«Franz Kafka
Dados pessoais
Nascimento 3 de Julho de 1883
Praga, Áustria-Hungria (actualmente República Checa)
Falecimento 3 de Junho de 1924
Klosterneuburg, Áustria
Nacionalidade Austro-húngaro
Movimento literário Modernismo, Existencialismo, Surrealismo
Magnum opus A Metamorfose, O Castelo, O Processo
Influências Søren Kierkegaard, Fyodor Dostoevsky, Charles Dickens, Nietzsche
Influenciados Albert Camus, Federico Fellini, Isaac Bashevis Singer, Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Marquez, Carlos Fuentes, Salman Rushdie, Haruki Murakami
Biografia
Filho mais velho de Herrmann Kafka, um abastado comerciante judeu, e da sua mulher Julie, Löwy em solteira. Nascem depois dele dois meninos, que morrerão pouco tempo após o nascimento, facto que segundo alguns psicólogos especialistas na obra de Kafka, será um factor determinante para o sentimento de culpa presente nos seus livros; e três meninas, entre elas Ottilie, a sua irmã favorita, com quem chega a morar algumas vezes.
Kafka cresce sob as influências de três culturas: a judaica, a checa e a alemã. No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, e no ano de 1922 pedir-lhe-á que destrua todas as suas obras após a sua morte. Em 1903, Kafka tem a sua primeira relação sexual, o que lhe trará insegurança para toda a vida. Neste ano também fará sua primeira visita a um sanatório. Teve vários casos amorosos mal resolvidos, uns por intervenção dos pais das namoradas, outros por desinteresse próprio. Kafka faleceu no dia 3 de Junho de 1924 no sanatório Kierling perto de Klosterneuburg na Áustria. A causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca; Kafka sofria de tuberculose desde 1917.
Educação
Kafka aprendeu alemão como primeira língua, contudo era quase fluente em checo. Formado em Direito, em 1906, trabalhou como advogado, a princípio na companhia particular Assicurazioni Generali, e depois no semi-estatal Instituto de Seguros contra Acidentes do Trabalho. Solitário, com a vida afectiva marcada por irresoluções e frustrações, Kafka nunca atingiu fama ou fortuna com seus livros, na maioria editados postumamente.
Obra
O seu livro A Metamorfose (1915) narra o caso de um homem que acorda transformado num gigantesco insecto; O Processo (1925) conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignora; em O Castelo (1926), o agrimensor K. não consegue ter acesso aos senhores que o contrataram. Estas três obras-primas definem não apenas boa parte do que se conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio carácter do século: kafkaniano.
Autor de várias colectâneas de contos, Kafka escreveu também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de páginas de diários. Deixou inacabado o romance Amerika.
Morreu num sanatório perto de Viena, onde se internara com tuberculose. Desde então, o seu legado - resgatado pelo amigo Max Brod - exerceu enorme influência na literatura mundial.
Bibliografia
A escrita de Kafka é marcada pelo seu tom despegado, imparcial, atenta ao pormenor e que abrange os temas da alienação e perseguição. Os seus trabalhos mais conhecidos abrangem temas como as pequenas histórias A Metamorfose, Um artista da fome e os romances O Processo, América e O Castelo.
Os seus contos são julgados como verdadeiros e realistas, em contacto com o homem do século XXI, pois os personagens kafkanianos sofrem de conflitos existenciais, como o homem de hoje. No mundo kafkaniano, as personagens não sabem que rumo podem tomar, não conhecem os objectivos da sua vida, questionam seriamente a existência e acabam sós, diante de uma situação que não planearam, pois todos os acontecimentos se viraram contra eles, não lhes oferecendo a oportunidade de se aproveitar da situação e, muitas vezes, nem mesmo de sair desta.
Por isso, a temática da solidão como fuga, a paranóia e os delírios de influência estão muito ligados à obra kafkiana, sendo comum a existência de personagens secundários que espiam e conspiram contra o protagonista das histórias de Kafka (geralmente homens, à exceção de alguns contos onde aparecem animais e raros onde a personagem principal é uma mulher). No fundo, estes protagonistas não são mais que projecções do próprio Kafka, que lhe permitem expor os seus medos, a sua angústia perante o mundo, a sua solidão interior.[carece de fontes?]
A homossexualidade na obra de Kafka
A obra de Kafka tem despertado enorme interesse entre os leitores homossexuais[1] pois, de acordo com Ruth Tiefenbrun, a maior parte das suas personagens são homens homossexuais, que vivem simultaneamente com a necessidade de se esconder e de se exibir[2]. Já Gregory Woods, na sua obra pioneira A History of Gay Literature: The Male Tradition, refere que, mesmo que a sexualidade de Kafka seja controversa, tal não deve impedir a apreciação dos seus textos no âmbito da literatura gay, e que as histórias de homens isolados, forçados a não ter certezas na vida, que estão em constante perigo de ser descobertos, tocam fortemente a sensibilidade de todos os gays[3].
Livros e Contos
Cenas de um casamento no campo (1907)
Considerações (1908)
Aeroplano em Brescia (1909)
Um artista da fome (1922, 1924)
Na colônia Penal (1914, 1919)
Diante da Lei (1914, 1915)
Meditação (1913)
Carta ao pai (1919)
Um Médico Rural (1919)
O Processo (1914,1925)
O Castelo (1922, 1926)
O Veredicto (1912)
A Metamorfose (1912, 1915)
A Sentença (1912, 1916)
Um relatório para a Academia (1917)
A preocupação de um pai de família (1917)
Contemplação: O foguista (1913)
Poseidon (1920)
Noites (1920)
Amerika (1910,1927)
Sonhos
Cartas a Milena
A Muralha da China (1917,1931)
Sobre a questão das leis (1920)
Primeiro sofrimento (1921)
Um artista da fome (1922)
Investigações de um cão (1922)
Uma pequena mulher (1923)
A Construção (1923)
Josefine, a cantora (1924)
O Povo dos Ratos (1924)
Kafka cinematográfico
The Trial - Orson Welles (1963)
The Castle - Rudolph Noelte (1968)
Informe para una academia - Carles Mira (1975)
The metamorphosis of Mr. Samsa - Caroline Leaf (1977)
Informe per a una acadèmia - Quim Masó (1989)
Kafka - Steven Soderbergh (1991)
Amerika - Vladimir Michalek (1994)
Das Schloss - Michael Haneke (1996)
La metamorfosis - Josefina Molina (1996)
The Trial - David Hugh Jones (1996)
Metamorfosis - Fran Estévez (2004)
Ligações externas
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Franz Kafka.O Wikimedia Commons possui multimídia sobre Franz KafkaMuseu Kafka em Praga
Kafka em Portugal: Obras de e sobre Kafka editadas em Portugal
Projeto Kafka (inglês)
Fotos dos manuscritos originais
Referências
Hamalian, Leo (Ed.). [1974]. Franz Kafka: A Collection of Criticism. Nova York: McGraw-Hill. ISBN 0-07-025702-7.
↑ Tóibín, Colm, Roaming the Greenwood artigo publicado em 21 de Janeiro de 1999 na London Review of Books, [1]
↑ Tiefenbrun, RuthA Moment of Torment, an Interpretation of Kafka's Short Stories, Carbondale: Southern Illinois University Press, 1973
↑ Woods, Gregory, A History of Gay Literature: The Male Tradition (1998), ensaio, Yale University Press, Londres, 456 pages, ISBN 0300072015» in http://saber.sapo.pt/wiki/Franz_Kafka
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Ora cá está um escritor que li na adolescência, aconselhado por um professor de filosofia, sim porque os professores são assim, gostam de partilhar saber, cujas reflexões se aplicam muito ao momento kafkiano que a humanidade vive. O egoísmo, o consumismo, a vontade de subir na vida a qualquer custo, a destruição do planeta pela poluição humana e a solidão que invade uma sociedade com muitos mais recursos comunicacionais...
Mais informações sobre este escritor notável no seguinte link:
http://www.vidaslusofonas.pt/franz_kafka.htm
Dados pessoais
Nascimento 3 de Julho de 1883
Praga, Áustria-Hungria (actualmente República Checa)
Falecimento 3 de Junho de 1924
Klosterneuburg, Áustria
Nacionalidade Austro-húngaro
Movimento literário Modernismo, Existencialismo, Surrealismo
Magnum opus A Metamorfose, O Castelo, O Processo
Influências Søren Kierkegaard, Fyodor Dostoevsky, Charles Dickens, Nietzsche
Influenciados Albert Camus, Federico Fellini, Isaac Bashevis Singer, Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Marquez, Carlos Fuentes, Salman Rushdie, Haruki Murakami
Biografia
Filho mais velho de Herrmann Kafka, um abastado comerciante judeu, e da sua mulher Julie, Löwy em solteira. Nascem depois dele dois meninos, que morrerão pouco tempo após o nascimento, facto que segundo alguns psicólogos especialistas na obra de Kafka, será um factor determinante para o sentimento de culpa presente nos seus livros; e três meninas, entre elas Ottilie, a sua irmã favorita, com quem chega a morar algumas vezes.
Kafka cresce sob as influências de três culturas: a judaica, a checa e a alemã. No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, e no ano de 1922 pedir-lhe-á que destrua todas as suas obras após a sua morte. Em 1903, Kafka tem a sua primeira relação sexual, o que lhe trará insegurança para toda a vida. Neste ano também fará sua primeira visita a um sanatório. Teve vários casos amorosos mal resolvidos, uns por intervenção dos pais das namoradas, outros por desinteresse próprio. Kafka faleceu no dia 3 de Junho de 1924 no sanatório Kierling perto de Klosterneuburg na Áustria. A causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca; Kafka sofria de tuberculose desde 1917.
Educação
Kafka aprendeu alemão como primeira língua, contudo era quase fluente em checo. Formado em Direito, em 1906, trabalhou como advogado, a princípio na companhia particular Assicurazioni Generali, e depois no semi-estatal Instituto de Seguros contra Acidentes do Trabalho. Solitário, com a vida afectiva marcada por irresoluções e frustrações, Kafka nunca atingiu fama ou fortuna com seus livros, na maioria editados postumamente.
Obra
O seu livro A Metamorfose (1915) narra o caso de um homem que acorda transformado num gigantesco insecto; O Processo (1925) conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignora; em O Castelo (1926), o agrimensor K. não consegue ter acesso aos senhores que o contrataram. Estas três obras-primas definem não apenas boa parte do que se conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio carácter do século: kafkaniano.
Autor de várias colectâneas de contos, Kafka escreveu também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de páginas de diários. Deixou inacabado o romance Amerika.
Morreu num sanatório perto de Viena, onde se internara com tuberculose. Desde então, o seu legado - resgatado pelo amigo Max Brod - exerceu enorme influência na literatura mundial.
Bibliografia
A escrita de Kafka é marcada pelo seu tom despegado, imparcial, atenta ao pormenor e que abrange os temas da alienação e perseguição. Os seus trabalhos mais conhecidos abrangem temas como as pequenas histórias A Metamorfose, Um artista da fome e os romances O Processo, América e O Castelo.
Os seus contos são julgados como verdadeiros e realistas, em contacto com o homem do século XXI, pois os personagens kafkanianos sofrem de conflitos existenciais, como o homem de hoje. No mundo kafkaniano, as personagens não sabem que rumo podem tomar, não conhecem os objectivos da sua vida, questionam seriamente a existência e acabam sós, diante de uma situação que não planearam, pois todos os acontecimentos se viraram contra eles, não lhes oferecendo a oportunidade de se aproveitar da situação e, muitas vezes, nem mesmo de sair desta.
Por isso, a temática da solidão como fuga, a paranóia e os delírios de influência estão muito ligados à obra kafkiana, sendo comum a existência de personagens secundários que espiam e conspiram contra o protagonista das histórias de Kafka (geralmente homens, à exceção de alguns contos onde aparecem animais e raros onde a personagem principal é uma mulher). No fundo, estes protagonistas não são mais que projecções do próprio Kafka, que lhe permitem expor os seus medos, a sua angústia perante o mundo, a sua solidão interior.[carece de fontes?]
A homossexualidade na obra de Kafka
A obra de Kafka tem despertado enorme interesse entre os leitores homossexuais[1] pois, de acordo com Ruth Tiefenbrun, a maior parte das suas personagens são homens homossexuais, que vivem simultaneamente com a necessidade de se esconder e de se exibir[2]. Já Gregory Woods, na sua obra pioneira A History of Gay Literature: The Male Tradition, refere que, mesmo que a sexualidade de Kafka seja controversa, tal não deve impedir a apreciação dos seus textos no âmbito da literatura gay, e que as histórias de homens isolados, forçados a não ter certezas na vida, que estão em constante perigo de ser descobertos, tocam fortemente a sensibilidade de todos os gays[3].
Livros e Contos
Cenas de um casamento no campo (1907)
Considerações (1908)
Aeroplano em Brescia (1909)
Um artista da fome (1922, 1924)
Na colônia Penal (1914, 1919)
Diante da Lei (1914, 1915)
Meditação (1913)
Carta ao pai (1919)
Um Médico Rural (1919)
O Processo (1914,1925)
O Castelo (1922, 1926)
O Veredicto (1912)
A Metamorfose (1912, 1915)
A Sentença (1912, 1916)
Um relatório para a Academia (1917)
A preocupação de um pai de família (1917)
Contemplação: O foguista (1913)
Poseidon (1920)
Noites (1920)
Amerika (1910,1927)
Sonhos
Cartas a Milena
A Muralha da China (1917,1931)
Sobre a questão das leis (1920)
Primeiro sofrimento (1921)
Um artista da fome (1922)
Investigações de um cão (1922)
Uma pequena mulher (1923)
A Construção (1923)
Josefine, a cantora (1924)
O Povo dos Ratos (1924)
Kafka cinematográfico
The Trial - Orson Welles (1963)
The Castle - Rudolph Noelte (1968)
Informe para una academia - Carles Mira (1975)
The metamorphosis of Mr. Samsa - Caroline Leaf (1977)
Informe per a una acadèmia - Quim Masó (1989)
Kafka - Steven Soderbergh (1991)
Amerika - Vladimir Michalek (1994)
Das Schloss - Michael Haneke (1996)
La metamorfosis - Josefina Molina (1996)
The Trial - David Hugh Jones (1996)
Metamorfosis - Fran Estévez (2004)
Ligações externas
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Franz Kafka.O Wikimedia Commons possui multimídia sobre Franz KafkaMuseu Kafka em Praga
Kafka em Portugal: Obras de e sobre Kafka editadas em Portugal
Projeto Kafka (inglês)
Fotos dos manuscritos originais
Referências
Hamalian, Leo (Ed.). [1974]. Franz Kafka: A Collection of Criticism. Nova York: McGraw-Hill. ISBN 0-07-025702-7.
↑ Tóibín, Colm, Roaming the Greenwood artigo publicado em 21 de Janeiro de 1999 na London Review of Books, [1]
↑ Tiefenbrun, RuthA Moment of Torment, an Interpretation of Kafka's Short Stories, Carbondale: Southern Illinois University Press, 1973
↑ Woods, Gregory, A History of Gay Literature: The Male Tradition (1998), ensaio, Yale University Press, Londres, 456 pages, ISBN 0300072015» in http://saber.sapo.pt/wiki/Franz_Kafka
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Ora cá está um escritor que li na adolescência, aconselhado por um professor de filosofia, sim porque os professores são assim, gostam de partilhar saber, cujas reflexões se aplicam muito ao momento kafkiano que a humanidade vive. O egoísmo, o consumismo, a vontade de subir na vida a qualquer custo, a destruição do planeta pela poluição humana e a solidão que invade uma sociedade com muitos mais recursos comunicacionais...
Mais informações sobre este escritor notável no seguinte link:
http://www.vidaslusofonas.pt/franz_kafka.htm
Adoro Kafka!
ResponderEliminarE deixo aqui um extracto polémico, designado "O exame II":
"(...) Uma vez, quando vim aqui à taberna, o meu posto de observação já estava ocupado por outro freguês. Nem ousei olhar para lá, e já ia a dar meia volta para sair porta fora quando o freguês me acenou para me sentar ao lado dele. Vi que era também um criado que eu já tinha visto em qualquer lugar, mas sem nunca ter falado com ele. 'Por que é que ias a fugir? Senta-te aqui e bebe um copo. Hoje pago eu'. Ele fez-me algumas perguntas, mas eu não soube responder, nem sequer compreendi as perguntas. Por isso, disse: 'Talvez já estejas arrependido de me ter convidado. Acho melhor ir', e fiz menção de me levantar. Mas ele estendeu a mão até ao outro lado da mesa e obrigou-me a sentar. 'Fica', disse. 'Quis apenas examinar-te. Aquele que não responde às perguntas passou o exame.'
In Parábolas e Fragmentos.
Lindo, Elsa.
ResponderEliminarContinuo à espera que tu publiques o teu blogue. :)
Texto notável, Elsa!
ResponderEliminarObrigado por o partilhares comigo que tanto gosto deste escritor e vê-se nesse pequeno texto porquê!
Amiga Anabela:
ResponderEliminarSei que não és de desistências - o que muito admiro - mas a resposta continua a ser Não.
Amigo Helder:
Tens razão. O texto é belíssimo e a crítica, subjacente às respostas
"certinhas", "alinhadinhas",
padronizadas e unívocas, perfeita!
Oi,
ResponderEliminarPassando para convidar a passar em meu blog.. Lá tem notícias sobre os textos inéditos de Kafka
http://cartasaoavesso.blogspot.com
abraços
Bea
Gostei do seu blog!
Obrigado, Beatriz!
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