"A Sul
Donzelas roxas poncítias desmaiam, mas basta do sol um ténue raio
e reanima-se a rua; se não tivéssemos bolsos as mãos despedaçavam-se;
saltitam avezinhas p’lo empedrado ensaiando uns tímidos devaneios;
gaivotas pairam voos altos, brancuras rompem entre neblina;
rafeiros vão perdidos em remanescente ruína, já antes noite petrificada;
salpicando relva, estremece uma límpida água musical, que purifica;
a negrilhos em fila prolongando a avenida parecem ascender
para os olhos sonhadores do poeta as folhas num amarelento matiz;
gotículas do orvalho à clara luz refervidas cristalizam lacrimosas;
aéreas flâmulas transmitem morse, vento, murmúrios libertários;
na nogueira o estorninho desfaz o bico em açúcar a pissitar;
caudalosa a fluir o alto júbilo a hora grita escancarada."
(Ângelo Ochôa "Sonhadas Palavras" - Livro V)
Ângelo Ochôa - "A Sul"
Amigo, esse poema 'a Sul' data, de ser surto, de 2, do Janeiro, do 2005, e foi inspirado por trajecto a pé entre Quarteira e Vilamoura, na manhãzinha desse dia, entre as 7 e as 9h.
ResponderEliminarComentário aposto há 18 minutos na sua página facebook, Helder Barros.
Abraço-o,
Ângelo
Vale, Amigo, Poeta, Ângelo Ochôa!
ResponderEliminar