Igreja Românica de Santa Maria de Jazente!
«Abade de Jazente
Nome: Paulino António Cabral
Nascimento: 1719, Reguengo, Amarante
Morte: 1789
Escritor português, nasceu em Amarante, em 1719, tornando-se pároco de Jazente a partir de 1753, cargo ao qual resignou, por doença, em 1783. Estudou em Coimbra e foi uma das presenças da Arcádia Portuense que reuniria por finais de 1760. A sua vida repartiu-se entre esta, as festas conventuais e a solidão rústica. Como poeta, sobretudo sonetista, cantou os temas horacianos do amor epicurista e da dourada mediania rural. A obra legada fornece-nos preciosos depoimentos históricos e também por ela sabemos dos seus prazeres (a caça, a pesca, o jogo, a boa mesa); das suas fraquezas, do seu triste envelhecer, dos seus amores, pois revela-nos episódios concretos de um relacionamento com Nise (anagrama de Inês da Cunha). Os sonetos respeitantes a esta constituem o mais pungente drama de amor do século XVIII português. Além de poesia de circunstância, deixou textos de conteúdo moral e poesia de matiz romântica.
Bibliografia: Poesias, 1786-1787» in Infopédia.
«Paulino António Cabral- Poeta Paulino António Cabral, Abade de Jazente, nasceu na Quinta do Reguengo, na freguesia de S. Pedro da Lomba, a 6 de Maio de 1720, sendo conhecido pela sua poesia sarcástica, crítica da sociedade da época em que viveu. Filho de João Cabral Moreira e Ana Cerqueira Pereira, formou-se em Cánones pela Universidade de Coimbra, em 17 de Junho de 1741. Em 1752, foi nomeado abade da freguesia de Jazente, onde viveu 30 anos (até 1783) e donde lhe veio o nome de Abade de Jazente, pelo qual é, geralmente, conhecido. Morreu em 20 de Novembro de 1789, tendo sido sepultado na Igreja de S. Pedro, na cidade de Amarante, por ser irmão da confraria da invocação deste santo. De entre os seus escritos, saliente-se: "Romance hendecassylabo sobre o Terramoto fatal da cidade de Lisboa sucedido no primeiro de Novembro de 1755" (1760). "Poesias de Paulino Cabral de Vasconcelos - Abade de Jazente" (1786). Alguns dos sonetos de Paulino António Cabral são documentos interessantes para a história de Amarante, como os relativos à derrocada da sua ponte medieval, em 10 de Fevereiro de 1763.» in site C.M. Amarante.
Sonetos I
"Cagando estava a dama mais formosa,
E nunca se viu cu de tanta alvura;
Mas ver cagar, contudo a formosura
Mete nojo à vontade mais gulosa!
Ela a massa expulsou fedentinosa
Com algum custo, porque estava dura:
Uma carta de amores de alimpadura
Serviu àquela parte mal cheirosa:
Ora mandem à moça mais bonita
Um escrito de amor que, lisonjeiro,
Afetos move, corações incita:
Para o ir servir de reposteiro
À porta onde o fedor e a trampa habita,
Do sombrio palácio do alcatreiro!"
Soneto II
"Piolhos cria o cabelo mais dourado;
branca remela o olho mais vistoso;
pelo nariz do rosto mais formoso
o monco se divisa pendurado:
Pela boca do rosto mais corado
hálito sai, às vezes bem ascoroso;
a mais nevada mão é sempre forçoso
que de sua dona o cu tenha tocado;
Ao pé dele a melhor natura mora,
que deitando no mês podre gordura,
fétido mijo lança a qualquer hora:
Caga o cu mais alvo merda pura:
pois se é isto o que tanto se namora,
em ti mijo, em ti cago, oh formosura!"
NOTA: Soneto atribuído, quer a Bocage, quer ao Abade de Jazente. Daniel Pires. Edições Caixotim, 2004
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Afinal em Amarante também tivemos o nosso Bocage, o famoso Abade de Jazente! Confesso que já tinha ouvido falar bastante desta figura, mas só recentemente fui investigar a sua obra. Só posso dizer que o ilustre Escritor tinha uma pena bastante satírica e dada a um humor muito especial e que há data, deveria gerar muitos calafrios às donzelas e não só! É também um homem que nos deixou importantes referências históricas, em forma de poesia, a duas catástrofes que marcaram o seu tempo: o grande terramoto em Lisboa e a queda da Ponte medieval de Amarante, que foi substituída pela atual Ponte de São Gonçalo de Amarante; tornando-o também importante em termos históricos, o que me leva a tentar conhecer mais coisas sobre ele e toda a sua obra. Bravo Abade de Jazente, mais um Amarantino com pena ligeira e profícua!
Mais informações sobre o abade de Jazente em:
http://arlindo-correia.com/221207.html
Caro senhor.
ResponderEliminarNo texto sobre o Abade de Jazente onde se lê "Amor é um arder que se não sente;
É febre, que no peito faz secura;
É febre, que no peito faz secura;
É mal, que as forças tira de repente." deve ler-se
" Amor é um arder que se não sente;
É ferida que dói, e não tem cura;
É febre, que no peito faz secura;
É mal, que as forças tira de repente."
Aceite as minhas desculpas mas entendo que o devo alertar para esta falha.Aprovrito para o felicitar pois está um rabalho muito bem executado.
António Patricio
Muito Obrigado pela sua correcção, Amigo António Patrício!
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