«A barreira intransponível
Há jogos em que uma noite inteira não seria suficiente para que uma equipa com intenções manifestas e vontade evidente, conseguisse encontrar o caminho do golo e, consequentemente, do triunfo. À 14ª jornada da Liga, o Dragão foi palco de um desses encontros atípicos, com uma das partes, o F.C. Porto, a querer ganhar, remando à exaustão contra uma maré que, misturando fortuna, passividade e conivência de outros protagonistas, barrou sem glória o inconformismo azul e branco. A caminho do apito final do árbitro, uma jogada serve na perfeição para caracterizar, em traços gerais, as evoluções do encontro entre o F.C. Porto e o Trofense: com toda a equipa visitante instalada nos vinte metros mais recuados do seu meio-campo, os Dragões apontaram baterias à baliza contrária, e uma carambola, que passou por vários jogadores portistas em pleno coração da área contrária, só inexplicavelmente não acabou no fundo das redes da baliza adversária.Foi de sentido único um jogo que, desde os instantes iniciais, teve iniciativa, domínio e pressão azul e branca constantes, face a uma fortalecida barreira visitante, com propósito claro de segurar, a todo custo, o nulo no marcador. Bastaram 50 segundos para que Raul Meireles, a meias com Lisandro, exibisse a determinação portista, que, avessa a espartilhos tácticos, perdurou com maior ou menor intensidade até aos derradeiros instantes do encontro. Exemplo disso foram as investidas de Rodríguez, que rematou ao poste aos quatro minutos, de Rolando, que cabeceou ao lado, ou de Lucho, que viu um defesa contrário evitar em cima da linha o golo azul e branco, todas exemplos práticos da motivação assumida desde o arranque da contenda. O inventário de oportunidades criadas pela equipa de Jesualdo Ferreira continuaria em vários capítulos, com diferentes protagonistas e com o mesmo desafortunado desfecho, não obstante o inconformismo permanentemente revelado pelos Dragões. De resto, e ainda antes de outras ocasiões soberanas, o golo portista voltou a ser salvo em cima da linha aos 57 minutos, desta vez impedindo o êxito de Rolando, tal como haveria de acontecer já perto do final, no lance de insistência colectiva atrás referido. A história do encontro poderia também ter tido outros contornos se a falta de Valdomiro sobre Lisandro, cometida dentro da área visitante, tivesse sido devidamente sancionada pelo árbitro, numa grande penalidade evidente. Já na primeira parte ficou igualmente a ideia de que Areias derrubou Fucile para castigo máximo. O juiz, de resto, foi conivente com o tempo recorrentemente perdido pela formação visitante, desde os instantes iniciais da partida, mais não fazendo do que amparar sucessivamente o anti-jogo demonstrado, que acabou recompensado pela injusta igualdade registada no final.
Liga Portuguesa 2008/09 – 14ª Jornada
11 de Janeiro de 2009
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 28.408 espectadores
Árbitro: Luís Reforço
Assistentes: António Godinho e Nuno Roque
4º Árbitro: Carlos Xistra
F.C. PORTO: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves e Benítez; Fernando, Raul Meireles e Lucho «cap.»; Lisandro, Hulk e Rodríguez
Substituições: Benítez por Mariano (61 min), Fernando por Guarin (68 min) e Raul Meireles por Farias (80 min)
Não utilizados: Nuno, Pedro Emanuel, Stepanov e Tomás Costa
Treinador: Jesualdo Ferreira
TROFENSE: Paulo Lopes; Paulinho, Milton do Ó «cap.», Valdomiro e Areias; Mércio, Delfim, Hugo Leal e Tiago Pinto; Hélder Barbosa e Reguila
Substituições: Hélder Barbosa por David Caiado (65 min), Hugo Leal por Pinheiro (82 min) e Reguila por Rui Borges (89 min)
Não utilizados: Marco, Lipatin, Sidney e Zamorano
Treinador: Tulipa
Ao intervalo: 0-0
Disciplina: cartão amarelo a Tiago Pinto (36 min), Benítez (58 min), Milton do Ó (60 e 90 min) e Helton (90 min); Cartão vermelho a Milton do Ó (90 min» in F.C. do Porto.
Empate num jogo contra 15 e com muito azar... sopram ventos de Sul!
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