«A magia segue dentro de momentos
O melhor do Atlético foi Leo Franco e a pior equipa em campo foi a de arbitragem. Para já, não se fala mais em quem não merece. As linhas que se seguem são de elogio e carga francamente positiva. Servem para tentar explicar a magia azul que passeou por Madrid e eternizar a exibição de um F.C. Porto que teve tudo para regressar a casa com o triunfo na bagagem. A moral, todavia, segue em alta. O Dragão foi arrebatador. O empate a dois golos é um bom resultado numa eliminatória que envolve duas das 16 melhores equipas da Europa. No final da cimeira ibérica, todavia, fica o registo de uma tremenda injustiça. A equipa de Jesualdo Ferreira foi brilhante em largos períodos do encontro, dispôs de uma dezena de oportunidades claras de golo e deixou os adeptos espanhóis à beira de um ataque de nervos. É normal escutar tanto assobio aos colchoneros?Minuto 1. Hulk arranca pela primeira vez. Diabólico. Directo ao imprevisto. Senta o defesa, assiste Rodríguez. O tiro esbarra em Leo Franco. Madrid arrepiada ao primeiro sopro, sem perceber o que tinha pela frente. Numa tentativa tímida de intuição, Maxi Rodríguez abanou a rede de Helton. Como em incontáveis situações anteriores, o F.C. Porto tinha de recuperar de um infortúnio injustificado. Sina? Chamem-lhe o que quiserem. Azar, por exemplo. Serviu apenas para instigar as almas portistas e motivar ainda mais a fantástica massa adepta que ensaiou todo o tipo de cânticos de incentivo. O F.C. Porto tinha um plano de jogo claro e fiável. Era questão de insistir. Com Hulk a abrir brechas e Lisandro e Rodríguez a derrubar a estrutura alheia. E, com naturalidade, o empate não tardou muito, ainda que os juízos tenham feito questão de o adiar.Depois de ter iniciado uma estranha apetência para marcar tudo para um lado e pouco para outro, Howard Webb anulou o desvio de Lisandro, após cabeceamento de Bruno Alves. O defesa estava em jogo, o avançado atrasado em relação ao passe. Momento quase tão incompreensível como a irritante tendência para anular arrancadas de Hulk. Será que não gosta de bom futebol?
Em três minutos, todavia, Lisandro fez questão de repetir o que merecera: o festejo. Tiro de pé esquerdo, frontal, directo ao golo. Era o empate e o regresso à posição inicial, com o Dragão a respirar fundo e a acelerar. Em dois minutos, o corpo de Leo Franco parou os remates de Licha e Hulk, a fechar momentos de inspiração de Rodríguez e Raul Meireles. Tanto Porto em Madrid! A mistura de subtileza e pujança fervia em lume especialmente vivo. Só mesmo Howard Webb parecia não gostar, a ponto de considerar legal uma carga de Pablo Ibanez sobre Lisandro Lopez, que justificava livre perigoso e cartão vermelho. Apenas mais um pormenor…E com o intervalo à vista, nova oportunidade a centímetros das botas de Lisandro e Rodríguez e... vantagem para o Atlético. Em vez de goleados, os espanhóis regressaram ao balneário em posição de cimeira. Imerecida, naturalmente. Ressalve-se, enfim, a arte e a crença do Dragão. O desafio recomeçou com Lisandro a obrigar Leo Franco a brilhar e a falhar na pontaria após assistência da esquerda. Restava insistir. Com aquelas três mil almas na retaguarda e a comunhão de todos os Portistas do planeta, o golo surgiria. Por Licha, como parecia fadado, após um desenho que começou numa recuperação de bola de Fernando e passou pelos pés esquerdos de Hulk, Rodríguez e Cissokho. Magia, pois claro. E continua no Dragão, dentro de duas semanas.
FICHA DO JOGO
UEFA Champions League 2008/09 (oitavos-de-final, 1ª mão)
Estádio Vicente Calderón, em Madrid
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra)
Assistentes: Peter Kirkup e Michael Mullarkey
4º árbitro: Martin Atkinson
ATLÉTICO DE MADRID: Leo Franco; Seitaridis, Pablo Ibánez, Ujfalusi e António López; Maxi Rodríguez «cap.», Paulo Assunção, Raul García e Simão; Forlán e Aguero
Substituições: Aguero por Sinama Pongolle (55m), Raul García por Maniche (67m) e Maxi Rodríguez por Miguel (80m)
Não utilizados: Coupet, Pernía, Heitinga e Camacho
Treinador: Abel Resino
F.C. PORTO: Helton; Sapunaru, Rolando, Bruno Alves e Cissokho; Fernando, Lucho González «cap.» e Raul Meireles; Lisandro Lopez, Hulk e Rodríguez
Substituições: Sapunaru por Pedro Emanuel (79m), Lisandro Lopez por Sektioui (88m) e Raul Meireles por Tomás Costa (90m)
Não utilizados: Nuno, Stepanov, Mariano e Farías
Treinador: Jesualdo Ferreira
Ao intervalo: 2-1
Marcadores: Maxi Rodríguez (3m), Lisandro Lopez (22 e 72m) e Forlán (45m)
Disciplina: Cartão amarelo a Raul García (24m), Sapunaru (28m), Lisandro Lopez (60m) e Paulo Assunção (74m)
Imagens de um jogo em que o F.C. do Porto merecia vencer de forma clara!
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