Se não fosse dramático para a classe docente em Portugal, isto até tinha piada, porque o Rui Zink retratou muitas coisas que se passam em muitas escolas, de forma brilhante!
«Professores são profissão em que portugueses mais confiam
Lusa 2008-01-25
Segundo uma sondagem mundial realizada para o Fórum Económico Mundial, os professores são a profissão em que os portugueses mais confiam e também aquela a quem confiariam mais poder no país.
Os professores merecem a confiança de 42% dos portugueses, muito acima dos 24% que confiam nos líderes militares e da polícia, dos 20% que dão a sua confiança aos jornalistas e dos 18% que acreditam nos líderes religiosos. Os políticos são os que menos têm a confiança dos portugueses, com apenas 7%.Relativamente à questão de quais as profissões a que dariam mais poder no seu país, os portugueses privilegiaram os professores (32%), os intelectuais (28%) e os dirigentes militares e policiais (21%), surgindo em último lugar, com 6%, as estrelas desportivas ou de cinema. A confiança dos portugueses por profissões não se afasta dos resultados médios para a Europa Ocidental, onde 44% dos inquiridos confiam nos professores, seguindo-se tal como em Portugal os líderes militares e policiais, com 26%.Os advogados, que em Portugal apenas têm a confiança de 14% dos inquiridos, vêm em terceiro lugar na Europa Ocidental, com um quarto dos europeus a darem-lhes a sua confiança, seguindo-se os jornalistas, que são confiáveis para 20%. Em ultimo lugar na confiança voltam a estar os políticos, com 10%. A nível mundial, os professores são igualmente os que merecem maior confiança, de 34% dos inquiridos, seguindo-se os líderes religiosos (27%) e os dirigentes militares e da polícia (18%). Uma vez mais, os políticos surgem na cauda, com apenas 8% dos 61.600 inquiridos pela Gallup, em 60 países, a darem-lhes a sua confiança. Os professores surgem na maioria das regiões como a profissão em que as pessoas mais confiam. Os docentes apenas perdem o primeiro lugar para os líderes religiosos em África, que têm a confiança de 70% dos inquiridos, bastante acima dos 48% dos professores, e para os responsáveis militares e policiais no Médio Oriente, que reúnem a preferência de 40%, à frente dos líderes religiosos (19%) e professores (18%). A Europa Ocidental daria mais poder preferencialmente aos intelectuais (30%) e professores (29%), enquanto a nível mundial voltam a predominar os professores (28%) e os intelectuais (25%), seguidos dos líderes religiosos (21%). A Gallup, que realizou esta sondagem mundial para o Fórum Económico Mundial (WEF),perguntou "em qual deste tipo de pessoas confia?", indicando como respostas possíveis políticos, líderes religiosos, líderes militares e policiais, dirigentes empresariais, jornalistas, advogados, professores e sindicalistas ou "nenhum destes", tendo esta última resposta sido escolhida por 28% dos portugueses, 26% dos europeus ocidentais e 30% no mundo. A Gallup questionou "a qual dos seguintes tipos de pessoas daria mais poder no seu país?", dando como opções políticos, líderes religiosos, líderes militares e policiais, dirigentes empresariais, estrelas desportivas, músicos, estrelas de cinema, intelectuais, advogados, professores, sindicalistas ou nenhum destes. A opção "nenhum destes" foi escolhida por 15% em Portugal, 19% na Europa Ocidental e 23% a nível internacional.» in Educare.pt
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Perante isto gostava de questionar os nossos ilustres governantes, que mais parecem (des)governantes, sobre algumas questões que considero muito actuais e relevantes:
1.º Será por ter consciência destes dados que a tutela na sua deriva economicista, optou por lançar uma campanha em larga escala, para denegrir a classe docente?
2.º Porque será que se avaliam professores com muitos anos de carreira, como se avalia um estagiário e não se faz o mesmo a um médico, a um juiz, a um enfermeiro, a um policia... não serão também eles funcionários públicos?
3.º Porque não se avaliam os gestores das escolas, em contexto de sala de aula, já que muitos há muito tempo não dão aulas, mas ainda são professores?
4.º Será que as pessoas confiam tanto nos professores, porque têm plena consciência do papel social, extremamente abrangente que um professor representa: professor, educador, psicólogo, amigo, confidente, e quantas vezes, até substituem o papel da família?
5.º Será que as muitas reformas e contrarreformas que o Ministério da Educação têm vindo a implementar sucessivamente, e pelos vistos sempre no mau sentido, não têm essas sim prejudicado a imagem da escola Pública?
6.º Quem tem alienado o Ensino Público e favorecido os interesses privados, serão os professores?
7.º Pedir rigor aos professores, será coerente com a pressão que as direções das escolas exercem com a classe docente, para ter sucesso a todo o custo?
8.º Porque será que um jovem professor hoje mal ganhe para comer, será para criar melhores condições de trabalho aos docentes, ou por motivos economicistas?
9.º Pretende-se melhorar as estatísticas da educação portuguesa, ou o processo de ensino/aprendizagem, nas nossas escolas?
10.º Será bom para a tão propalada estabilidade do ensino em Portugal, introduzir reformas radicais, a meio de um ano letivo? ...será que pensaram nos alunos?
11.º E isto de fazer tudo à pressa, criar leis, decretos, e pareceres do Conselho Científico de uma forma apressada, não terá a ver com o facto de haver eleições em 2009?
12.º E a gradual transferência de responsabilidades da gestão escolar, para as autarquias, não irá aumentar a tendência para crescer o nepotismo, e os job for de boys, conceito tão do agrado dos políticos portugueses?
13.º Já se esqueceram que segundo os relatórios existentes sobre a corrupção em Portugal, as autarquias são as fontes principais de corrupção e de nepotismo?
14.º Querem outra vez a figura do Sr. Diretor, será que é para ver alguns caírem das cadeiras como o de Santa Comba Dão, será?
15.º Os órgãos colegiais já não são gratos aos democratas, pois cada vez mais se preferem os órgão de decisão unipessoal, isto não será reaccionário?
- Se alguém tiver uma boa resposta a este conjunto de questões, agradeço que a expresse, até para ajudar a pacificar a classe docente; é que posso ser eu que estou a ver mal a coisa!
Partilho das tuas preocupações, Helder.
ResponderEliminarAs tuas perguntas foram muito bem colocadas mas eu não tenho resposta para elas. Ou melhor...pensando bem...
Ah, esqueci-me de te dizer que gostei muito deste estudo agora publicado. Chegou na hora certa. Estavamos a precisar.
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