«Prova de fogo no Chipre. Teremos “líderes muito estúpidos”?
Resgate europeu levou à taxação dos depósitos e à consequente corrida massiva aos bancos. Economista João Salgueiro não percebe a medida: “Ou temos líderes muito estúpidos ou a medida tem de ser explicada na íntegra”.
A Europa acorda esta segunda-feira na expectativa de como vão reagir as pessoas e as bolsas ao que se passa no Chipre. Depois dos apelos à calma lançados pelos economistas e da corrida ao dinheiro do fim-de-semana, os partidos debatem agora os termos do plano de resgate numa reunião de emergência do Parlamento.
A contrapartida à ajuda de 10 mil milhões de euros da União Europeia foi um imposto aos depósitos bancários e é isso que vai ser votado. Depois de, no domingo à noite, o Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, ter garantido, numa mensagem ao país, que esta foi a opção menos dolorosa, vai ter de convencer os partidos.
É que nem os 20 deputados do seu próprio partido estão convencidos e alguns já avisaram que vão votar contra.
O chefe de Estado precisa que a legislação sobre o acordo seja ratificada antes da reabertura dos bancos, o que deve acontecer amanhã, uma vez que hoje é feriado no país, mas já se admite que fiquem fechados mais um dia.
Hoje, as transferências online estão bloqueadas e as caixas multibanco vazias.
Depois da indignação, os impostos sobre os depósitos bancários gerou desânimo, quando os cipriotas perceberam que parte do seu dinheiro – correspondente a uma taxa de 6,75 a 10% - já estava cativa nos bancos.
“Ou temos líderes muito estúpidos ou a medida vai ter de ser explicada”
O antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro, não compreende a medida de taxar os depósitos, pelo que considera que tem de ser muito bem explicada com muita clareza.
“Vamos ter de olhar com muita atenção para perceber a lógica disto, porque, visto à primeira, não tem muita lógica. O benefício que se obtém, mesmo que fosse tudo a 10% dos depósitos, não compensa o nervosismo das pessoas que vai gerar em ondas de choque. Por isso, ou temos líderes muito estúpidos ou a medida vai ter de ser explicada na sua integralidade”, defende, em declarações à Renascença.
Opinião diferente tem o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), Angel Gurria, que já veio dizer que a taxa imposta aos depósitos bancários é preferível aos "graves prejuízos" que os depositantes teriam em caso de colapso do sector financeiro cipriota.
Quanto a contaminações, o economista João Duque garante não haver razão para temer uma corrida aos bancos no resto da Europa ou em Portugal.
“Em Portugal, o sistema bancário não está em causa de modo directo com uma medida destas, por isso os portugueses devem ver com calma o que se passa em Chipre, porque para já não está em causa o nosso sistema”, sustenta.
Bolsas vão reagindo…
A bolsa de Tóquio foi a primeira a sofrer as ondas de choque provocadas pelo anúncio do resgate ao Chipre. O mercado nipónico fechou a perder 2,7%.
O pagamento de um imposto sobre os depósitos bancários apanhou de surpresa os cipriotas, que correram para as caixas multibanco para levantar o seu dinheiro, sem grande sucesso.
Aguarda-se a abertura das bolsas europeias.» in http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=26&did=100618
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De facto, a Europa nunca esteve tão mal entregue ao nível da sua liderança... líderes medíocres, que insistem sempre na mesma receita, que só adensa mais o grave problema que nos está a destruir...
(Chipre: A inútil corrida aos bancos)
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