«Justiça tardia, mas implacávelPecou apenas por tardia a justa sentença de um encontro que, pelo acerto de Farías, em duas ocasiões a caminho do apito final, conheceu os contornos congruentes com a acção desenvolvida por F.C. Porto e Rio Ave no relvado do Dragão. Quase cinquenta minutos antes do líder reclamar o que era seu por mérito próprio, outros lances soberanos poderiam ter dado à história da partida um enredo bem menos intrincado.
Se é a caminho do final que se encontra a medida ajustada à toada dominante do encontro da 18ª jornada da liga, a verdade é que a história do duelo entre os extremos do campeonato contou com diversas outras etapas capitais até ao seu desfecho na acção de Farías.
Dez minutos de voluntarismo constante, intenções manifestas e rapidez alucinante de processos lançaram a equipa de Jesualdo Ferreira para uma primeira metade sublime, de completa hegemonia e de total assalto à zona recuada da formação visitante. Ainda assim, as tentativas de Raul Meireles, desviada pelo poste, de Lucho, anulada por uma grande defesa de Paiva, e de Hulk, numa arrancada fenomenal que esbarrou na trave adversária, passaram todas, sem que se compreendesse bem como, sem deixar registo no marcador da partida.Só aos 36 minutos, depois do absoluto sufoco portista e da quase inexistência atacante vilacondense, chegou a vantagem azul e branca, claramente procurada e amplamente justificada, após uma falta de Gaspar sobre Farías, dentro da área do Rio Ave, que Lucho converteu em golo no pontapé de castigo máximo. Sem dar azo a qualquer reacção forasteira, foi de novo o Dragão a mostrar as garras, três minutos depois do sétimo golo do capitão portista no campeonato, desta vez com Mariano a responder sem hesitações ao canto cobrado por Raul Meireles, num cabeceamento com selo de golo que apenas para lá da linha foi travado pelo guarda-redes visitante, sem no entanto a respectiva alteração ter surtido efeitos no marcador.
O filme da partida, caprichosamente, não ficou decidido logo neste instante, prolongando o suspense para lá do reatamento, bem depois da igualdade alcançada pelos visitantes, aos 71 minutos, de um remate às malhas laterais de Raul Meireles, aos 73, ou até de um cabeceamento de Rodríguez ter errado o alvo por centímetros. Foi Farías quem encontrou o caminho da redenção azul e branca, a quatro minutos dos 90, protagonizando um lance em tudo idêntico ao de Mariano, 47 minutos antes, com um mesmo cabeceamento imparável que deixou Paiva sem resposta pronta. Desta vez o golo contou e, tardia mas implacável, a justiça devolveu ao Dragão o sorriso dos triunfos no campeonato, após três encontros de caminhos teimosamente desencontrados. Ao líder da liga não bastava, ainda assim, uma vantagem pela margem mínima, para que ficasse plenamente exposta a sua determinação em torno de mais uma etapa na caminhada interna. Um lance de perfeito entendimento colectivo, que passou, entre outros, por Hulk e Lisandro, chegou em condições únicas ao coração da área vilacondense, onde apareceu Farías para encostar a derradeira decisão do encontro às redes contrárias e obrigar o sempre obstinado marcador a assinalar a vitória portista, por números mais condizentes com o desempenho executado pelos Tricampeões.
Liga Portuguesa 2008/09 – 18ª Jornada
15 de Fevereiro de 2009
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 34.808 espectadores
Árbitro: Elmano Santos (AF Madeira)
Assistentes: Sérgio Serrão e José Oliveira
4º Árbitro: Augusto Costa
F.C. PORTO: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves e Cissokho; Fernando, Raul Meireles e Lucho «cap.»; Hulk, Farías e Mariano
Substituições: Fucile por Tomás Costa (46 min), Mariano por Rodríguez (58 min) e Cissokho por Lisandro (73 min)
Não utilizados: Nuno, Pedro Emanuel, Guarín e Tarik
Treinador: Jesualdo Ferreira
RIO AVE: Paiva; Miguel Lopes, Gaspar, Bruno Mendes e Rogério Matias; Niquinha «cap.», Delson, Livramento e Fábio Coentrão; Evandro e Yazalde
Substituições: Evandro por Candeias (46 min), Livramento por Tarantini (70 min) e Fábio Coentrão por Edson (77 min)
Não utilizados: Mora, André Vilas Boas, Chidi e Pedro Moutinho
Treinador: Carlos Brito
Ao intervalo: 1-0
Disciplina: cartão amarelo a Cissokho (5 min), Gaspar (35 min), Farías (39 min), Delson (46 min), Niquinha (53 min), Tomás Costa (60 min), Candeias (60 min), Fábio Coentrão (71 min) e Rogério Matias (87 min)
Marcadores: Lucho (36 min, g.p.), Fábio Coentrão (71 min) e Farías (86 e 89)» in site F.C. do Porto.
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