28/04/11

Amarante Cinema - Cineclube apresenta no Cinema Teixeira de Pascoaes, "Cisne Negro", 6.ª Feira, dia 29, às 21H30M!

 


«Cinema Teixeira de Pascoaes


6ª Feira, dia 29 às 21: 30

Cisne Negro
Título original: Black Swan
De: Darren Aronofsky
Com: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Barbara Hershey, Winona Ryder
Género:Drama, Thriller
Classificação:M/16
EUA, 2010, Cores, 108 min
Estreia nacional: 03 de Fevereiro de 2011

5 Nomeações para os Óscares 2011

* MELHOR FILME
* MELHOR REALIZAÇÃO (Darren Aronofsky)
* MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL (Natalie Potman vencedora do Óscar)
* MELHOR FOTOGRAFIA
* MELHOR MONTAGEM

Nina (Natalie Portman) pertence à companhia de Ballet de Nova Iorque e praticamente todos os dias da sua vida foram dedicados à dança. Erica (Barbara Hershey), sua mãe, é uma ex-bailarina cuja única obsessão é ver a sua filha triunfar e que, por essa razão, controla todos os seus movimentos. Quando Thomas Leroy (Vincent Cassel), o director artístico da companhia, decide substituir a intérprete principal no imortal "O Lago dos Cisnes", de Tchaikovsky, Nina aparece como uma das escolhas mais prováveis. Mas Lily (Mila Kunis), uma outra jovem em ascensão, revela algumas características essenciais ao papel que faltam a Nina. Assim, à medida que as duas raparigas se tornam cada vez mais próximas, a doce Nina começa a revelar o seu lado mais negro... Realizado por Darren Aronofsky ("A Vida não é um Sonho", "O Último Capítulo" e "O Wrestler"), um thriller psicológico sobre a dicotomia entre o Bem e do Mal, latente na personalidade de todos os seres humanos. Depois da sua estreia na 67.ª edição do Festival de Cinema de Veneza, foi nomeado para cinco categorias na próxima edição dos Óscares, entre os quais melhores filme, actriz (Natalie Portman) e realizador (Darren Aronofsky). PÚBLICO



Do melodrama ao terror biológico passando pelo "slasher movie", o filme passa por tudo. Suspendamos a incredulidade perante essa metamorfose tão berrante com as aventuras "escapistas" de uma "pulp fiction"

Explica o mestre de ballet (Vincent Cassel), às tantas, que "O Lago dos Cisnes" conta a história de uma rapariga encerrada no corpo de um cisne que só o amor pode libertar; mas eis que aparece o Cisne Negro, que boicota a aproximação do Príncipe à rapariga encerrada no Cisne Branco, ela suicida-se e assim, finalmente, se liberta. Vincent Cassel está a falar menos do bailado do que do próprio filme de Aronofsky, e a coisa é igualmente literal, e óbvia, quando o mestre diz à sua bailarina (Natalie Portman): "go home and touch yourself". É o que ela faz, vai para casa masturbar-se.
"Cisne Negro" é menos a história de uma rivalidade em pontas, do que a vertigem da ponta sexual de uma reprimida, que se estatela, e assim se liberta, no seu labirinto. Aronofsky, nessa nova forma, encontrada com "O Wrestler", para estar junto do filme e das personagens, tão perto que as pode ir moldando, dando sucessivas formas ao "boneco" (em vez de, como acontecia em "O Último Capítulo", "A Vida não é um Sonho" ou "Pi", ficar a olhar para si próprio), arrisca, em pleno campo do "mainstream", com o óbvio, com o visceral e com o inverosímil - do melodrama ao terror biológico passando pelo "slasher movie", "O Cisne Negro" passa por tudo, e a nossa experiência de espectadores é essa, suspender a incredulidade e adeirir a essa metamorfose tão delirante e berrante com as aventuras "escapistas" de uma "pulp fiction".
É essa plasticidade, que parte do naturalismo para se esticar até aos terrenos da fábula, que faz a singularidade de "O Cisne Negro". E que torna o filme, para além das citações ou referências (Aronofsky assume toques de "Repulsa", de Polanski, ou de "A Mosca", do Cronenberg; e iríamos jurar que viu em Veneza 2008, no ano em que o seu "Wrestler" recebeu o Leão de Ouro, "L''Autre", de Patrick-Mario Bernard e Pierre Trividic, que também filmava Dominique Blanc em rota de colisão com a sua dupla), um parente nada afastado das incursões exibicionistas de Brian de Palma ao terror. Falamos do operático "O Fantasma do Paraíso" ("Cisne Negro" não tem medo de entrar pelo desvario de palco) e falamos de "Carrie" - a inquietante Barbara Hershey, mãe amorosa, castradora e assustadora, e Natalie Portman, a filha virginal, presa assustada capaz de passar a predadora, projectam-nos para a Piper Laurie e Sissy Spacek daquele filme, e até desejamos que Natalie crucifique Barbara com facas.
É isto e mais: a capacidade de investir um cenário, Nova Iorque - que entretanto se transformou em coisa transparente, à força de servir de décor -, de uma expressividade doentia. Como naqueles planos, breves e exteriores, fugaz imagem de uma casa assombrada e de assombros. Não há outro filme assim, que procede a experiências com o "grande público" a assistir em fundo, na lista dos títulos nomeados ao Óscar. Na verdade, não há muitos filmes assim no "mainstream" americano, e não é o tão seguro de si "A Rede Social" ou o paquidérmico "Inception" que fazem figura de excepção. Para além disso, e para continuarmos nos oscarizáveis, "Cisne Negro" não precisa de se escudar no programa de intenções liberais para filmar o sexo entre mulheres como o envergonhado e nada liberto (comparem-se as cenas...) "The Kids are All Right".

Vasco Câmara, Público

Há um ponto de partida - uma primeira bailarina perfeccionista mas neurótica a quem o director da companhia dá o papel principal do "Lago dos Cisnes". O ponto de chegada não é forçosamente o que se espera; o que Darren Aronofsky tira daqui não é o proverbial "filme de ballet", mas um thriller psicológico que sugere a claustrofobia de alguns Polanski e o virtuosismo dos melhores Brian de Palma antes de escorregar gradualmente, mas sem retorno possível, para um "giallo" estilizado (pensem Dario Argento, pensem Mario Bava, pensem, num registo mais derivativo, o "Shutter Island" de Scorsese).
É o encontro entre um realizador que sabe muito bem o que quer fazer - desenhar meticulosamente a desintegração progressiva de uma personagem confrontada com o momento da verdade para o qual se treinou a vida toda e com a violência das relações humanas - e uma actriz em estado de graça, Natalie Portman, que se atira de cabeça para um daqueles papéis que só aparecem uma vez na vida. É, provavelmente, o melhor e mais arrojado dos "filmes dos Óscares" do ano.
Jorge Mourinha, Público




"Black Swan" - (Official Trailler HD)


"El cisne negro" - trailer doblado -  (Black Swan) - 2010

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Elsa Cerqueira
Cineclube de Amarante


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