Um lance de génio e um lapso de inspiração foi suficiente. Varela fez o golo e desenhou a vitória (0-1), alicerçada sobre uma invejável amostra de músculo e fibra, que o dilúvio exponenciou. O Dragão tem virtudes absolutamente resistentes e impermeáveis até à chuva e à intempérie. Por isso, venceu a Académica, num desafio aos seus limites que as condições climatéricas tornaram ainda mais exigente.
Chuva a mais, futebol a menos. Forçoso, como numa relação de causa e efeito, que condicionaria todo o jogo, ao ponto de provocar uma profunda quebra qualitativa e revelar, como contrapartida, fibra e determinação, depois de reduzir a metade os talentos dos intérpretes e os argumentos das equipas.
Da subtracção saiu claramente perdedor o Dragão. Mais cintilante, mais genial, o FC Porto debatia-se com um imenso lençol de água, que se intrometia na génese de cada lance de ataque. Indiscutível que a chuva e o seu depósito embaraçavam também a acção da Académica, mas com a vantagem evidente de a aproximarem, em termos de competências, de um adversário impossibilitado de recorrer a uma das suas mais valiosas armas: a criatividade.
Contra a torrente, mas ao sabor da corrente a que o líder soubera adaptar-se, Varela fez o golo improvável. Não pelo ascendente que o FC Porto já exercia, mas pelo gesto técnico irrepreensível e inesperado num relvado que desaconselhava vivamente todo e qualquer movimento artístico.
Mas Varela fê-lo. Arriscou tudo. Recebeu de costas para a baliza, rodopiou e rematou. Tudo em dois toques, ainda Alvaro mal terminara o lançamento da linha lateral. O pontapé saiu colocado e indefensável, com o guarda-redes Peiser a conferir a inabalável trajectória da bola e a assistir, impotente, ao balançar das redes.
O resto foi futebol de raça e persistência, num género que, mesmo penalizando o FC Porto, o aproximou de uma vantagem mais ampla, quando Hulk falhou as medidas do remate por pouco, com Peiser a meio caminho entre a baliza e a bola, e, em especial, quando João Moutinho acertou no poste, na marcação de uma grande penalidade em que até convencera o guarda-redes da Académica a lançar-se para o lado errado.
FICHA DE JOGO
Académica-FC Porto, 0-1
Liga 2010/11, 9ª jornada
30 de Outubro de 2010
Estádio Cidade de Coimbra
Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)
Assistentes: José Lima e Pedro Garcia
4º Árbitro: Hélder Malheiro
ACADÉMICA: Peiser; Pedro Costa, Berger, Orlando e Hélder Cabral; Diogo Melo e Hugo Morais; Sougou, Laionel e Diogo Valente; Miguel Fidalgo
Substituições: Laionel por Eder (70m), Diogo Valente por Júnior Paraíba (78m) e Pedro Costa por Habib (87m)
Não utilizados: Ricardo, Amoreirinha, Bischoff e Diogo Gomes
Treinador: Jorge Costa
FC PORTO: Helton «cap»; Sapunaru, Rolando, Maicon e Alvaro; Fernando, Belluschi e João Moutinho; Hulk, Faclao e Varela
Substituições: Fernando por Guarín (23 m), Varela por Otamendi (71 m) e Falcao por Cristian Rodríguez (81m)
Não utilizados: Beto, Rafa, Walter e Rúben Micael
Treinador: André Villas-Boas
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Varela (42m)
Disciplina: cartão amarelo a João Moutinho (38m), Hélder Cabral (73m), Maicon (90m), Helton (90m), Peiser (90m)» in site F.C. do Porto.
Academica 0-1 FC Porto
Simão | Myspace Video
Um golo de antologia de Varela que deu uma vitória mais do que merecida aos Dragões, na dança à chuva de Coimbra!
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