Do Futuro
    Encontro-me num presente,
    despido de memórias
    (valores,
    tradições e
    afectos)
    Admito que possa ter existido...

    Mas confesso:
    Um País?
    Um outro para além de mim?

    Não tenho memória
    Não tenho memória
    Não tenho memória.

    ResponderEliminar
  2. Brilhante, Elsa! Tinhamos a Professora, a Pensadora e agora a Poetisa!
    Bravo, Elsa, que nunca te falte a memória...

    ResponderEliminar
  3. Obrigada, Helder.Mas chamar poesia ao que escrevi é capaz de ser excessivo.

    ResponderEliminar
  4. recuperação da memória:
    se bem me lembro
    in illo tempore
    eu era um rapazinho
    sonhador
    que fazia projectos
    e estudava
    para a um lindo domingo
    obter um canudo de engenhoso
    depois fui de bibe pra ambiente
    ambientei e desambientei
    era o predilecto do meu conterrâneo
    católico guterres
    não sei de tios ou primos
    que mais fizessem por mim
    do que eu próprio
    «sempre no meu ambiente»
    como era um pão ou um gatão
    subi ao estrelato e deixei
    o alegre triste de meus dias
    más línguas disseram que eu tinha
    um aparelho de jeito hitleriano
    gobellistico que me cuidava
    a imagem e me injectava em todos
    os canais televisivos
    e a remoques como bom citzen kane
    mudava de assunto
    agora estão prestes a dar-me
    um pontapé e eu convenço-os
    de que vai uma crise global
    que nada tem que ver comigo.
    assim me encontro pronto
    para servir-me de novo mandato
    pese aos professores abaixo de cão
    que juraram a pés juntos
    QUE JAMAIS VOTARIAM EM MIM!!!
    CONTO INDEFECTIVELMENTE COM TODOS OS QUE GOSTAM DE SER ENGANADOS COM PROMESSAS!!!
    para quê cumprir promessas?
    o barco afunda a pique e quando todo fôr ao fundo do fosso ninguém se lembra de mim
    e será então que me esquecerei das patifarias verdadeiras que fiz
    e me deram sumo gozo dilectante.

    assinado
    Sócrates
    Nem Filósofo
    Nem Médico
    Nem Futebolista Brasileiro,
    mas Portuga Engenhoso Engenheiro como Quijote Cavaleiro de...de... de... triste figura.

    ResponderEliminar
  5. Muito bem, Amigo, Poeta, Ângelo Ôchoa, que bela descrição do figurão...

    ResponderEliminar
  6. Olhe, Helder, sinto ter sido demasiado meigo... Como uma vez disse, embora por outras palavras, o político José Pacheco Pereira são sempre poucas as que lhe dão para baixo... Que ele, O FIGURÃO, MERECE BEM QUE O DESANQUEMOS!!! Só as que lhe poupam na nossa sua comunicaçõa social!

    ResponderEliminar
  7. Nós, os Portugueses, somos muito brandos... é a sorte deste Figurão!

    ResponderEliminar