Diego Armando Maradona faz hoje 50 anos e depois de uma carreira repleta de sucessos, confirma-se como uma lenda do futebol mundial.
A 30 de Outubro de 1960, Buenos Aires, capital argentina, dava à luz aquele que viria a ser um dos génios do futebol mundial.Controverso, mas eternamente deslumbrante dentro das quatro linhas, assim foi Maradona, o melhor jogador argentino de todos os tempos e certamente um dos maiores deste século.
Hoje comemora 50 anos e isso é, por si só, uma batalha ganha, para um homem, que ainda jogador, esteve à beira da morte pela sedução inabalável pela cocaína. Recuperou, ganhou forças e o seu último desafio foi orientar a Argentina do seu coração no Mundial da África do Sul.
Acabou “traído”, reclama, mas nunca traiu aqueles que ansiavam por ver magia sair do seu pé esquerdo. Ficaram eternas as imagens do Mundial de 1986, ponto mais alto da sua carreira e em que se sagrou campeão do Mundo.
“A Mão de Deus” mudou o futebol e Maradona permanecerá para sempre como uma das suas maiores estrelas. Parabéns a “El Pibe”.» in http://desporto.sapo.pt/futebol/internacional/artigo/2010/10/30/os_50_anos_de_maradona.html
«Diego Maradona
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Informações pessoais | ||
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Nome completo | Diego Armando Maradona | |
Data de nasc. | 30 de outubro de 1960 (50 anos) | |
Local de nasc. | Lanús, Argentina | |
Altura | 1,66 m | |
Peso | 87 kg | |
Apelido | Dieguito, El Pibe de Oro, El Diez, Pelusa, Barrilete Cósmico, D10S | |
Informações atuais | ||
Clube atual | Sem clube | |
Posição | Treinador (ex-meia e atacante) | |
Clubes de juventude | ||
1969–1976 | Argentinos Juniors | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos (golos) |
1976–1981 1981–1982 1982–1984 1984–1991 1992–1993 1993–1994 1995–1997 | Argentinos Juniors Boca Juniors Barcelona Napoli Sevilla Newell's Old Boys Boca Juniors | 166 40 (28) 58 (38) 259 (115) 29 (7) 5 (0) 30 (7) (116) |
Seleção nacional | ||
1977–1994 | Argentina | 91 (34) |
Times que treinou | ||
Anos | Clubes | Jogos |
1994 1995 2008–2010 | Textil Mandiyú Racing Argentina |
Maradona celebrizou-se como um dos maiores, mais famosos e mais polêmicos jogadores do século XX.[1] Reunia inteligência, gana e um talento monstruoso, com dribles, habilidade para mudar drasticamente sua velocidade e dar giros surpreendentes.[2]. Enquanto jogador, Maradona foi reverenciado como uma divindade em seu país natal, sendo criada inclusive uma igreja dedicada a ele.[3]
Seu maior momento foi na Copa do Mundo de 1986, que na opinião popular foi ganha inteiramente por El Pibe de Oro,[1] outra de suas muitas alcunhas. Internacionalmente, Maradona também consagrou-se como herói da equipe italiana do Napoli, um clube que, embora tradicional, estava entre os pequenos do país. Com El Diez, o Napoli viveu momentos de glória no final da década de 1980, ganhando seus dois únicos títulos no campeonato italiano e lutando de igual para igual com as maiores equipes do país.
A carreira de Maradona, porém, foi cercada de controvérsias, que não se limitaram aos gramados. As maiores delas foram relacionadas ao seu envolvimento com drogas, um vício que acabou por arruiná-lo nos gramados e que por algum tempo o deformou fisicamente. Teve também dois filhos fora do casamento que não reconheceu como seus.[4] E rotineiramente faz declarações contra os bastidores da FIFA,[5][6] principalmente aos dirigentes João Havelange, Sepp Blatter, Michel Platini, Franz Beckenbauer, além de Pelé,[6] e também tem um histórico de atritos com imprensas, incluindo a de seu próprio país.[5][7]
Índice[esconder] |
[editar] Carreira em clubes
[editar] Argentinos Juniors
Aos nove anos, seu talento com a bola já o fazia ser a criança mais popular da favela em que morava, no subúrbio de Buenos Aires.[1] Um colega havia sido aprovado em um teste para as categorias de base do Argentinos Juniors, e respondeu aos elogios do treinador dizendo que conhecia um garoto ainda melhor.[8] O treinador, Francis Cornejo, deu-lhe então dez pesos para que pedisse a esse outro jovem para ir vê-lo. Cornejo e outros observadores do clube, incrédulos com o que viram no outro menino, foram acompanhá-lo na volta até a casa deste e, pedindo à mãe dele, conferiram sua documentação para desfazer qualquer engano plausível. Viram que Maradona realmente tinha apenas nove anos de idade.[8]Os pais foram então convencidos a colocar Maradona no Argentinos, clube pequeno da capital, mas famoso pelo bom trabalho que desenvolvia com as categorias de base.[1] Com quinze anos, disputava partidas preliminares, já atraindo multidões.[1] Quando finalmente foi lançado entre os profissionais, não saiu mais.[1] Demonstrava um repertório completo certeiro com a sua mágica perna esquerda: lançamentos, passes, dribles curtos, chutes certeiros de curta e longa distância, cobranças de falta e escanteios. Aos dezessete anos, recebeu a primeira convocação para a Seleção Argentina, da qual foi polemicamente cortado na Copa do Mundo de 1978.
1978 também significaria o ano em que foi pela primeira vez artilheiro do campeonato argentino.[9] Em 1979, seria artilheiro tanto do campeonato argentino quanto do campeonato metropolitano,[9] torneio que reunia os clubes da Grande Buenos Aires e que era na época considerado mais importante até do que o campeonato nacional.[9] Naquele ano, seria eleito pela primeira vez o melhor jogador sul-americano.[1]
A dose repetiu-se em 1980: Maradona foi artilheiro dos dois campeonatos [9] e eleito outra vez o melhor jogador da América do Sul,[1] com o adicional de ter levado o Argentinos Juniors ao vice-campeonato nacional, melhor resultado do clube até então.[9] Com isso, conseguiu uma transferência para o Boca Juniors, realizando um sonho: Maradona sempre fora um torcedor xeneize fanático. Jamais seria esquecido, todavia, na equipe que o revelou: o Argentinos renomearia seu campo para Estádio Diego Armando Maradona.
[editar] Boca Juniors
E foi em um amistoso contra o Argentinos que Maradona fez sua estreia pelo Boca, marcando de pênalti.[10] Parte da concordância do Argentinos em vendê-lo na época estava em uma cláusula do contrato de venda em que proibia que Diego enfrentasse a antiga equipe em jogos oficiais.[11] Dois dias depois, atraiu 65 mil pessoas à Bombonera para vê-lo marcar duas vezes em vitória por 4 x 1 na primeira partida oficial, contra o Talleres de Córdoba.[10] Amistosos, todavia, seriam continuamente disputados paralelamente às disputas do metropolitano, servindo para arrecadar finanças ao clube e gerando também uma Diegomania.[10] Em dois deles, enfrentou dois adversários que lhes seriam comuns: o Milan, em San Siro (vitória por 2 x 1) e Zico, contra o Flamengo, no Maracanã (derrota por 0 x 2).[10]Naquele ano de 1981, com o Boca, Maradona fez grande dupla com Miguel Ángel Brindisi, com os dois marcando juntos 33 dos 60 gols [10] que reconduziram o time ao título metropolitano - a primeira conquista do clube auriazul em cinco anos.[10] Maradona também marca em seu primeiro Boca x River, em um 3 x 0 listado entre as dez inesquecíveis vitórias do Boca em Superclásicos pela enciclopédia do centenário do clube;[12] ele fez o último gol, deslocando o goleiro Ubaldo Fillol e completando para as redes antes que Alberto Tarantini conseguisse bloquear seu ângulo.[10]
Contra o grande rival, marcaria em todos os clássicos disputados em 1981.[10] O segundo deles, empatado em 1 x 1, foi de forma similar: tirando Fillol da jogada e marcando antes de Tarantini chegar.[10] Os outros dois foram pelo campeonato nacional. Este foi disputado em quatro chaves de sete times onde os dois primeiros de cada uma se enfrentariam em mata-matas até a final, como Boca liderando a sua, apesar de não vencer o River - foram uma derrota por 2 x 3 e um empate em 2 x 2, neste com Maradona marcando os dois, empatando a partida no último minuto.[10]
Nas quartas-de-final, os boquenses enfrentaram o Vélez Sarsfield. Na Bombonera, em um tumultuado jogo de ida, em que os dois times terminaram a partida com nove jogadores, Maradona acabaria revidando uma das faltas que sofreu e foi suspenso pela comissão disciplinar da AFA. Seria seu último jogo oficial pelo clube do coração: o Boca acabaria eliminado pelo adversário na partida de volta.[10] Maradona ainda participaria de amistosos em excursões do clube pelas Américas e Ásia antes de ser vendido para o Barcelona por uma transferência recorde de mais de 7 milhões de dólares acertada pouco antes da Copa do Mundo de 1982.[13] Coincidência ou não, sem seu grande astro, o Boca só voltaria a ser campeão argentino onze anos depois.
[editar] Barcelona
Maradona chegou à Catalunha como um messias. O Barça vivia carência de títulos desde o final da década de 1950. Desde 1960, só conseguira vencer o campeonato espanhol em 1974. Via o rival Real Madrid se distanciar cada vez mais no ranking de vencedores e ainda sentia o Atlético de Madrid aproximando-se, com um título a menos. O clube fez de tudo para que seu astro se sentisse à vontade, contratando vários argentinos para servirem-lhe de assessores e funcionários.[13] A estratégia não teria bons resultados: o craque acabou por fechar-se naquele círculo de convivências e demoraria a se adaptar no estrangeiro.[13]Na primeira temporada, ele enfrentou o primeiro problema: em dezembro de 1982, sofre de hepatite e fica de fora dos campos por três meses.[4] Os blaugranas terminam apenas em quarto; o título de 1982/83 fica com o Athletic Bilbao. Na Copa do Rei, porém, decide a final contra o Real Madrid, marcando nos dois jogos da decisão e é aplaudido de pé pela torcida do arquirrival após a vitória por 2 x 1 em pleno Santiago Bernabéu - na partida de ida, no Camp Nou, o Barcelona havia deixado o rival empatar após estar vencendo por 2 x 0.[14]
Mal inicia-se a segunda temporada e, num jogo contra o Athletic, sofre uma entrada bastante desleal do adversário Andoni Goikoetxea e fratura o tornozelo esquerdo.[4] O astro levaria 106 dias para retomar o futebol.[4] Quando volta, conduz os blaugranas ao caminho do título. No entanto, por um ponto, a taça fica justamente com o Athletic. Ambos os times decidem também a Copa do Rei, e um novo dia ruim contra a equipe basca (que vence por 1 x 0) faz Maradona surtar. Ele protagoniza uma briga generalizada entre os jogadores.[4]
Maradona, que já não tinha um relacionamento bom com a diretoria do Barcelona, é praticamente descartado por ela após receber uma suspensão de três meses em razão da confusão: a cúpula culé aceita a oferta do pequeno Napoli, da Itália. Desgostoso com o que julgou como falta de esforço do clube em defendê-lo nos tribunais,[13] Maradona acatou a transferência,[13] encerrando um ciclo de dois anos de altos e baixos no Camp Nou.[15]
Declararia em sua autobiografia, Yo Soy Diego, que o presidente Josep Lluís Núñez teria inveja de sua popularidade e era o principal responsável direto por sua saída.[15] No livro, Maradona também apontou a coleção de fatores que o impediram de triunfar no Barcelona: desde a hepatite e lesões até gostar mais de Madrid.[16] Ele também revelou que foi na Catalunha que começou seu relacionamento com as drogas.[16] Aceitou a proposta do Napoli pois também estava arruinado financeiramente;[16] chegou a doar a casa que tinha em Barcelona para pagar suas dívidas.[13]
[editar] Napoli
Embora tradicional, a equipe napolitana era minúscula. Seus troféus resumiam-se a títulos nas divisões inferiores e a duas conquistas na Copa da Itália. Maradona foi logo amado e venerado como um rei,[1] chegando de helicóptero a um Estádio San Paolo tomado por torcedores que ainda custavam a acreditar.[13] Ele, curiosamente, poderia ter chegado antes ao time: o clube o havia sondado em 1979, quando ainda estava no Argentinos Juniors, mas ele recusara a proposta na época.[13] "Para mim, Napoli era apenas uma coisa italiana, como pizza", comentou.[13]O espanto foi geral: a equipe mais vencedora do país, a Juventus, também estaria interessada, de acordo com a imprensa.[13] Maradona terminou por escolher o clube celeste porque "foi o único a me fazer uma proposta real e porque o Giampiero Boniperti, ex-jogador e presidente da Juventus na época, já havia dito que um jogador com meu porte físico não chegaria a lugar algum".[13] De acordo com as lendas, o presidente do Napoli, Corrado Ferlaini, teria blefado: depositou na federação italiana um envelope vazio, onde deveria estar o contrato do jogador, a fim de registrá-lo logo. Era o que ele precisava para ganhar tempo, enquanto a manobra era descoberta, para levantar o dinheiro para pagar o Barcelona.[13]
Fiz o que me recomendaram: falei "Buona sera, napolitani. Sono molto felice di essere con voi" e chutei a bola nas arquibancadas. Eles deliravam e eu não entendia nada [13] | — Maradona, sobre sua chegada apoteótica ao estádio do Napoli |
Ainda assim, é na temporada 1986/87 que Maradona dá ao Napoli seu primeiro título na Serie A, sobre a poderosa Juventus. A festa termina completa no clube: paralelamente, o Napoli é também campeão da Copa da Itália. Na temporada seguinte, Maradona, com quinze gols, alcança a artilharia do campeonato. O vice-artilheiro é a sua dupla ofensiva, o brasileiro Careca, com treze. O bi, porém escapa por três pontos: o título fica com o Milan de Marco van Basten e Ruud Gullit, que consegue a liderança em vitória direta, em plena Nápoles, quando os dois clubes enfrentaram-se na antepenúltima rodada.[17] O clube rossonero tornar-se-ia o maior rival do Napoli pelos títulos italianos: a Juventus decaía com a aposentadoria de Michel Platini em 1987 e a Internazionale vivia certa carência. Na Copa dos Campeões da UEFA, o Napoli cai cedo: é eliminado pelo Real Madrid, primeiro adversário que enfrenta.
Na temporada 1988/89, o campeonato italiano vai surpreendentemente [18] para a Inter de Milão, com a perseguição única do Napoli (único time na reta final com chances de tirar o título da Inter [18]) terminando em vão. O consolo fica por conta da Copa da UEFA: Maradona lidera o Napoli na campanha rumo ao primeiro título continental do clube. Nos mata-matas finais, o clube passa pela rival Juventus e pelo Bayern Munique até chegar na decisão, contra o Stuttgart. Os alemães são vencidos no embalo da dupla de Maradona com Careca: ambos marcam na vitória de virada no jogo de ida, em Nápoles, e seguram o empate na Alemanha Ocidental.
1989/90 chega e o argentino novamente conduz o Napoli ao scudetto, com dois pontos de vantagem sobre o Milan. Maradona vivia o auge da carreira. A veneração em Nápoles em torno dele era tamanha que ele sentiu-se à vontade para convocar a população local para torcer pela Argentina, e não pela Itália, na Copa do Mundo de 1990, a ser realizada em solo italiano em semanas.[5] Gerou enorme polêmica no resto do país, notadamente no norte, região dos times mais tradicionais, ressentidos com o sucesso meteórico do Napoli,[5] que, por sua vez, era um clube de uma região historicamente desfavorecida no país.[5] O presidente da federação italiana chegou a ir a público pedir que os cidadãos napolitanos torcessem pela Azzurra,[5] e pesquisas de opinião foram feitas por jornais e revistas para calcular a que ponto Maradona conseguira influenciar Nápoles.[5]
Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros e, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcendo pela seleção italiana. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano[5] | — Maradona, reiterando os pedidos para que os napolitanos apoiassem a Argentina na Copa de 1990, e não a anfitriã Itália |
Ele, ligado por provas robustas com a Camorra, a máfia napolitana,[5] foi suspenso do futebol por quinze meses.[4] Entra em depressão [4] e, no mês seguinte, em abril, é, sob efeito de drogas, preso em Buenos Aires pela polícia no bairro de Caballito.[4]
[editar] Decadência
O Napoli consegue se virar na temporada 1991/92 sem seu maior ícone, terminando em quarto. Maradona, decidido a deixar o time, protagoniza uma batalha judicial que dura 86 dias.[4] A liberação é brecada pelo presidente do clube, que estava brigado com o argentino.[4] Após intervenção da FIFA,[4] Maradona consegue se desligar do Napoli e acerta um retorno à Espanha, agora como jogador do Sevilla.[4] Anos mais tarde, Ferlaini, o antigo presidente do Napoli, declararia que Diego fora salvo diversas outras vezes do antidoping, que era burlado com a urina de jogadores "limpos" nas vezes em que o argentino era sorteado.[4]Sua estadia no clube andaluz não dura mais que a temporada 1992/93, onde fora apenas razoável: Maradona descobre que os diretores do Sevilla, com suspeitas sobre suas saídas noturnas, contrataram detetives para monitorá-lo.[4] O argentino abandona o time imediatamente e acerta outro regresso, desta vez ao país natal, contratado pelo Newell's Old Boys. Porém, duraria menos ainda na equipe de Rosário: uma sucessão de lesões musculares provoca o término de seu contrato, após apenas quatro jogos oficiais.[4]
Deprimido, Maradona afunda cada vez mais nas drogas.[4] Em fevereiro de 1994, irritado com o assédio da mídia, atira com uma espingarda de ar comprimido em jornalistas que faziam plantão em frente à sua casa.[4] Acima do peso e desmotivado, a impressão geral era a de que ele abandonaria a carreira antes da Copa do Mundo de 1994. Conheceu então um fisiculturista em Buenos Aires que prometeu deixá-lo em forma novamente.[1] A promessa foi cumprida, mas um novo antidoping durante a Copa desmascaria que, por trás do milagre, estava a proibida substância efedrina, uma droga usada para emagrecer.[1] A FIFA termina por puni-lo com outros quinze meses de banimento.[4]
Sem poder jogar, Maradona passa rápido como diretor-técnico do pequeno Textil Mandiyú. Em poucas semanas, porém, abandona o cargo do time de Corrientes.[4] Assume como treinador do Racing, mas em março do ano seguinte desvincula-se dele também: o presidente que o havia contratado havia perdido as eleições.[4] As duas experiências foram curtas e pouco alentadoras: no Mandiyú, foram doze partidas e apenas uma vitória e, no Racing, onze jogos e apenas dois triunfos.[19] Poderia ter tido menos jogos ainda no Racing: após um 0 x 0 no clássico da cidade de Avellaneda, contra o Independiente, em que foi expulso pelo árbitro, ameaçou sair do cargo, mas foi contido pelo presidente.[20]
Com o fim da punição, ele volta ao seu amado Boca Juniors, comprado por dez milhões de dólares pelo Grupo Eurnekian, que em troca teria os direitos televisivos sobre onze partidas.[11] O retorno, iniciado em jogo contra o Colón,[11] é estampado até em seus cabelos: Maradona descolore uma faixa do lado superior direito, simbolizando a faixa dourada do uniforme boquense.[21][22] O clube acerta também com seu amigo Claudio Caniggia, outro notório usuário de cocaína.[5] É no jogo seguinte, o primeiro oficial dele contra o Argentinos Juniors, que ele marca seu primeiro gol na volta ao Boca.[11]
O Boca não ganhava títulos argentinos havia cinco campeonatos - o último fora o Apertura de 1992. Com Maradona e Caniggia em grande parceria, o clube consegue confortável liderança no Apertura 1995. Porém, em partidas sem seu maior astro, os xeneizes perdem pontos preciosos, chegando e levar de 4 x 6 para o Racing em plena Bombonera - a mesma quantidade de gols que haviam tomado em todo o torneio, até então. O clube deixa o título escapar para o Vélez Sarsfield e termina apenas em quarto.[11] O mesmo clube ganha o Clausura 1996, com o Boca, comandado por Carlos Bilardo, ficando em quinto.[23] A edição do torneio é mais lembrada por uma goleada de 4 x 1 sobre o River Plate em qua a afinada dupla Caniggia e Maradona se beija na boca, em comemoração após o terceiro gol do atacante loiro.[23][24]
No entanto, é o rival quem viverá períodos melhores: ganha o Apertura 1996 (o Boca, sem tantas presenças de Maradona, fica apenas em décimo [23]), a Taça Libertadores da América de 1996, o Clausura 1997 (nono lugar para o Boca, que só vê Maradona jogar uma vez [23]) e o Apertura 1997. Durante este último campeonato, em que, no início, chegaria a ser novamente pego no antidoping,[25] Maradona faz sua última partida profissional, justamente em um Superclásico no Monumental de Núñez, em 25 de outubro. Joga o primeiro tempo da partida e é substituído pelo jovem Juan Román Riquelme. O Boca vence por 2 x 1 e conseguia a liderança com dois pontos de vantagem sobre o arquirrival, mas Maradona prefere anunciar sua retirada, irritado com a cobertura da imprensa sobre a morte de seu pai.[25] O River conseguiria retomar a dianteira e seria campeão com um ponto de vantagem sobre o Boca.
Falando de si na terceira pessoa, Maradona resumiu seu retorno infrutífero em títulos ao Boca: "O Maradona não está feliz porque sabe que o Maradona está abaixo do padrão em que normalmente se coloca".[26]
[editar] Uso de drogas e performance do atleta
A cocaína antes dos jogos incrementa a performace do atleta psicologicamente falando, pois cria no jogador uma sensação de bem estar e de super poderes aumentando assim a coragem e disposição dentro de campo[27]. Em Abril de 1991, Maradona, então jogador do Napoli, foi flagrado no exame antidoping e suspenso por 15 meses pela Federação Italiana[28]Utilizava também efedrina[29], fenilpropanolamina, pseudoefedrina, norpseudoefedrina e metaefredina [30], estimulantes que aumentam o desempenho físico do atleta, promovendo a melhora nos reflexos, diminuição da sensação de fadiga e aumentam os reflexos e a força. Com isso, foi expulso da Copa de 94 e desde então, jamais outro jogador foi pego no exame anti-dopping[31]. Assim sendo, fatos como estes, levam alguns especialistas e críticos a diminuírem os feitos de Maradona dentro de campo, visto que o mesmo atuava em circunstancias diferentes dos demais por utilização de substancias proibidas.
Outro caso notório e vergonhoso, foi no jogo da Copa do Mundo de 1990 que terminou 1X0 para a Argentina, onde a a Seleção Argentina preparou água com sonífero[32] para dar aos jogadores brasileiros. O jogador Branco passou a ser alvo de chacotas de Maradona num programa de televisão que ele fazia, "La Noche del Diez"[33],que passou a imitar um bêbado em alusão a esse jogador que tomou sem saber da agua batizada[34].
[editar] Seleção argentina
Maradona fez seu primeiro jogo pela Argentina em 1977, em amistoso contra a Hungria.[35] Integrou o grupo dos pré-convocados para a Copa do Mundo de 1978, mas, apesar do clamor popular para vê-lo no torneio, a ser disputado no país, foi deixado de fora pelo técnico César Luis Menotti, em decisão polêmica em favor de Norberto Alonso, também apreciado por público e mídia - no momento da convocação, este era o artilheiro do campeonato com o futuro campeão River Plate e fizera belo gol no último amistoso, contra o Uruguai, tendo entrado durante a partida.[36] O que mais favorecia Beto Alonso, todavia, era o fato de ele ser o preferido dos dirigentes da AFA,[37] o que incluía o general Carlos Alberto Lacoste.[36]"Ele ainda é um garoto e precisa amadurecer. Mas sem dúvida ele pode mais que os outros e ainda vai brilhar muito no futebol", explicou Menotti sobre a decisão de cortar Maradona.[1] Maradona ficou arrasado, mas não guardou mágoas de Menotti, considerado por ele o melhor técnico que já teve, superior até a Carlos Bilardo, o comandante em 1986.[6] Pouco após o corte, foi consolado por Omar Sívori, ex-craque de história no River Plate e na Juventus e que defendera tanto a Argentina quanto a Itália: "Me escute, garoto... você tem a verdade do futebol dentro de si e toda uma vida para mostrá-la".[37] Apesar da decepção, Maradona chegaria a enviar um telegrama desejando sorte aos jogadores, a acompanhar dois jogos da Albiceleste no Monumental de Núñez, contra Itália e na decisão contra os Países Baixos, e a participar dos festejos pós-título pela cidade de Buenos Aires.[37]
Poderia ter jogado no mundial de 1978. Estava afinado como nunca. Chorei muito, senti como uma injustiça. (...) Quando se deu a notícia [de que seria cortado] vieram alguns a me consolar: Luque, um grande tipo, o Tolo Gallego... e ninguém mais. Nesse momento eram demasiado grandes para gastar uma palavra com um garoto. (...) O pior foi quando voltei a minha casa. Parecia um velório. Chorava minha velha, meu velho, meus irmãos... esse dia, o mais triste da minha carreira, jurei que iria ter revanche. Foi a maior desilusão da minha vida, me marcou para sempre[37] | — Sobre o corte da Copa de 1978 |
[editar] Copa do Mundo de 1982
A Argentina, detentora do título, realizou contra a Bélgica o jogo inaugural da Copa do Mundo de 1982. O time, no papel, era ainda melhor do que o de 1978: reunia a campeã espinha-dorsal formada por Ubaldo Fillol, Daniel Passarella, Mario Kempes, Osvaldo Ardiles, Américo Gallego e Daniel Bertoni somada com as estrelas do título de juniores de 1979, Maradona e Ramón Díaz.[37] Dieguito já era conhecido internacionalmente, ainda mais após a venda para o Barcelona, concretizada pouco antes do mundial.A estreia de Maradona em Copas, porém, seria desagradável. Ele foi repetidamente chutado e derrubado pelos belgas, chegando a receber entradas violentas pelas costas e ser puxado de cima da bola.[5] Porém, o árbitro tchecoslovaco Vojtech Christov não tomou nenhuma medida contra os adversários, que venceram por 1 x 0.[5] A Argentina recuperou-se e se classificou após vencer Hungria, em que ele marcou seus dois primeiros gols em Copas, em goleada de 4 x 1,[35] e El Salvador. A segunda fase seria decidida em quatro grupos com três países, com cada grupo conferindo uma vaga nas semifinais. A Argentina enfrentaria Itália e Brasil.
O primeiro jogo foi entre argentinos e italianos e novamente Maradona seria caçado em campo, com uma truculenta marcação individual de Claudio Gentile.[5] Após levar socos, chutes e joelhadas do início ao fim,[5] foi Maradona, e não Gentile, a receber o cartão amarelo do juiz romeno Nicolae Rainea, que entendia que o argentino reclamava energicamente sem cabimento.[5] A Itália venceu por 2 x 1 e praticamente obrigou a Argentina a vencer os brasileiros para haver chances reais de classificação.
Contra os rivais, Maradona finalmente veria um cartão vermelho em uma falta desleal que lhe envolvia. Porém, o autor da infração era ele, após desferir com a sola do pé um chute, pensando ser em Falcão,[37] nos testículos de Batista. Cinco minutos antes do fim do jogo,[5] perdido por 1 x 3, Maradona saía de campo e da Copa. Permaneceu na Espanha, para jogar pelo Barcelona. Reconheceu mais tarde que a seleção vivia um ambiente festeiro e excessivamente confiante antes do torneio.[37]
[editar] Copa do Mundo de 1986
Maradona foi convocado para o segundo mundial do México com algumas críticas. Alguns setores da mídia questionavam a escolha do técnico Carlos Bilardo em chamá-lo e ainda por dar-lhe a tarja de capitão.[38] Maradona ainda não havia triunfado totalmente no Napoli. Na Itália, ainda era considerado apenas um bom jogador e malabarista.[6] Mesmo assim, o respeito que despertava em Bilardo era tão grande que o treinador não usaria na competição o convocado Daniel Passarella, estrela e capitão do título da 1978, mas desafeto de Dieguito.[39]Maradona novamente apanhou na estreia, contra a Coreia do Sul, vencida por 3 x 1. No jogo seguinte, marcou o gol argentino no empate em 1 x 1 contra a campeã Itália. A classificação veio após vitória por 2 x 0 sobre a Bulgária. As oitavas-de-final seriam contra os rivais do Uruguai de Enzo Francescoli. Maradona teve um gol anulado e, instigado, realizou a melhor partida de sua vida, de acordo com o próprio.[6] A Albiceleste eliminou a Celeste por 1 x 0, em dia em que ele afirma ter realizado bem todas as jogadas.[6] O próximo adversário da Argentina seria a Inglaterra.
Era a primeira vez que ambos se enfrentavam após a Guerra das Malvinas e um clima bastante tenso rondava a partida, fazendo com que o próprio exército mexicano patrulhasse as arquibancadas e as redondezas do Estádio Azteca, chegando a haver tanques nas ruas.[5] O primeiro tempo terminou sem gols. No início do segundo, após driblar marcadores, Maradona passou a bola para um companheiro, que a perdeu. Steve Hodge, zagueiro adversário, chutou alto e a bola foi em direção ao goleiro Peter Shilton.[5] Maradona continuou a correr e, com o punho cerrado, jogou a bola por cima de Shilton, vinte centímetros mais alto,[5] fazendo com que a bola entrasse no gol inglês. A despeito dos protestos dos britânicos com o árbitro, o tunisiano Ali bin Nasser, o gol foi validado.[5] Curiosamente, não era a primeira vez que ele fazia isso: em jogo do campeonato italiano de 1984/85 contra a Udinese de Zico, marcou dessa forma e ali, também, a trapaça não fora anulada.[40]
Em espaço de alguns minutos, o argentino marcaria outro gol igualmente célebre. A Argentina trocava passes em seu campo de defesa quando Maradona pediu a bola.[5] Ele estava de costas para o campo de defesa inglês quando recebeu, tendo em volta três adversários: Hodge, Peter Reid e Peter Beardsley.[5] Quando Beardsley aproximou-se para disputar a bola, Maradona girou em sentido contrário, saindo do meio-de-campo e avançando na meta inglesa.[5] Reid o perseguiu sem sucesso e Terry Butcher foi facilmente deixado para trás, assim como Terry Fenwick.[5]
Butcher continuou correndo atrás, tentando ainda um carrinho quando Maradona tocou para as redes no momento em que Shilton tentou bloqueá-lo.[5] A Argentina se fechou, chegando a sofrer gol de Gary Lineker a dez minutos do fim e quase levar empate do mesmo Lineker depois,[5] mas conseguiu manter a vitória e se classificou. Após a partida, Maradona declarou que "se houve mão na bola, foi a mão de Deus", para o delírio da torcida argentina, sentindo-se vingada.[5] O outro gol, por sua vez, seria o eleito em 2002 o mais bonito da história das Copas.
Se a Guerra das Malvinas motivara os argentinos contra os ingleses, Maradona continuou especialmente motivado nas semifinais. Reencontraria a Bélgica, que tanto lhe chutara em 1982. Para aumentar a animosidade, o goleiro adversário Jean-Marie Pfaff declarou antes da partida que "Maradona não é nada de especial".[41] Apesar de novas pancadas, El Pibe perseverou e anotaria dois lindos gols no segundo tempo. No primeiro, passou por dois zagueiros e venceu Pfaff com um chute de trivela.[5] Vinte minutos depois, na entrada da área belga, virou para um lado, avançou para o outro, fingiu que passaria a bola, gingou, deixou quatro adversários para trás e bateu novamente Pfaff.[5] A Argentina voltava a uma final.
O jogo seria contra a Alemanha Ocidental. Maradona, desta vez, não marcou. O técnico alemão, Franz Beckenbauer, ordenara que Lothar Matthäus marcasse de perto o argentino.[5] Ainda assim, o primeiro gol surgiu em razão dele: Matthäus cometeu uma falta em Maradona que Jorge Burruchaga cobraria para José Luis Brown abrir o marcador.[5] Todavia, Maradona continuou dominado por Matthäus até cinco minutos do fim do jogo. Após estarem perdendo por 0 x 2, os germânicos haviam acabado de empatar heroicamente. Foi quando Maradona recebeu a bola e, entre dois adversários, deu belo passe para Burruchaga fazer 3 x 2.[5] Ao final, como capitão, ergueu a Copa que, na opinião geral, ganhara praticamente sozinho.[1]
Não me assustei [após os alemães conseguirem o empate em 2 x 2]. Quando voltamos à metade do campo para reiniciar [a partida], (...) olhei Burru e lhe disse: 'veja que estão mortos, já não podem correr. Vamos movimentar a bola que os liquidaremos antes do fim [do tempo normal]'[37] | — Sobre o final da decisão de 1986. |
[editar] Copa do Mundo de 1990
Quando o mundial começou, Maradona, bem diferente dos dois anteriores, era um jogador totalmente consagrado internacionalmente. Além de líder do bicampeonato mundial argentino, havia, finalmente, dado títulos importantes à até então inexpressiva equipe do Napoli. Declarou antes da Copa que teriam de "arrancá-la de suas mãos".[37] Embora seu relacionamento com o técnico Bilardo já não fosse tão boa,[37] conseguiu impor-lhe novamente sua opinião na escalação: se em 1986 não queria que Passarella jogasse, em 1990 pressionou o treinador para chamar o amigo Claudio Caniggia.[37] Mas a relação com os italianos em geral, principalmente do norte, talvez fosse pior.[5]Em razão de sua consagração, foi novamente caçado na estreia e a Argentina, supreendida com o futebol talentoso mas ao mesmo tempo violento de Camarões, que teve dois jogadores expulsos, perdeu por 0 x 1 para os africanos.[5] Após a partida, na coletiva de imprensa, ironizou que "o único prazer desta noite foi descobrir que graças a mim os italianos de Milão deixaram de ser racistas: hoje, pela primeira vez, apoiaram os africanos",[37] em alusão à cidade onde realizara-se o jogo, a mesma onde localizava-se o Milan e a Internazionale, os maiores rivais do Napoli na época. No jogo seguinte, os campeões encararam a União Soviética, que se entusiasmou após o goleiro argentino titular, Nery Pumpido, machucar-se sozinho e sair de maca aos dez minutos.
Os soviéticos passaram a pressionar o reserva, Sergio Goycochea, e abririam o placar com uma cabeçada de Oleh Kuznetsov se a mão de Maradona não entrasse em cena novamente.[5] A bola ia entrando nas redes quando ele apareceu e puxou-a aos seus pés com a mão direita, para mandá-la para longe,[5] e a irregularidade novamente não foi punida pelo árbitro,[5] o sueco Erik Fredriksson. Os argentinos venceriam por 2 x 0 e, após empatar em 1 x 1 com a Romênia, passaram por pouco à segunda fase apenas como um dos melhores terceiros colocados, sistema que passara a vigorar naquele mundial.
A Argentina enfrentaria nas oitavas-de-final o Brasil, que havia conseguido três vitórias em três jogos. Com tantas pancadas na primeira fase, Maradona entrou em campo com as pernas e coxas cobertas de equimoses e com uma inchação permanente em seu tão chutado tornozelo esquerdo,[5] que mais parecia uma bola.[37] Isso obrigou-lhe a praticamente apenas caminhar em campo na maior parte de partida.[5] Os brasileiros, melhores em campo, chegaram a acertar três vezes as traves de Goycochea quando, a oito minutos do fim, Maradona finalmente acelerou em campo com a bola nos pés.[5] Atraiu a marcação de quatro jogadores, deixando Claudio Caniggia totalmente livre.[5] Maradona entregou a bola a ele, que só teve o trabalho de vencer Taffarel.
O heroísmo quase deu lugar à vilania contra a Iugoslávia, nas quartas-de-final. A partida terminou em 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação. Nos pênaltis, Maradona cobrou mal e Tomislav Ivković defendeu. Mesmo com Pedro Troglio também desperdiçando sua cobrança, os sul-americanos avançaram após Goycochea defender os chutes de Dragoljub Brnović e Faruk Hadžibegić - Dragan Stojković já havia errado anteriormente a sua, chutando no travessão.
A semifinal prometia nova atmosfera tensa. A Argentina enfrentaria a Itália, que tanto vinha odiando Maradona. Para completar, o jogo seria em Nápoles. Uma bandeira da Argentina chegaria a ser arrancada da concentração da seleção e Maradona pediu intervenção da embaixada.[37] Mais uma vez, ele apelou a seu público napolitano que torcesse pela Argentina. E boa parte de sua audiência contumaz realmente se sentiu incapaz de torcer contra o ídolo.[1] Os anfitriões saíram na frente e sofreram o empate no meio do segundo tempo - era o primeiro gol que a Itália tomava na Copa. Na jogada, Maradona passou a bola para Julio Olarticoechea cruzar para Caniggia desviar com a cabeça das mãos de Walter Zenga,[5] que ainda não havia tomado gols no torneio. Novamente, os argentinos encararam os pênaltis na Copa. Desta vez, Maradona marcou o seu. Goycochea defendeu outra vez duas cobranças, de Roberto Donadoni e Aldo Serena, e a Albiceleste tirou a Azzurra do caminho. Mais do que nunca, os italianos sentiam um verdadeiro ódio contra Maradona,[5] que declarou que eliminar os anfitriões foi o seu maior feito em Copas, "por todos os significados que teve, embora tenha me custado um montão de coisas depois. (...) Você não imagina o prazer".[6]
Não foi surpresa que ele tenha sido vaiado antes e durante todo o jogo, na final, novamente contra a Alemanha Ocidental. Durante a execução do hino nacional argentino, preferiu, ao invés de cantá-lo, soltar palavrões inaudíveis ao público.[42] Ele pouco pôde fazer na partida: a Argentina estava mais enfraquecida na Copa do que nunca, desfalcada de quatro titulares, suspensos: Caniggia, Olarticoechea, Ricardo Giusti e Sergio Batista. Pedro Monzón seria ainda expulso no início do segundo tempo. Os alemães conseguiram a revanche, vencendo com um único gol, de pênalti, a cinco minutos do fim. Os argentinos não perdoariam a marcação a penalidade, duvidosa, e o árbitro mexicano Edgardo Codesal. Gustavo Dezotti, posteriormente, também seria expulso e Maradona receberia um cartão amarelo por reclamação. Ao final da partida, o estádio inteiro se alegrou quando o telão transmitiu o rosto em lágrimas do argentino, que se recusou a apertar a mão do presidente da FIFA, João Havelange, ao receber a medalha de prata.[37]
Esquecendo-se que trapaceara em 1986 e no próprio mundial de 1990, Maradona declarou: Isto foi uma trama armada pela FIFA. Fomos punidos por vencer a Itália, que era a equipe que a FIFA queria que ganhasse esta Copa do Mundo. Há uma máfia no mundo do futebol. Aquele pênalti não existiu. Foi dado de graça para que os alemães vencessem.[5] Ele escreveria em sua biografia, anos mais tarde, que um dia antes da decisão, quando os argentinos foram realizar o reconhecimento do gramado, que Julio Grondona - presidente da AFA e um dos vice-presidentes da FIFA - comentara-lhe que estava com um mau pressentimento, de que os argentinos já estariam fora do título.[37]
[editar] Copa do Mundo de 1994
Maradona, após a suspensão de quinze meses dada pela FIFA, ficou três anos sem jogar pela Argentina partidas oficiais.[35] O país não se deu bem nas eliminatórias: na última partida chegou a ser goleado por 0 x 5 pela Colômbia em plena Buenos Aires e só não foi desclassificado porque o Paraguai não saiu de um empate com o Peru em Lima. Um clamor crescia a cada dia pelo retorno do astro,[7][43] finalmente chamado de volta para os dois jogos da repescagem, contra a Austrália.[35] O primeiro gol após voltar veio em abril de 1994, em amistoso contra o Marrocos.[35]Após recuperar milagrosamente a velha forma, Maradona começou a Copa do Mundo de 1994 dando espetáculo. Marcou de fora da área contra a Grécia e, em famosa comemoração, rugiu com os olhos esbugalhados para uma câmera.[5] Contra a Nigéria, demonstrou fôlego incansável [5] e inspirou os argentinos a vencerem de virada. O milagre por trás da perda de treze quilos - de 89 para 76 [37] - em um tempo assustadoramente curto antes do torneio [5] foi revelado em novo antidoping, que detectou efedrina.[1][5] A droga, além de ser usada para emagrecer,[1][5] era também um poderoso estimulante.[5] Para a Seleção Argentina não ser desclassificada, Maradona teve de jurar inocência [5] e a Associação do país teve de retirar seu nome do elenco.[4]
Sentia que havia jogado um partidaço, estava feliz. Veio essa enfermeira a buscar-me e não suspeitei de nada. O único que fiz foi olhar à Claudia [esposa], que estava na tribuna, e lhe fiz um gesto como dizendo-lhe: 'e essa, quem é?'. Estava tranquilo porque havia feito controles [antidoping] antes e durante o mundial e todos davam bem.[37] | — Sobre após a partida contra a Nigéria, sua última em mundiais |
A Argentina em 1994, ao contrário das Copas anteriores, onde o talento se limitava a Maradona, reunia jogadores de renome: Claudio Caniggia se consagrara em 1990 e a seleção tinha também Gabriel Batistuta, Fernando Redondo e Ramón Medina Bello em grande forma.[1][43] Eles, sem a companhia de Maradona, haviam conquistado as Copas América de 1991 e 1993, torneio que Dieguito não conseguira ganhar nas três ocasiões em que participou (1979, 1987 e 1989).
Porém, os companheiros não conseguiram superar o baque com a saída de Maradona. A Argentina perdeu a última partida da primeira fase por 0 x 2 para a Bulgária e novamente só se classificou como uma das melhores terceiras colocadas, sistema que não seria mais utilizado a partir da Copa seguinte. Nas oitavas-de-final, veio a eliminação perante a Romênia, jogo em que ele chegou a comentar para um canal de televisão.[37] O jogo contra a Nigéria deixou Maradona, em sua quarta Copa - um recorde entre os argentinos - como o jogador que mais partidas disputou no torneio. Posteriormente, seria superado por Lothar Matthäus em 1998 (em sua quinta Copa, o alemão alcançou a 25ª partida) e igualado por Paolo Maldini em 2002 (a quarta e última do italiano).
[editar] Legado
Maradona não jogaria mais pela Argentina até 10 de novembro de 2001, quando foi realizada uma partida comemorativa em La Bombonera.[44] O jogo foi contra um combinado de estrelas, dentre elas Enzo Francescoli, Éric Cantona, Davor Šuker, Hristo Stoichkov, René Higuita, Nolberto Solano e até o compatriota Juan Román Riquelme.[44]A Argentina conseguira vencer a Copa do Mundo de 1978 sem Maradona. Porém, foi com ele no auge da carreira liderando a Seleção que a Albiceleste, já sem Mario Kempes, Osvaldo Ardiles, Ubaldo Fillol e Daniel Passarella, conseguiu com elencos fracos chegar a outras duas finais de Copa do Mundo, e saindo-se vencedora na de 1986. O país continuou a revelar bons talentos, mas nenhum conseguiu preencher com a mesma mística o vazio deixado com a saída um tanto precoce de El Pibe. Talvez por isso, a Seleção chegou a manifestar o desejo de aposentar o número 10 em sua camisa por ocasião da Copa do Mundo de 2002, mas foi impedida pela FIFA.[37]
O melhores resultados em Copas foram três eliminações nas quartas-de-final, em 1998, 2006 e 2010, nesta sendo ele o treinador. Mais do que isso, todo jogador promissor a surgir no país recebe o fardo de "novo Maradona": a alcunha já caiu a diversos nomes, como Claudio Borghi, Diego Latorre (ambos despontaram com Dieguito ainda em boa forma; Borghi chegou a integrar o elenco campeão mundial de 1986), Marcelo Delgado, Ariel Ortega, Marcelo Gallardo, Hernán Crespo, Juan Román Riquelme, Leandro Romagnoli, Javier Saviola, Pablo Aimar, Andrés d'Alessandro, Carlos Tévez, Lionel Messi e o mais recente, Sergio Agüero, dentre outros.[45][46][47]
[editar] Turbulenta vida pessoal pós-gramados
Um ano após aposentar-se no Boca, foi à Copa do Mundo de 1998 como comentarista.[1] Após a eliminação da Argentina, comandada por Daniel Passarella, manifestou pela primeira vez sua intenção em tornar-se técnico da Albiceleste, ao mesmo tempo em que não perdoava o desafeto: "Para começar vou dizer que quero ser o técnico da Seleção. O que mais bronca me deu é que não jogou a Argentina. Nos disfarçamos de Alemanha e caímos fora do mundial. Nossos jogadores podem dormir tranquilos. Perdemos pelo planejamento tático. (...) Estou quente porque Passarella negou a 35 milhões de argentinos a presença de Caniggia e Redondo".[37] Passarella não chamara os dois por não concordar com cabelos compridos, e só não fizera o mesmo com Gabriel Batistuta porque este acatara o pensamento do treinador.[48]No ano seguinte, Maradona envolveu-se em nova polêmica com filhos fora do casamento: desta vez, a justiça argentina determinou que ele é pai de uma menina de três anos, após sete negativas do ex-jogador em fazer o exame de DNA.[4] Mesmo assim, ele também não reconheceria ela, a exemplo do que sempre fizera com Diego Sinagra. Em 2000, inicia um tratamento contra as drogas em Cuba, após ser internado depois de tomar um coquetel de remédios em Punta del Este, no Uruguai, e quase morrer.[4] Na ilha, se enfurece com fotógrafos locais, agride-os e quebra o vidro de um carro com um soco, rendendo-lhe novo processo.[4]
Esteve próximo da morte novamente em 2000 em setembro, quando destrói sua caminhonete ao chocar-se com um ônibus em Havana, escapando ileso por milagre.[4] Em outubro, é contratado para ser manager do Almagro, mas jamais assume o cargo.[4] Em novembro, tem seu visto negado para entrar no Japão, onde iria assistir seu Boca Juniors enfrentar o Real Madrid no Mundial Interclubes; as autoridades japonesas alegam o vício de Maradona em drogas como justificativa.[4] A redenção pessoal de Dieguito vem em dezembro, quando é eleito o melhor jogador do século pela FIFA por votação na Internet.[4] Porém, ele se retira da festa para não cruzar com o desafeto Pelé, que recebe premiação similar oferecida por votos de jornalistas.[4]
No mês seguinte, em janeiro de 2001, é abordado por agentes do fisco italiano ao chegar ao aeroporto de Roma; Maradona estaria devendo 24 milhões de dólares em impostos.[4] Antes de uma nova viagem à Itália, em novembro, quebra o telefone de um jornalista no aeroporto.[4] Em 2002, volta a ter negada a sua entrada no Japão, onde pretendia assistir a Copa do Mundo de 2002. No mesmo ano, a namorada de infância que tornou-se sua esposa, Claudia Vilafañe, pede a separação.[4] Ele também é condenado a dois anos e meio de prisão pela agressão aos jornalistas com espingarda em 1994, mas não precisou cumprir a pena.[4] Arranja problemas também com a vizinhança de sua nova casa, na qual chega a provocar um incêndio na sauna.[4]
Em abril de 2004, fica novamente a ponto de morrer. Passa mal após assistir um Boca Juniors x Nueva Chicago na Bombonera e é internado com problemas cardíacos e infecção pulmonar na Clínica Suíço-Argentina, em Buenos Aires,[4] constantando-se overdose de cocaína.[4] Ele fica em coma e chega a respirar com ajuda de aparelhos, reagindo apenas no oitavo dia.[4] Sai dois dias depois sem ter alta dos médicos.[4] Em maio, é novamente internado, chegando a ser recusado por várias instituições médicas da Argentina e do exterior.[4] Chega a ser sedado e amarrado após uma crise de abstinência da cocaína.[4] Seu médico particular declara em ultimato que ele tem a última chance de salvar sua vida.[4] Maradona posteriormente afirmaria que retirou forças para se desintoxicar definitivamente após apelos de sua filha Giannina: "pai, você tem que viver por mim".[6]
Após cinco meses de internação, obtém autorização judicial para ir à Cuba retomar seu tratamento.[4]
[editar] Recuperação
Recuperado, durante o ano de 2005 Maradona foi duas vezes destaque na mídia televisiva: em janeiro, confirmou a acusação de Branco de que, nas oitavas-de-final da Copa do Mundo de 1990, o massagista argentino fornecera água com tranquilizante ao lateral brasileiro.[49] Em tom de deboche, Maradona, ciente do que ocorria, falou que oferecera a água também a Valdo [49][50] e que se desesperou quando o colega Julio Olarticoechea estava prestes a beber na mesma garrafa.[49]Depois, Maradona, após perder cinquenta quilos depois de uma cirurgia de redução de estômago em Cartagena, na Colômbia,[51] e chegar aos 75 quilos,[50] tornou-se apresentador de um talk show, "La noche del Diez" ("A noite do Dez"), onde recebeu figuras de todo o mundo, como o próprio desafeto Pelé, Xuxa, Mike Tyson [52] e Fidel Castro.[50] A noite com Pelé foi marcada por um inesperado bom humor e amistosidade entre ambos, que cantaram juntos e terminaram trocando passes de cabeça, emocionando a plateia.[50] Por sinal, foi nos bastidores do programa que sua filha Giannina conheceria pessoalmente Sergio Agüero, com quem iniciaria um celebrado relacionamento amoroso.[53] Um ano depois, demonstrou sua recuperação ao mundo ao assistir os jogos da Argentina na Copa do Mundo de 2006, inclusive aparecendo no vestiário para incentivar os jogadores - curiosamente, só não conseguiu fazê-lo na partida da eliminação, contra a Alemanha.[37]
Em 28 de março de 2007, Maradona sofreu uma recaída e foi internado com uma crise hepática causada por abuso de álcool.[54] Ele afirma que não foi por causa de cocaína, reiterando que não usa mais drogas desde a crise de 2004.[6] Ainda assim, a reação hepática gerou boatos de um susposto ataque cardíaco que teria causado sua morte,[55] causando alvoroço até no governo argentino: o então presidente Néstor Kirchner chegou a pedir informações sobre o assunto ao seu ministro da saúde.[55] Um mês antes, o astro já havia sido internado, após sentir mal-estar repentino na casa dos pais.[55]
[editar] Técnico da Argentina
Maradona assumiu o comando da Seleção Argentina em outubro de 2008, após a saída de Alfio Basile.[56][57] Julio Grondona, o presidente da Associação do Futebol Argentino, já havia lhe prometido verbalmente o cargo após a Copa do Mundo de 2006,[6] mas na época optara por Basile. Após o técnico sucumbir com os maus resultados e críticas da imprensa, Grondona pensava em efetivar Sergio Batista, técnico da seleção argentina olímpica que conseguira a medalha de ouro nos Jogos de 2008.[19]Porém, nas próprias Olimpíadas de Beijing Maradona pavimentou seu caminho.[58] Com permissão livre para acompanhar a delegação, Maradona procurou travar relação forte com os jogadores, muitos deles figuras também da seleção principal, como seu genro Sergio Agüero, Fernando Gago e Lionel Messi.[58] Grondona, doze dias após a demissão de Basile, enfim acatou o desejo de Diego, por razões políticas: o homem mais indicado para o cargo, Carlos Bianchi, era um desafeto pessoal do presidente.[19]
O anúncio causou furor. Quinhentos jornalistas se credenciaram para cobrir a sua estreia, contra a Escócia.[19] Maradona chegou a ameaçar demitir-se em menos de duas semanas, pois Grondona não aceitava o ex-jogador Oscar Ruggeri na comissão técnica. Mesmo endeusado, porém, Maradona continuou a colecionar polêmicas, como discussões indiretas com Juan Román Riquelme, que pediu dispensa da Seleção. Riquelme já se sentia deslocado por não receber a mesma atenção que Maradona dedicava os jogadores "europeus".[58] O novo técnico ainda tirou-lhe a faixa de capitão, entregue a Javier Mascherano.[58] A gota d'água para Riquelme foi ter sido criticado por Maradona na televisão.[58]
Em 2009, sofreu bastantes críticas. A Argentina obteve resultados vergonhosos, incluindo uma goleada de 1 x 6 para a Bolívia em La Paz, o pior resultado da história da seleção - sendo que, ironicamente, Maradona manifestara-se a favor do direito boliviano de usar a cidade, em alta altitude -, e uma derrota de 1 x 3 para o Brasil em plena Rosário. Os argentinos ficaram ameaçados de não se classificarem, conseguindo no sufuco a última vaga direta no confronto direto contra o Uruguai, em Montevidéu.[59][60] Em menos de vinte jogos, Maradona usou oitenta jogadores diferentes.[61] Apesar de criticado por muitos, completou um ano no comando da seleção com bons números: em 13 jogos, venceu 9 e perdeu 4.[62]
Após o árbitro apitar o fim da partida dramática contra o Uruguai, Maradona não se esqueceu das pesadas críticas que sofreu da imprensa, expressando todo o seu ressentimento em desabafos obscenos, gritando em referência às suas genitais "que la chupen, que la chupen y que la sigan mamando".[7][63] A grosseria lhe renderia uma suspensão da FIFA por dois meses, além de uma multa.[64] Posteriormente, pediu publicamente desculpas, mas apenas às mulheres e crianças.[7] A fúria contra a própria imprensa argentina era anterior até mesmo ao caso onde atirara para espantar jornalistas em 1994: em 1991, após ser preso sob efeito de drogas em Caballito, Maradona não perdoou jornalistas que insinuaram a respeito de aventuras homossexuais do jogador, apanhado na companhia de vários homens que os jornalistas apontaram como "suspeitos".[65]
Na convocação para a Copa, deixou de fora dois jogadores experientes que haviam brilhado na Internazionale triplamente campeã (campeonato italiano, Copa da Itália e Liga dos Campeões da UEFA, feito inédito na Itália) na recém-finalizada temporada 2009/10, Javier Zanetti e Esteban Cambiasso, bem como a jovens de renome como Fernando Gago e Ezequiel Lavezzi. Não esqueceu, todavia, dos surpreendentes heróis da classificação argentina - o veterano atacante Martín Palermo (autor do gol da vitória nos acrécimos sobre o Peru, na penúltima partida, minutos após o gol de empate peruano em pleno Monumental de Núñez) e o zagueiro Mario Bolatti (autor do único gol no confronto direto contra o Uruguai, na última partida), bem como de Jonás Gutiérrez, que vinha de uma campanha com o Newcastle United na segunda divisão inglesa.
Na disputa da Copa do Mundo de 2010, teve um bom começo, obtendo três convincentes vitórias em três jogos (contra Nigéria, Coreia do Sul e Grécia) na fase de grupos e tendo em Gonzalo Higuaín um dos artilheiros do mundial. Nas oitavas-de-final, a Argentina obteve grande vitória sobre o México, ganhando a oportunidade da revanche contra a Alemanha, novamente nas quartas. Porém, a competição voltou a se encerrar para os argentinos nesta fase, em derrota pelo inesperado placar de 0 x 4.
No dia 27 de julho, foi confirmado que não mais continuaria no comando da equipe.[66]
[editar] Como personagem em mídias
Em 1982, Maradona, ainda antes de consagrar-se mundialmente, manifestou seu desejo em ter um personagem de história em quadrinhos idealizado nele, inspirado no sucesso da Turma do Pelezinho, de Mauricio de Sousa.[67] Seu desejo chegou ao próprio Mauricio e um encontro entre os dois foi marcado na concentração da Seleção Argentina, às vésperas da Copa do Mundo da Espanha.[67] Empolgado, Maradona chegou a fazer o próprio rascunho do personagem que imaginava, pediu a Mauricio que o nome fosse "Dieguito" em vez de "Maradoninha", e contou ao desenhista passagens de sua infância que pudessem render histórias.[67]Mauricio saiu da Argentina com inspiração para um turma composta por outros onze personagens, dentre os quais Vaquita e Flaquito.[67] Séries de tiras inteiras para jornais, revistas e mesmo um desenho animado foram produzidas, mas acabaram engavetadas constantemente:[67] inicialmente, por conta da saída de Maradona para o Barcelona, ainda naquele ano, o que obrigou Mauricio a mudar alguns planos, com a previsão de que a Turma do Dieguito chegasse ao público argentino em 1984.[67] Todavia, naquele ano o jogador trocou novamente de clube, indo para o Napoli, obrigando novo atraso.[67] As notícias do envolvimento de Maradona com as drogas e outras polêmicas de sua vida pessoal acabaram fazendo Mauricio desistir de vez do personagem, lamentando: "Pela natureza dos problemas de Diego, resolvemos congelar o projeto. Coloquei tudo dentro de uma gaveta e nunca mais abri. Entreguei tudo para a mulher dele. (...) Dieguito poderia, quem sabe, ter dado um rumo diferente à vida de Maradona".[67]
Ainda assim, em 2005, o personagem Dieguito foi brevemente utilizado no programa televisivo de Maradona, La Noche del Diez, no dia em que Pelé foi entrevistado. Em uma animação, ele joga bola com Pelezinho, tal qual seus inspiradores fariam no programa.[67] Ficou a promessa de que Dieguito voltaria a ser utilizado, para campanhas de responsabilidade social.[67]
Ainda em 2005, foi lançado "Amando a Maradona - Una película sobre el amor incondicional", videotributo de Javier Vázquez que reúne imagens pouco conhecidas, testemunhos de pessoas próximas a Diego, de adeptos da Igreja Maradoniana e de diversos outros fãs.[3] O cartaz do filme mostra uma Seleção Argentina composta por onze Maradonas, com rostos que correspondem a distintas épocas de sua vida.[3] Em 2008, outro documentário biográfico sobre o ex-jogador foi lançado: "Maradona by Kusturica", produzido pelo cineasta sérvio Emir Kusturica.
O cantor franco-espanhol Manu Chao é outro que já homenageou Maradona, tendo composto duas músicas para o ídolo: "Santo Maradona" e "La Vida Tombola", esta última pertencendo à trilha sonora do filme de Kusturica.[68]
[editar] Títulos
- Mundial Sub-20 (1979)
- Campeonato Argentino (1980-81)
- Copa do Rei (1982-83)
- Copa do Mundo (1986)
- Campeonato Italiano (1986-87)
- Copa da Itália (1986-87)
- Copa da Uefa (1988-89)
- Campeonato Italiano (1989-90)
- Supercopa da Itália (1991)
[editar] Artilharias
- Campeonato Metropolitano Argentino (1978, 1979 e 1980)
- Campeonato Nacional Argentino (1979 e 1980)
- Campeonato Italiano (1987-88)
- Copa da Itália (1987-88)
[editar] Ver também
Referências
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- ↑ "Pelé x Maradona", Martín Mazur, FourFourTwo, número 6, abril de 2009, Editora Cádiz, págs. 24-27
- ↑ a b c "Diego eterno", Elías Perugino, Placar número 1291, fevereiro de 2006, Editora Abril, pág. 40
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an ao ap aq ar as at "Por que Pelé e Maradona não sossegam?", Especial Placar Retrospectiva 2004, número 1277-A, dezembro de 2004, Editora Abril, págs. 56-61
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- ↑ ALLIATTI, Alexandre. Histórico: Argentina bate Uruguai, vai à Copa e manda rival para repescagem Globoesporte.com
- ↑ Maradona desabafa após classificar Argentina para Copa iG Esporte.
- ↑ "ARGENTINA: Desorganizada, mas favorita", Felipe Lobo, Trivela.com
- ↑ Maradona completa um ano no comando da seleção argentina Abril.com.
- ↑ "Que la chupen!", Elías Perugino, Placar número 1336, novembro de 2009, Editora Abril, pág. 22
- ↑ Maradona leva suspensão de dois meses da Fifa
- ↑ "Marador", Edgardo Martolio, ESPN, número 1, novembro de 2009, Ed. Spring, pág. 47
- ↑ AFA confirma que Maradona não é mais o técnico da Argentina. Globoesporte.globo.com (27 de julho de 2010). Página visitada em 27 de julho de 2010.
- ↑ a b c d e f g h i j "Craque na gaveta", Carlos Eduardo Freitas, Trivela número 25, março de 2008, Trivela Comunicações, págs. 62-63
- ↑ "Manu Chao não para de homenagear Maradona", LazerMúsica
[editar] Ligações externas
- Página oficial (em castelhano)» in Wikipédia.
Maradona - (the Original)
Tributo a Maradona
Maradona - (Gambeta)
Diego Armando Maradona - (El Pibe de Oro)
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