«Caldas das Murtas
[O balneário na década de 1930-40 ( In Acciaiuoli, 1944)]
Tratamentos/ caracterização de utentes
Instalações/ património construído e ambiental
Natureza
[O balneário na década de 1930-40 ( In Acciaiuoli, 1944)]
Indicações
Reumatismo, dermatoses, catarros das mucosas (Correia 1922)
Reumatismo, sífilis e pele (Contreiras 1951)
Bronquites e laringites, reumatismo e dermatoses
Reumatismo, sífilis e pele (Contreiras 1951)
Bronquites e laringites, reumatismo e dermatoses
“O meu avô não conseguia andar, com reumatismo, não conseguia ir a pé a Amarante, tinham que o levar, isto quando ele tinha ai 40 e tal anos, durante uns anos tomou banhos ali e ficou bom, veio a morrer com 90 anos.” (informante)
Tratamentos/ caracterização de utentes
Actualmente é recolhida na pequena bica e utilizada domesticamente para lavagem locais, sobretudo para problemas de pele.
Instalações/ património construído e ambiental
Sobre o local de emergência das águas das Caldas da Murta, foram construídos, nos anos 1980, os campos de jogos do Colégio São Gonçalo. Para protecção da nascente fez-se então uma galeria que leva do campo de jogos a nível inferior até ao local onde a água emerge da fissura da rocha granítica, sobre o campo de jogos. Nessa ocasião a água mineral (ou parte dela) foi canalizada para uma pequena bica localizada numa praceta da Av. 25 de Abril (por detrás do restaurante A Grelha).
Nessa ocasião foram feitas várias prospecções do aquífero da Murtas: no próprio campo de jogos, no furo dos Varões, o segundo nas Pataratas ( mais perto da margem do Tâmega) e um terceiro, em São Gonçalo, já na margem direita do Tâmega, na colina onde se encontra o tribunal e quartel da GNR.
“Esteve aqui uma empresa mais de um mês a furar, depois não sei o que é que eles pretendiam na altura, talvez eles quisessem mais água, porque a nascente deita sempre o mesmo de Inverno ou Verão. Eles fizeram pesquisas mais fundas, uma ali e outra mais acolá, depois saíram daqui e foram fazer outro furo, porque dizem que as veias vão para acolá, até dizem que vão fazer obras. Vê ali rente ao posto da Guarda, aquela obra que se vê à frente é o tribunal, ao lado do tribunal há ali umas casas, ali descobriram uma água que dá mais que esta, é uma nascente para lá do rio, e exploraram aquela. Deve ser essa que chamam São Gonçalo, que é a freguesia do outro lado.” (informante)
Natureza
Sulfúrea sódica
1895 - Alvará de Concessão, 12 de Dezembro de 1895
1922 - Alvará de Transmissão, a favor Bernardo Gonçalves Basto, publicado: DG, nº281, 2.ª Série, 7/12/1922, com área reservada de 50 hectares
Historial
No registo de propriedade consta que a Quinta das Murtas era nomeada de “Caldas” em documentos antigos. Se bem que a sua utilização seja provavelmente muito antiga, sabe-se que em 1893 foi construído um telheiro junto da nascente, que dois anos depois esse telheiro dava lugar a um balneário, descrito no relatório de reconhecimento de Pacheco (1895) : “É de um andar térreo com cinco tinas de azulejos para a 1.ª classe e quatro de lousa para a 2.ª classe, uma sala de duches e outra de pulverizações; a água brota por uma fenda, com a orientação NS mag., do granito, de grão grosso e constituído por quartzo, feldspato e duas micas; o granito apresenta-se geralmente muito alterado” (Cit. Acciaiuoli 1944, IV: 5).
Em "Águas e Termas Portuguesas" (1918), há uma breve referência: “Há um pequeno estabelecimento balnear, de águas sulfurosas alcalinas, aconselhadas contra o reumatismo, moléstias cutâneas, bronquites e dispepsias."
Em 1922 a concessão mudou de mãos, E nesse mesmo ano estas águas foram analisadas por Lepierre. Mas poucas alterações houve pois ao longo das décadas de 1930 e 40. Sabemos pelos relatórios de Acciaiuoli que as instalações se limitavam-se a nove banheiras.
Do Anuário (1963) deduz-se que ainda estavam em funcionamento nesse ano, mas pouco mais é acrescentado sobre as instalações: “No balneário são feitos tratamentos por ingestão e por banhos de imersão e duches”.
Na década de 1970 a expansão urbana de Amarante ocupou as colinas da Madalena e a Quinta das Murtas foi adquirida pela diocese do Porto, que aqui construiu o Colégio de São Gonçalo. A nascente ficou assim localizada no fundo do grande recreio do colégio, protegida por uma construção que a Junta de Freguesia fez levantar. Na década seguinte o local da nascente foi transformado no campo de jogos do colégio e a água canalizada para um pequeno fontanário a cerca de 150 m para sul do ponto de emergência.
Alojamentos
Dois hotéis, estalagem e várias pensões na cidade de Amarante
Bibliografia
Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1940b; 1941; 1942; 1944; 1947; 1948; 1949-50; Bastos 1934; Calado 1995; Castro 1895; Contreiras 1951; Correia 1922; Leite 1930; Lepierre 1922; Narciso 1920; Narciso 1923; Narciso 1947; Pacheco 1895; Silva 1894; Águas minerais do continente e ilha de S. Miguel 1940; Águas e Termas Portuguesas 1918; Anuário Médico-Hidrológico de Portugal 1930-42» in http://www.aguas.ics.ul.pt/porto_cmurtas.html
Eu cheguei a tomar banho aqui! Era bem miúda mas lembro-me das banheiras cheias de água "fedorenta" onde nos faziam entrar!
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Ainda bem que tens essa memória! Preservar a memória da outrora Vila de Amarante é para mim um desígnio enquanto Amarantino! Gostei da casa das cavacas de que tanto o meu falecido pai falava, thanks!
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