«"Diabo Ex Machina" surge em cena no “teatro dos sonhos”
Cristiano Ronaldo voltou a ser decisivo em Old Trafford com o golo da vitória. Expulsão de Nani alterou o rumo dos acontecimentos quando o Manchester United vencia por 1-0.
O Real Madrid venceu o Manchester United por 2-1, em jogo da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, e garantiu a passagem aos quartos-de-final da competição. Sergio Ramos abriu o marcador com um auto-golo mas Modric e Ronaldo viraram a eliminatória perante uma plateia incrédula com a expulsão de Nani.
Em muitas das tragédias gregas da antiguidade, em que os heróis tinham enredos aparentemente sem solução, era introduzido em palco uma personagem divina como último recurso para a resolução dos problemas. No regresso de Cristiano Ronaldo ao “teatro dos sonhos”, o Real Madrid procurava garantir o apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões em desvantagem, depois do empate no Santiago Bernabéu a 1-1.
E neste regresso do beatificado “diabo vermelho” em “anjo branco” (Cristiano jogou em Manchester de verde) houve elementos de tragédia, comédia e até redenção. Antes mesmo do apito inicial, Cristiano Ronaldo já era aplaudido de pé como um deus em palco enquanto as equipas entravam para o primeiro acto.
O Manchester United de Alex Ferguson apresentou algumas surpresas no onze titular com Wayne Rooney e Valencia a começarem o jogo no banco. Ryan Giggs assinalou o seu milésimo jogo oficial enquanto que Nani voltou a receber a confiança do técnico escocês. Do lado do Real Madrid, Mourinho apresentou a mesma equipa que venceu em Camp Nou com Higuaín a titular.
Sem grandes surpresas, o Manchester United entrou forte e determinado. Fiel ao seu estilo de jogo, a formação inglesa anulou por completo as peças chaves do tabuleiro de José Mourinho e só o poste da baliza de Diego López impediu o golo a Vidic aos 20 minutos. O Real Madrid ainda tentou reagir por intermédio de Higuaín mas o resultado manteve-se 0-0 até ao intervalo. Apesar do domínio de bola do Real Madrid (61%), e do equilíbrio em remates (8 para ambas equipas), o Manchester United mostrou-se ligeiramente superior à equipa espanhola.
No segundo tempo, os elementos da tragédia começaram a desenhar-se logo aos 48’ minutos. Sergio Ramos num lance infeliz faz auto-golo após uma jogada de insistência do ataque dos "red devils", com Nani a ganhar a Varane e a fazer o passe rasteiro que Welbeck desvia contra o central espanhol. Depois de ter sido herói no Santiago Bernabéu, o internacional espanhol voltava à personagem de vilão.
O jogo corria de feição à equipa de Alex Ferguson até que o árbitro do encontro decide expulsar Nani aos 56’ minutos o destino do encontro. O extremo português, com os olhos postos na bola, salta com o pé à frente e atinge Arbeloa, num lance que parece não ter havido intenção de agressão.
A jogar em vantagem numérica, José Mourinho decide lançar em jogo Modric para o lugar de Arbeloa. O médio croata garantiu ainda mais posse de bola e em menos de sete minutos empatou a eliminatória com um grande golo numa jogada iniciada por Sergio Ramos. O antigo jogador do Tottenham ganhou espaço, tirou Carrick do caminho, e num belíssimo remate colocado não deu hipótese de defesa a De Gea.
E com a eliminatória novamente empatada, o Real Madrid galvanizou-se perante o decorrer dos acontecimentos. Com o enredo cada vez mais complexo no “teatro dos sonhos”, Cristiano Ronaldo (muito apagado durante o jogo) decidiu descer à terra para servir de elemento “Deus ex machina” para resolver o jogo com um toque subtil. Aos 69’ minutos, Ozil de calcanhar lança Higuaín na área e este cruza rasteiro para o segundo poste onde Ronaldo, em esforço, consegue emendar para o fundo das redes.
Já com Wayne Rooney em campo, o Manchester United correu atrás do prejuízo apesar da consciência dos seus jogadores da tarefa hercúlea com que se deparavam. Era preciso marcar mais dois golos para seguir em frente mas os deuses do Olimpo aguentaram o Real Madrid na rota para os quartos-de-final. Indiscutível o peso da expulsão de Nani no desenrolar do resultado quando o Manchester vencia por 1-0.
Com este resultado, o Real Madrid segue em frente na Liga dos Campeões e mantém o sonho do décimo título da sua história. O Manchester United fica pelo caminho e com razões de queixas do destino decidido por um árbitro turco, de seu nome Cüneyt Çakir. Não fosse a insígnia FIFA, e os comuns dos mortais pensariam que a decisão de expulsar Nani poderia tratar-se de uma piada de mau gosto.» in http://desporto.sapo.pt/futebol/liga_dos_campeoes/artigo/2013/03/05/deus_ex_machina_surge_em_cena_no.html
(UCL Man 1-2 Real Madrid)
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