29/01/08

Educação em Portugal - O bom senso deve imperar!


José Matias Alves

«A Realidade é quem mais ordena

Esta semana foi marcada por muitos factos relevantes. Mas queria aqui destacar dois: as tomadas de posição do Conselho das Escolas em relação à avaliação dos docentes e à gestão dos estabelecimentos de ensino e o recuo saudável da DGRHE (certamente por orientação superior) admitindo enfim que os Conselhos Pedagógicos só poderiam aprovar os instrumentos de registo de avaliação após as recomendações do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, como a lei impunha.
O primeiro facto veio demonstrar que o Conselho das Escolas auscultou realmente as pessoas dando voz ao que se passa nos complexos territórios que são hoje as escolas. E afirmou a sua lealdade aos eleitores não defraudando as expectativas, nem negando promessas eleitorais. E acima de tudo, defendendo a qualidade do ensino e das aprendizagens que estão a ser seriamente ameaçadas.
O segundo, embora possa colocar um problema jurídico, revela que a lei não se pode impor contra as realidades concretas, não tem o poder mágico de criar realidade. E é sensato admitir o erro e corrigi-lo.
É (parcialmente) certo que a realidade é o que pensamos dela. Mas corremos hoje o risco de um pensamento sem qualquer realidade. E quando isto acontece o divórcio é inevitável. As feridas insanáveis. E a melhoria da educação pode ficar comprometida.
A todos os meus leitores e colaboradores um muito obrigado por me terem acompanhado neste projecto único que dignificou a classe docente durante quase nove anos ininterruptos.» in Correio da Educação nº 323.
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Este artigo do Dr. José Matias Alves traz à coacção uma ideia que quanto a mim, se revela como incontornável, quer enquanto pessoa, quer como docente; o facto de assumirmos o erro é o primeiro passo para a construção do conhecimento e negar o erro é apenas adiarmos a frustração, de nos iludirmos com uma realidade falsa. Isto transportado para a obsessão da tutela, em aplicar a sua lei sem ouvir ninguém, num frenesim destemido, tem vindo paulatinamente a desacreditar os arautos do saber absoluto e indiscutível. Por isso me admiro que a Senhora Ministra da Educação não tenha sido remodelada, nesta operação relâmpago do Primeiro Ministro. É que aceitar que errou, não lhe ficava nada mal, até porque há um estigma que vai marcar a sua carreira política e a sua vida; a campanha que o seu Ministério lançou contra a dignidade da classe docente, o anátema que começou por nos lançar, antes de tudo o mais, não mais se apagarão de muitos que fazem do ensino a sua profissão de fé!

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