Gonçalo de Amarante, também conhecido como São Gonçalo de Amarante, eclesiástico português considerado beato pela Igreja Católica, gozando de grande devoção popular (que o considera "santo"), Faleceu a 10 de janeiro de 1262 tendo nascido em 1187 em Arriconha-Tagilde-Vizela.
Na imagem a capela de S. Gonçalo em Tagilde.
Cruzeiro de S. Gonçalo em Tagilde |
Nasceu Gonçalo de Amarante, da família dos Pereiras, no lugar de Arriconha, freguesia de Tagilde, concelho de Vizela. Em Arriconha não falta, desde tempos imemoriais, a capela dedicada a São Gonçalo.
Os seus pais eram pessoas de nobre linhagem e deram ao seu filho uma esmerada educação cristã não só pela palavra como, sobretudo, pelos exemplos das suas virtudes cristãs.
Reza a história que S. Gonçalo foi pároco em S. Paio de Vizela, outra das freguesias do novel concelho.
Em S. Paio e Tagilde há grande devoção a este beato santo realizando-se diversas festividades, dsitribuindo-se por estes dias tremoços e vinho de S. Gonçalo.
O SACERDOTE
Imagem de S. Gonçalo em S. Paio de Vizela |
No desempenho do seu múnus pastoral começou a brilhar na prática das virtudes, sobressaindo no zelo apostólico, na castidade e na prática das obras de misericórdia para com os pobres, gastando a maior parte dos rendimentos da paróquia em aliviar as suas necessidades materiais, sem esquecer as necessidades espirituais do seu rebanho, prodigalizando a todos amor e consolação.
Alimentava, no seu coração, um desejo ardente de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os lugares santos da Palestina a fim de melhor viver as mistérios cristãos. Obtida a licença do seu bispo, deixou os seus paroquianos ao cuidado dum sobrinho sacerdote e peregrinou: primeiro, a Roma, donde passou a Jerusalém e demais terras da Palestina, onde se demorou catorze anos. Entretanto, começou a sentir certo remorso por tão longo abandono da sua paróquia, avivaram-se as saudades da pátria e dos seus filhos espirituais e veio-lhe, ao íntimo, o pressentimento dos males espirituais de que padeciam, provocados por tão longa ausência e possível falta de zelo de seu sobrinho. Foram motivos mais que suficientes para regressar, apesar dos inumeráveis incómodos e perigos que a viagem supunha.
Regressa da Terra Santa
O seu sobrinho, além de o não aceitar e não reconhecer como verdadeiro e legítimo pároco, escorraçou-o de casa e conseguiu, mediante documentos falsos, provar ao arcebispo D. Silvestre Godinho que Gonçalo morrera e ser nomeado pároco da freguesia.
Resignado com semelhante atitude, deixou S. Paio de Riba-Vizela e foi-se pregando o Evangelho por aquelas terras até à margem do Rio Tâmega, vindo a encontrar o lugar onde hoje é a cidade de Amarante, então sítio inculto e quase despovoado, mas apto para a vida eremítica. Construiu uma pequena ermida que dedicou a Nossa Senhora da Assunção, nela se recolheu, saindo, de vez em quando, a pregar nos arredores e consagrando o tempo que lhe sobrava à oração e à penitência.
Sentia, no entanto, necessidade de encontrar um caminho mais seguro em ordem a alcançar a glória eterna. Jejuou uma Quaresma inteira a pão e água e suplicou fervorosamente a Nossa Senhora lhe alcançasse do Senhor esta graça. Diz-se que a Virgem Maria lhe apareceu e lhe disse procurasse a ordem em que iniciavam o seu Ofício com a Saudação angélica ou Ave-Maria. Essa Ordem era a dos Pregadores ou Dominicanos.
Encaminhou-se para o Convento de Guimarães da Ordem dos Pregadores, recentemente fundado por São Pedro González Telmo, grande apóstolo da região de Entre Douro e Minho, o qual lhe deu o hábito e, uma vez feito o noviciado, ao modo daquele tempo, o admitiu à profissão religiosa e, depois de algum tempo lhe deu licença para, com um outro religioso, voltar para o seu eremitério de Amarante, continuando a sua vida evangélica e caritativa.
Com o seu ministério operou muitas conversões, levou o povo à prática duma autêntica vida cristã, sem esquecer de os promover socialmente em muitos aspectos. Sobressai neste particular a construção de uma ponte em granito sobre o rio Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras circunvizinhas e levando os moradores mais abastados a darem ajuda vultosa para assim pagarem aos operários.
O povo atribui-lhe muitos milagres, mesmo de ordem material, desde o começo até terminar a construção da referida ponte.
Concluída a ponte, S. Gonçalo viveu ainda alguns anos dedicado à pregação e à vida de oração, enriquecendo-se de virtudes e merecimentos. Reza a tradição que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua santa morte para a qual se preparou com a recepção dos Sacramentos da Igreja. Descansou santamente no Senhor, a 10 de Janeiro de 1262. O seu venerado corpo, após a celebração das solenes exéquias por sua alma, foi sepultado na referida ermida, continuando a efectuar-se muitos milagres, atribuídos à sua intercessão.
Mais tarde, a ermida primitiva construída por São Gonçalo foi ampliada em igreja. Sobre esta, em 1540, D. João III mandou erguer o sumptuoso templo e convento que ainda hoje existem e que são monumento histórico da cidade de Amarante de que S. Gonçalo pode muito bem ser considerado segundo fundador.
Efectuaram-se três Processos canónicos em ordem à beatificação e canonização de São Gonçalo, o último dos quais foi levado a cabo por D. Rodrigo Pinheiro, bispo do Porto, por comissão do Papa Pio IV (1561). A instâncias de EI-Rei D. Sebastião, do Arcebispo de Braga, da Ordem dos Pregadores, do Cardeal D. Henrique e da população de Amarante, a sentença de beatificação foi promulgada a 16 de Setembro de 1561 pelo representante da Sé Apostólica, confirmando-se a concessão de lhe tributar culto público permitido antes pelo Papa Júlio III (1551).
Mais tarde, o Papa Clemente X, em 10 de Julho de 1671, estendeu a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o reino de Portugal a concessão de honrarem este glorioso santo, um dos santos mais populares de Norte a Sul do País, especialmente no Norte, com missa e ofício litúrgicos próprios. O seu culto espalhou-se pelos domínios ultramarinos de Portugal, chegando à Índia e ao Brasil, como o confirma um longo e engenhoso sermão do Padre António Vieira sobre S. Gonçalo. É celebrado a 10 de Janeiro.
Tornou-se o santo patrono da cidade de Amarante, onde faleceu, e ainda das cidades de "São Gonçalo do Amarante" nos estados brasileiros do Rio Grande do Norte e do Ceará (nessas cidades homónimas também o padroeiro permaneceu idêntico).
É, no entanto, importante salientar que Gonçalo de Amarante, apesar de chamado santo pelo povo, na verdade é apenas Beato, porque o processo de canonização nunca foi levado a bom termo, ao contrário da sua beatificação. Deste modo, a forma correcta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante, o que é atestado pelos calendários litúrgicos portugueses.
Devoção popular
Os moradores do Bairro da Beira Mar, na freguesia da Vera Cruz, em Aveiro, tratam, carinhosamente, São Gonçalo de Amarante por São Gonçalinho. A capela existente neste bairro aveirense em honra deste santo é conhecida como Capela de São Gonçalinho. Em Ibituruna acontece, no último fim de semana de janeiro, a festa em honra a São Gonçalo, com a tradicional Congada e Folia de São Gonçalo.
Em várias cidades do Brasil, como São Gonçalo (no Rio de Janeiro), Itapissuma em Pernambuco, Cajari, Matinha e Viana, no Maranhão, e Cuiabá, em Mato Grosso, também festejam com devoção São Gonçalo de Amarante, com uma dança folclórica, o Baile de São Gonçalo.
FONTE WIKIPÉDIA» in http://www.digitaldevizela.com/2014/01/hoje-evoca-se-o-beato-santo-que-nasceu.html
(Júlio Pereira São Gonçalo de Amarante)
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