19/10/20

Desporto Ciclismo - Célio Apolinário, treinador que orientou João Almeida em cadetes e juniores, descreve o líder da Volta a Itália como alguém que sempre foi "muito focado" e que "nunca desiste".


«"O João Almeida sempre lutou até ao fim. Às vezes chegava à meta, com os pais à espera, e agarravam-no porque ele vinha mesmo exausto"

Célio Apolinário orientou o camisola rosa do Giro nos cadetes e nos juniores.

Célio Apolinário, treinador que orientou João Almeida em cadetes e juniores, descreve o líder da Volta a Itália como alguém que sempre foi "muito focado" e que "nunca desiste".

"O João sempre foi muito focado. Foi um evoluir natural, porque sempre 'voou' nos contrarrelógios, sempre rolou bem, e nas etapas de montanha nunca teve dificuldade nenhuma. (...) O João, quando cometia um erro, só o cometia uma vez. Era muito atento e gostava muito de aprender. E também era um excelente aluno", revela Apolinário, em entrevista à agência Lusa.

"Enquanto puder, vai lutar até ao último dia. Muito sinceramente, estou esperançoso e acredito que o João nos possa trazer o 'Giro'. Só se ele tiver um dia mau. (...) Vai vender cara [a vitória] ao [Wilco] Kelderman, que vai ter de suar muito", garante.

No domingo, ficou na retina uma imagem do ciclista luso de língua de fora, a percorrer vários quilómetros, a solo, da subida final atrás do holandês, que agora é segundo da geral, a 15 segundos, para acabar em quarto e manter-se na liderança.

"Foi sempre assim, sempre lutou até ao fim. Às vezes chegava à meta, com os pais à espera, e agarravam-no porque ele vinha mesmo exausto. Dava sempre tudo. Hoje, os profissionais fazem o trabalho deles e abrem para o lado. O João, a trabalhar para o Remco [Evenepoel, colega de equipa], dava tudo e depois ainda dava mais, para ver se chegava a um bom lugar para ele. Nunca desiste", explica.

Apolinário, que agora treina os juniores da Academia Joaquim Agostinho, ficou cativado pelo ciclista de A-Dos-Francos, nas Caldas da Rainha, quando este corria "na EcoSprint, das Caldas, uma equipa virada para o BTT". Numa das provas que fizeram na estrada, gostou de o ver, "tinha ele 14 anos".

"Noutra prova voltei a olhar para ele. Nem sequer andava ali na frente, mas era sempre muito 'raçudo', sem desistir. Disse 'epá, este miúdo é ciclista, tenho de o convidar'", conta.

Apolinário lembra ainda que o facto de João Almeida não ter "um pingo de maldade".

"Quando foi a primeira vez ao controlo antidoping, decidimos brincar com ele. Fui com ele, como treinador de um menor, e pisquei o olho à médica. Disse-lhe: 'ó João, olha que há novas regras no controlo'. 'Então, Célio?'. E eu: 'então, tu agora pegas no copo, metes o copo no chão, andas metro e meio para trás, e tens de acertar no copo'. Claro que o João ficou todo aflito, [a dizer] que não ia acertar e ia sujar o chão todo. Foi uma galhofa. Ele acreditou que era verdade. Ia tentar", conta, numa de muitas "brincadeiras" com o agora 'herói' no Giro.

A humildade, a dedicação, até o treinador ter de lhe "ralhar por treinar demais", levaram-no ao topo: "O João sempre foi assim, mesmo que a coisa corresse menos bem, não se passava nada. Sempre tranquilo, uma jóia de miúdo, sempre lutador, nunca por nunca o João teve uma má ação para comigo ou os colegas. Sempre um miúdo tranquilo, e é o que se vê hoje."» in https://desporto.sapo.pt/modalidades/ciclismo/artigos/o-joao-almeida-sempre-lutou-ate-ao-fim-as-vezes-chegava-a-meta-com-os-pais-a-espera-e-agarravam-no-porque-ele-vinha-mesmo-exausto

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