«Marta Pessoa: “A Guerra Colonial ainda anda aí”
“Quem Vai à Guerra” é o novo documentário da realizadora Marta Pessoa e trata um lado “invisível” da Guerra Colonial, o das mulheres que, de alguma forma, participaram no conflito. Depois da rodagem, Marta Pessoa assegura: a guerra “ainda anda aí”.
Após ter filmado a "prisão" dos idosos lisboetas em “Lisboa Domiciliária”, a cineasta virou-se para as mulheres da Guerra Colonial…
As que ficaram à espera dos maridos ou dos namorados, as que os acompanharam, as enfermeiras pára-quedistas, as que ficaram viúvas. Era o lado delas que Marta queria recordar e era o balanço das suas vidas que queria fazer hoje, precisamente no ano em que se assinalam cinco décadas desde do início da batalha.
“Muita coisa ainda estava para ser resolvida, discutida, mostrada”, explicou a realizadora, que depois da sua experiência na rodagem do filme diz, sem qualquer dúvida, que “a guerra ainda não acabou, a Guerra Colonial ainda anda aí. Não se fez o luto, não se fez a catarse”.
O filme está neste momento na mesa de montagem depois de uma rodagem dura e demorada que foi ao encontro de cerca de 20 mulheres, o “número mínimo», diz a realizadora, já que “para ser justa seriam milhares”.
Para Marta, “Quem Vai à Guerra” retoma o tema da “invisibilidade” para que “Lisboa Domiciliária” já olhava. Depois deste, a realizadora já tem planos para um filme que complete a sua trilogia neste tema. Embora não levante demasiado a cortina, assegura: “já anda aí outro [documentário] com pessoas que não são muito visíveis”.» @Inês Gens Mendes
Marta Pessoa: “A Guerra Colonial ainda anda aí”
Foto de mais uma morte em Angola no início da Guerra colonial 1961-1963!
Álbum de fotografias, do ex-combatente, António de Jesus Teixeira Catão, meu sogro, com muitas imagens do inicio da terrível Guerra Colonial Portuguesa em Angola (1961-1963).
Após ter filmado a "prisão" dos idosos lisboetas em “Lisboa Domiciliária”, a cineasta virou-se para as mulheres da Guerra Colonial…
As que ficaram à espera dos maridos ou dos namorados, as que os acompanharam, as enfermeiras pára-quedistas, as que ficaram viúvas. Era o lado delas que Marta queria recordar e era o balanço das suas vidas que queria fazer hoje, precisamente no ano em que se assinalam cinco décadas desde do início da batalha.
“Muita coisa ainda estava para ser resolvida, discutida, mostrada”, explicou a realizadora, que depois da sua experiência na rodagem do filme diz, sem qualquer dúvida, que “a guerra ainda não acabou, a Guerra Colonial ainda anda aí. Não se fez o luto, não se fez a catarse”.
O filme está neste momento na mesa de montagem depois de uma rodagem dura e demorada que foi ao encontro de cerca de 20 mulheres, o “número mínimo», diz a realizadora, já que “para ser justa seriam milhares”.
Para Marta, “Quem Vai à Guerra” retoma o tema da “invisibilidade” para que “Lisboa Domiciliária” já olhava. Depois deste, a realizadora já tem planos para um filme que complete a sua trilogia neste tema. Embora não levante demasiado a cortina, assegura: “já anda aí outro [documentário] com pessoas que não são muito visíveis”.» @Inês Gens Mendes
Marta Pessoa: “A Guerra Colonial ainda anda aí”
«Poesia sobre Guerra Colonial é um imenso “património de sofrimento”
Durante a Guerra Colonial houve uma “imensa produção poética”. Os poemas produzidos sobre o tema estão a ser estudados por investigadores do Centro de Estudos Sociais (CES) de Coimbra no projecto “Poesia da Guerra Colonial”.
Lobo Antunes, Fernando Assis Pacheco ou Manuel Alegre são alguns dos autores que escreveram sobre a Guerra do Ultramar. Mas entre o espólio que está a ser reunido pelos investigadores do CES encontram-se também poemas escritos por militares, filhos e mulheres de ex-combatentes.
“Perante uma guerra sem nome, houve uma imensa produção poética de vários níveis”, explica ao SAPO Roberto Vecchi, investigador do CES. O projecto pretende criar um “património poético”. “O acervo cria aquilo que nós chamamos de um património de sofrimento da guerra”, nota o investigador.
Durante o estudo foram encontrados “um número altíssimo de poemas, de valor estético diferente e de histórias diferentes” que juntos formam uma memória “de um momento autobiográfico marcado por experiências novas, traumáticas ou não traumáticas”, conta.
“O estudo da poesia da guerra colonial consegue catalogar e mostrar para a sociedade que foi profunda esta experiência, que deixou muitos rastos e que a poesia é um depósito para estes rastos”, afirma Roberto Vecchi que também participa no projecto “Os Filhos da Guerra Colonial”.
O resultado mais visível deste projecto será uma antologia poética sobre a Guerra, a ser publicada ainda este ano.
CRÉDITOS: Os investigadores do projecto seleccionaram alguns poemas sobre a Guerra Colonial que podem ser ouvidos no vídeo. Os poemas são da autoria de Manuel Geraldo ("10 Farpas no medo", edições Plexo, 1973, p 27-28), Fiama Hasse Pais Brandão ("Obra Breve", 1991-Lisboa, Editorial Teorema Ldª., p. 25, 26), Fernando Assis Pacheco ("Musa Irregular", Lisboa: Assírio e Alvim, 2006, p 40) e António Teixeira Mota ("Luta Incessante", Espinho: Elefante Editores, 2005, p. 66). As fotografias do vídeo foram retiradas do site Imagem Digital, organizado por ex-combatentes.» @Alice Barcellos
Lobo Antunes, Fernando Assis Pacheco ou Manuel Alegre são alguns dos autores que escreveram sobre a Guerra do Ultramar. Mas entre o espólio que está a ser reunido pelos investigadores do CES encontram-se também poemas escritos por militares, filhos e mulheres de ex-combatentes.
“Perante uma guerra sem nome, houve uma imensa produção poética de vários níveis”, explica ao SAPO Roberto Vecchi, investigador do CES. O projecto pretende criar um “património poético”. “O acervo cria aquilo que nós chamamos de um património de sofrimento da guerra”, nota o investigador.
Durante o estudo foram encontrados “um número altíssimo de poemas, de valor estético diferente e de histórias diferentes” que juntos formam uma memória “de um momento autobiográfico marcado por experiências novas, traumáticas ou não traumáticas”, conta.
“O estudo da poesia da guerra colonial consegue catalogar e mostrar para a sociedade que foi profunda esta experiência, que deixou muitos rastos e que a poesia é um depósito para estes rastos”, afirma Roberto Vecchi que também participa no projecto “Os Filhos da Guerra Colonial”.
O resultado mais visível deste projecto será uma antologia poética sobre a Guerra, a ser publicada ainda este ano.
CRÉDITOS: Os investigadores do projecto seleccionaram alguns poemas sobre a Guerra Colonial que podem ser ouvidos no vídeo. Os poemas são da autoria de Manuel Geraldo ("10 Farpas no medo", edições Plexo, 1973, p 27-28), Fiama Hasse Pais Brandão ("Obra Breve", 1991-Lisboa, Editorial Teorema Ldª., p. 25, 26), Fernando Assis Pacheco ("Musa Irregular", Lisboa: Assírio e Alvim, 2006, p 40) e António Teixeira Mota ("Luta Incessante", Espinho: Elefante Editores, 2005, p. 66). As fotografias do vídeo foram retiradas do site Imagem Digital, organizado por ex-combatentes.» @Alice Barcellos
"Poesia da Guerra Colonial"
"No chão caído – ensanguentado.
Sonhos desfeitos – riso suspenso.
Nas mãos abertas havia mais
que o gesto de implorar.
Se era esperança,
se era vida,
a morte veio
lenta, furtiva,
abrir as portas
de par em par.
Olhos abertos – fitando o céu.
Cabelo loiro – a esvoaçar.
Nunca ninguém saberá que mais havia
além do seu olhar."
(Silva, João Mattos e (1972), Tempo de Mar Ausente. Lisboa: Editorial Mocidade, p. 34.)
"No chão caído – ensanguentado.
Sonhos desfeitos – riso suspenso.
Nas mãos abertas havia mais
que o gesto de implorar.
Se era esperança,
se era vida,
a morte veio
lenta, furtiva,
abrir as portas
de par em par.
Olhos abertos – fitando o céu.
Cabelo loiro – a esvoaçar.
Nunca ninguém saberá que mais havia
além do seu olhar."
(Silva, João Mattos e (1972), Tempo de Mar Ausente. Lisboa: Editorial Mocidade, p. 34.)
Foto de mais uma morte em Angola no início da Guerra colonial 1961-1963!
Álbum de fotografias, do ex-combatente, António de Jesus Teixeira Catão, meu sogro, com muitas imagens do inicio da terrível Guerra Colonial Portuguesa em Angola (1961-1963).
Aliança - "Aquele Inverno"
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