11/02/11

Ambiente e Ecologia - Açores: recuperação da vegetação natural e o regresso dos cagarros!

«Açores: recuperação da vegetação natural e o regresso dos cagarros

O projecto “Ilhas Santuário para as Aves Marinhas” comprovou que as acções de recuperação dos habitats naturais estão a obter resultados muito positivos nos Açores, com o regresso dos cagarros (Calonectris diomedea) e a recuperação da vegetação natural do Ilhéu de Vila Franca do Campo.

Os técnicos do projecto LIFE+ “Ilhas Santuário para Aves Marinhas” visitaram o Ilhéu nos últimos dias para verificar o sucesso das plantações de milhares de plantas nativas dos Açores efectuadas em Outubro e para dar continuidade as acções de controlo de espécies exóticas, e comprovaram o sucesso das acções planeadas e realizadas até agora.

O projecto está a ser coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) em parceria com a Secretaria Regional de Ambiente e do Mar e, desde 2009, os trabalhos têm sido conduzidos no sentido de recuperar os habitats naturais do Ilhéu de Vila Franca do Campo. Em Outubro passado foram plantadas milhares de faias-da-terra e de urzes. Agora, constata-se que apresentam bons resultados de enraizamento e que ocupam, assim, o lugar anteriormente preenchido por espécies invasoras como a cana e a lantana.

Durante a visita, os técnicos da equipa de projecto puderam ainda observar vários sinais de recuperação natural de outras plantas endémicas dos Açores, que são bons indicadores do sucesso das acções levadas a cabo pelo projecto. Para além de centenas de pequenas urzes a nascer nas áreas mais solarengas, detectaram-se também tufos de bracel-do-mato e outros endemismos como a erva-leiteira, ou a figueira-brava que se expandiram de forma natural para as áreas onde têm sido controladas as canas e outras espécies exóticas.

As áreas intervencionadas apresentam claros sinais de recuperação e a equipa continuará a acompanhar a evolução destes habitats e a monitorizar o seu uso pelas aves marinhas.

“Este projecto prova que é possível conciliar a recuperação ambiental com o usufruto humano, desde que mantidas e respeitadas as capacidades de carga identificadas”, mencionou o director regional dos Assuntos do Mar, Frederico Cardigos. “Como se comprova, o limite de 400 pessoas por dia na época alta não prejudica o ambiente e está compatibilizado com as acções de conservação da natureza.”
Pedro Geraldes, coordenador do projecto refere que: "Estamos muito contentes com estes sinais e por começarmos a ver os resultados de muito trabalho árduo no ilhéu! As muitas pessoas que conhecem, visitam e desfrutam o Ilhéu poderão verificar as condições que teria antes da sua ocupação humana e as características naturais do ilhéu. Sendo esta uma Reserva Natural, é uma boa forma de podermos apresentar aos visitantes um "cartão de visita dos Açores" com a natureza no seu estado mais puro. Muitas das espécies que aqui existem há dezenas de anos foram introduzidas durante a sua utilização para fins agrícolas e possuem natureza infestante, como é o caso do metrosídero, originário da Nova Zelândia, do Incenso, natural da Austrália ou da Cana, uma das mais prejudiciais plantas infestantes dos Açores."

Para além da SPEA e da SRAM, o projecto conta ainda com a parceria da Royal Society for the Protection of Birds e dos municípios do Corvo e de Vila Franca do Campo. O Ilhéu de Vila Franca é uma das áreas principais de intervenção deste projecto financiado pelo Programa LIFE+ da Comissão Europeia e conta também com o apoio do Clube Naval de Vila Franca do Campo.

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