«Estudo: Domesticação do cão deu vantagens ao Homem moderno sobre os Neandertais
Uma investigação recentemente publicada na revista American Scientist sugere que aquele que é considerado "o melhor amigo do Homem" era usado, no Paleolítico não só como auxiliar na caça mas também para o transporte de carcaças de animais mortos, permitindo aos humanos modernos dirigir a sua energia para outras atividades importantes como recoleção e a reprodução. A comunicação através do olhar terá sido fulcral no fortalecimento da parceria Homem-cão.
A antropóloga americana americana Pat Shipman, apresenta no número de maio-junho da revista American Scientist a sua “teoria” sobre a causa da extinção dos Neandertais na Europa 10 mil anos após a chegada dos humanos modernos provenientes de África.
Atualmente, existem várias teorias: umas defendem que o Homem moderno superou competitivamente o Homem de Neandertal, quer tenha sido através da sua capacidade de cooperação ou da avançada tecnologia; outras atribuem a responsabilidade pelo desaparecimento desta espécie de Hominídeo às Alterações Climáticas e em particular, ao aquecimento que tornou as paisagens mais áridas e o alimento, de que a espécie necessitava em grandes quantidades devido aos seus elevados requisitos energéticos, mais difícil de encontrar.
Um das teorias que identifica a coexistência com o Homem moderno como motivo do declínio que levou à extinção dos Neandertais defende a simples proliferação das suas populações levou a um domínio numérico que foi decisivo.
Agora, Pat Shipman desenvolve essa teoria introduzindo na equação um novo elemento – a domesticação do cão. Segundo esta antropóloga, o sucesso e proliferação do Homem moderno estão intimamente relacionados com o fenómeno da domesticação do cão.
Com efeito, a investigadora defende que o cão se terá tornado um aliado precioso do Homem, não só auxiliando na caça mas também no transporte das carcaças de animais mortos – os cães da altura eram animais corpulentos com um peso de mais de 30 kg e uma altura de mais de 60 cm - permitindo aos humanos modernos concentrar os seus esforços e energia noutras atividades importantes como a recoleção e a reprodução.
Dado este seu importante papel, Pat Shipman defende que o cão seria encarado como um parceiro vital, sendo alvo de “adoração” por parte dos humanos modernos, como revelam escavações arqueológicas como a de Predmnotí (República Checa), datando de há 27 mil anos, onde foram encontrados esqueletos de canídeos e simultaneamente dentes de cão perfurados, que seriam usados como ornamento.
Mas a investigadora americana vai mais longe e sugere que cooperação do Homem moderno com o cão, fomentou a aquisição de uma característica que distingue os humanos dos seus parentes, os primatas não humanos – a notória clara, que corresponde à parte branca, do olho.
Trata-se de uma característica que seria, à partida, desvantajosa se o Homem caçasse individualmente pois denunciaria a sua posição num meio envolvente escuro, como é a floresta.
No entanto, esta característica torna os olhos especialmente expressivos, por permitir seguir o movimento do olho algo que facilita a comunicação essencial para que possa haver cooperação (“hipótese do olho cooperativo”) não só entre os humanos mas também com os cães, que provaram ser tão eficientes como crianças humanas na manutenção do contacto ocular e no acompanhamento da movimentação do olhar.
Deste modo, é defendido que a parceria com o cão e evolução conjunta que tornou o Homem e o seu “melhor amigo” cada vez mais cúmplices, terá sido a fórmula do sucesso do Homem moderno e a sua grande vantagem na competição com os Neandertais.
Aceda ao artigo publicado na revista American Scientist aqui» in www.theatlantic.com e www.americanscientist.org
(Homenagem aos anjos de quatro patas)
Sem comentários:
Enviar um comentário