«Conforlimpa usava indigentes em empresas de fachada
O Ministério Público acusa Armando Cardoso e a sua filha, presidente e directora executiva da Conforlimpa – um dos maiores grupos nacionais de limpezas industriais – de terem defraudado o Estado nos últimos oito anos em mais de 42 milhões de euros em IVA. Para isso, recorriam a desempregados e a indigentes, alguns estrangeiros, colocados como administradores de firmas do grupo, que emitiam facturas falsas.
Segundo a acusação deduzida esta semana pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, Armando Cardoso, apoiado pela filha Andreia Cardoso, bem como pelo economista Germinal Vargas Rodrigo e pelo contabilista José Júlio dos Reis Peixinho, terá engendrado, em Janeiro de 2004, um «esquema fraudulento, labiríntico e sofisticado».
«Com base na criação de empresas fictícias, montando múltiplas operações comerciais e com facturação forjada para contabilização de custos inexistentes e dedução indevida de IVA», os arguidos terão arrecadado indevidamente, até 2012, um total de €42.351.690,00 – segundo concluiu a investigação da Administração Tributária e Aduaneira. Os arguidos são acusados de crimes de associação criminosa e de fraude fiscal qualificada.
O esquema, ainda segundo o DIAP, passava «pela colocação como sócios e gerentes nessas empresas pessoas sem qualquer formação e experiência na área empresarial, com parcos recursos financeiros e que nunca exerceram de facto qualquer actividade como gerentes dessas sociedades».
Um serralheiro, um pintor e um empregado de mesa
Entre estes ‘homens de palha’ estão um serralheiro sem actividade desde 2002 e actualmente a residir no Brasil, um empregado de mesa e contador de gás, um pintor da construção civil e um cidadão de nacionalidade brasileira que nunca terá sequer trabalhado em Portugal.
Armando Cardoso e a filha, «sabendo que tais facturas eram forjadas, utilizaram-nas inserindo-as na contabilidade das empresas, com vista a obterem benefícios económicos indevidos em sede de IVA, designadamente a contabilização de custos de actividade que não existiram e a dedução de IVA não pago, à custa da defraudação do património do Estado» – refere a acusação.
O empresário, de 62 anos, encontra-se em prisão domiciliária com pulseira electrónica, numa das suas residências, em Santarém. Foi o primeiro arguido preso preventivamente por crimes de fraude fiscal, sendo a Conforlimpa actualmente gerida pela filha, Andreia Cardoso, de 32 anos. O MP acusa ainda sete empresas do grupo: a Conforlimpa Tejo - Multiserviços, a Number One, a SRHGP, a EGPRH, a Sprageste, a Supleogeste e a Planurageste. Têm sedes em Lisboa, no Porto e em Vila Franca de Xira.
Armando Cardoso já tem cadastro por crimes de abuso de confiança fiscal, tendo sido condenado três vezes, em Santarém e no Funchal. Em duas destas condenações ficou com as penas de prisão suspensas, ambas por três anos, que agora poderão acumular-se no caso de nova condenação.
Com cerca de 25 anos de existência, a Conforlimpa tem entre os seus principais clientes o sector empresarial do Estado e hospitais, centros de saúde, tribunais e instalações policiais.
Contactados pelo SOL, os advogados Artur Marques e Paula Godinho, defensores de Armando Cardoso e da filha, adiantaram apenas que irão requerer a abertura da instrução.
online@sol.pt» in http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=68330
(Andreia Cardoso, Um Caso de Sucesso)
(Grupo Conforlimpa sopra vinte e uma velas)
CONFORLIMPA (TEJO) LAVANDARIA)
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