Procuradoria-Geral da República revela que além do ex-governante foram detidos o empresário Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna.
É a primeira vez na história da democracia portuguesa que um ex-primeiro-ministro (PM) é detido para interrogatório judicial. José Sócrates está no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa.
Outros três detidos nesta operação, que investiga suspeitas de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, também vão ser ouvidos no TIC.
A Procuradoria-Geral da República esclarece, em nota enviada às redacções este sábado, que no âmbito deste inquérito foram detidas mais três pessoas na quinta-feira (dia 20): O ex-administrador do grupo Lena, Carlos Santos Silva; o advogado Gonçalo Ferreira; e o motorista João Perna.
Uma lista que não se inclui o nome de Joaquim Castro, representante da multinacional farmacêutica Octapharma, cuja detenção chegou a ser dada como certa pela comunicação social.
A casa de José Sócrates em Lisboa estará a ser alvo de buscas, segundo a SIC. A estação garante que as autoridades estão a esta na habitação do ex-primeiro-ministro, na rua Brancaamp, em Lisboa.
O que está em causa?
A PGR esclarece que investigação é independente de outros inquéritos, como o “Monte Branco” ou “Furacão”, adiantando que teve origem numa comunicação bancária, “efectuada ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) em cumprimento da lei de prevenção e repressão de branqueamento de capitais".
"O inquérito, que investiga operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro sem justificação conhecida e legalmente admissível, encontra-se em segredo de justiça", lembra a PGR.
Mas segundo o “Expresso”, uma das causas da detenção pode estar relacionada com a casa avaliada em três milhões de euros onde o ex-primeiro-ministro residiu quando tirou um curso na capital francesa, depois de deixar o executivo: os investigadores querem saber de onde veio o dinheiro para comprar a habitação. Sócrates disse sempre que pediu um empréstimo ao banco para poder pagar o arrendamento do apartamento.
Uma fonte judicial confirmou que além da casa de Paris estão em causa "muitas outras coisas". Os actos de José Sócrates enquanto primeiro-ministro podem estar agora sob suspeita.
Já o “Sol” escreve que o antigo-governante teria fortuna de 20 milhões no banco suíço UBS, que trouxe para Portugal em 2010, quando liderava o Governo, ao abrigo do Regime Extraordinário de Regularização Tributária II.
RTP suspende espaço de comentário
A estação de televisão estatal suspendeu o espaço de comentário que José Sócrates tem aos domingos na RTP1, na sequência da sua detenção, e não irá ter "plano B", disse à agência Lusa do director de Informação.
Questionado sobre o que irá acontecer ao espaço de comentário após o Telejornal, José Manuel Portugal, disse: "Não há plano B e não vai haver".
O responsável adiantou que "por razões óbvias, o espaço [de comentário] está suspenso".
O ex-primeiro-ministro foi detido na sexta-feira à noite, quando chegava ao aeroporto de Lisboa proveniente de Paris. Foi levado para o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, onde passou a noite.
Sócrates, de 57 anos, esteve à frente do Governo entre 2005 e 2011 e definiu-se a si próprio como um social-democrata de centro-esquerda e um político “sanguíneo”.» in http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=169703
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