"HORAS ALTAS
Em horas mais altas que a lua,
Silêncios dum andar acordado,
Veste o céu, minha terra nua,
Envolta em nevoeiro cerrado.
Cobres de desejo Amarante,
Até que o sol te beije, Marão,
Toda a noite tua e amante,
Num frio manto de paixão.
Pássaros acordam a fantasia,
Há sombras que vêm e vão,
Em movimentos de arritmia,
É dia. (Des)animada pulsação.
Da torre, sinos dobram finados,
Máquina do tempo é o coração,
Sons de minutos desafinados,
Marcas de uma vida já não.
Pontes de incerta travessia,
Trajeto em estradas de desvio,
Desvario, e a dor da nostalgia,
Nas águas calmas do meu rio.
Saudades vagueiam por aí,
Madrugadas que decorei,
E as noites que não dormi,
Por acordar o que desejei.
Em horas mais baixas que o chão,
Aqui estou, já não há vivalma,
Abrigo esta chuva de emoção,
E com ela embalo a minha alma."
Eugénio Mourão
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