Os fósseis de peixes e tartarugas encontrados na Dakota do Norte dão uma ideia da estação em que a colisão aconteceu e permitiram aos investigadores prever que podem ter havido mais extinções no hemisfério Norte do que no Sul.
É uma descoberta que nos pode ajudar a finalmente perceber por que é que na altura da colisão com o asteróide que dizimou os dinossauros, um quarto das espécies da Terra conseguiu sobreviver.
Há cerca de dois anos, o estudante de doutoramento Robert DePalma e a sua equipa anunciaram ao mundo que tinham descoberto um conjunto de fósseis de animais que, aparentemente, tinham morrido no dia exacto do impacto, escreve o IFLScience.
As provas iniciais eram promissoras, e os investigadores continuaram os estudos no local onde os fósseis foram encontrados, perto de Tanis, no estado norte-americano da Dakota do Norte.
DePalma é agora o autor principal de um estudo na Scientific Reports que relata que os peixes, tartarugas e dinossauros lá enterrados estavam na maior fase de crescimento quando o asteróide que criou a cratera de Chicxulub e matou os dinossauros chocou com a Terra. Ou seja, imediatamente antes do Inverno de vários anos que se seguiu à colisão, estava-se na Primavera.
Estas diferenças no timing do choque podem ter levado a diferentes consequências na extinção das espécies. No fim da era Cretácea, o sítio de Tanis estava perto da costa do Mar Interior Ocidental que na altura dividia a América do Norte.
Os fósseis lá encontrados parecem ter-se afogado nas seichas – ondas estacionárias que se desenvolvem em corpos hídricos confinados ou semi-confinados, como bacias portuárias, estuários, lagos ou baías – que foram criadas pelos terramotos que resultaram do impacto. Meros minutos depois, a área ficou submersa.
Muitos dos fósseis de peixes-remo e de esturjões encontrados no sítio são muito jovens e devem ter eclodido pouco tempo antes. Assumindo que os peixe de zonas temperadas na era Cretácea tinham os mesmos ciclos de reprodução que têm nos dias de hoje, a equipa concluiu que as suas mortes aconteceram na Primavera ou no início do Verão.
Para testarem esta teoria, os autores examinaram os ossos de peixes mais velhos, já que os esqueletos destes animais registam os seus anos de crescimento. “Uma camada escura de osso, que corresponde aos meses de Primavera e de Verão, surge com o aumento do consumo de comida e com o ritmo metabólico maior”, notam.
O oxigénio e os isótopos de carbono também variam consoante as estações. Os investigadores descobriram que os esqueletos dos peixes mais velhos em Tanis correspondiam com as estações mais quentes. As análises a plantas lenhosas e a insectos também apontam para a mesma conclusão.
Seria ainda mais provável que um desastre destes matasse mais espécies na Primavera. No final do Outono, muitas plantas já deixaram cair as sementes e estão prontas a brotar na Primavera seguinte.
Se os primeiros sinais de calor só surgiram uma década após a colisão, algumas dessas sementes podiam ainda ser viáveis e ter garantido a sobrevivência das espécies que se salvaram, incluindo os nossos antepassados.
Com esta nova descoberta, o estudo prevê também que tenham existido menos extinções no hemisfério Sul do que no Norte, mas esta hipótese exige ainda mais investigações para ser comprovada.
ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/altura-ano-asteroide-dinossauros-colidiu-450007
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