«"O ensino diferenciado devia ser uma opção de escolha"
12 de Fevereiro de 2011, 19:48
O professor e investigador norte-americano David Chadwell esteve este sábado no Porto num seminário sobre educação diferenciada. Para David Chadwell o ensino diferenciado deve começar a ser levado a sério pelos governos e pela sociedade em geral, como forma de combater as elevadas taxas de insucesso escolar, sobretudo entre os rapazes.
O coordenador do Departamento de Educação do Estado da Carolina do Sul, nos EUA, para o Desenvolvimento das Escolas Públicas de Educação Diferenciada, esteve este sábado presente no Seminário "Saber Educar Rapazes e Raparigas" que tinha como objectivo aprofundar junto dos pais o tema da educação diferenciada (educação baseada no género, isto é, escolas para rapazes e para raparigas).
O professor salientou a importância da educação diferenciada de forma a maximizar o sucesso escolar numa turma e/ou escola. "Este tipo de educação permite aos alunos focarem-se apenas na educação. Não quer dizer que eles não estejam com o sexo oposto, depois das aula, por exemplo, e toda a gente sabe que os jovens têm sempre tempo para fazer o que quer que seja", disse David provocando o riso no auditório da Fundação Cupertino de Miranda.
O professor alertou também para a fraca mobilização das sociedades e dos governos em torno deste modelo de educação, cujo caso português não é exceção. "Os governos e as escolas têm de começar a questionar e a estudar o impacto da educação diferenciada", afirmou.
David Chadwell apresentou aos pais e professores um modelo de ensino baseado no género. Tem como palavras-chave: "Estrutura" (no caso dos rapazes) e "Laços" (no caso das raparigas).
"As raparigas são mais descritivas, ligam primeiro ao tom, e só depois ao que é dito propriamente. As mulheres precisam de criar laços com os professores, as colegas, precisam de um contexto, de uma ligação com o mundo real. Os rapazes, são mais imediatos, fazem primeiro e só depois ouvem, são mais objetivos", explicou.
Na ótica do investigador, não faz sentido generalizarmos o termo "todas as raparigas" ou "todos os rapazes", mas o que é certo é que "há uma tendência, uma frequência de comportamentos para cada um dos casos, o que não quer dizer que haja raparigas mais objetivas ou rapazes mais emotivos", exemplificou.
Citando um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) de 2008, Chadwell demonstrou que a realidade nos EUA e Portugal no que toca ao fosso entre as taxas de sucesso escolar entre rapazes e raparigas não são muito diferentes. Mesmo em países como a Finlândia, com elevadas taxas de sucesso escolar, as raparigas dominam claramente com melhores resultados escolares. "A educação diferenciada seria uma forma de diminuir estas desigualdades", afirmou.
"O governo tem imensos preconceitos em relação ao ensino diferenciado"
Maria Lúcia Alves Mendes, ex-Directora do Colégio Mira-Rio (feminino) lamentou ao SAPO o preconceito que ainda existe em torno dos colégios unissexo em Portugal. "Ainda há alguma resistência à educação diferenciada, na sociedade em geral. Nalguns sectores, dogmáticos de sentido contrário, é considerada um bastião do conservadorismo", afirmou.
Uma das muitas razões apontadas para a resistência da sociedade em geral em relação ao tema é também o desinteresse dos sucessivos governos portugueses. "O Ministério da Educação podia abrir-se à experiência de fazer ensino diferenciado, sobretudo nas zonas de risco, onde os alunos têm piores resultados. O governo tem imensos preconceitos em relação ao ensino diferenciado", explicou.
Maria Lúcia sugeriu mesmo a criação de um projeto-piloto financiado por privados com o objectivo de implementar o ensino diferenciado e desmistificar os mitos sobre este modelo. @Catarina Osório» in http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1129384.html
"O ensino diferenciado devia ser uma opção de escolha"
"O ensino diferenciado não é conservador"
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Há muito que defendo o ensino diferenciado, como forma de reduzir o sucesso escolar e potenciar também as aprendizagens dos melhores alunos, que na escola de hoje, são completamente desmotivados: vejo muitos planos de recuperação e poucos planos de desenvolvimento. Mas os complexos de esquerda da classe política portuguesa, preferem branquear a triste realidade da escola portuguesa, com estatísticas feitas à medida do sucesso fictício...
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