18/06/09

Música Portuguesa - Morreu o Grande Maestro e Compositor da Música Portuguesa, José Calvário!

«O maestro e compositor José Calvário morreu hoje, aos 58 anos, em Oeiras.

José Calvário sofreu um enfarte em Novembro de 2008 e encontrava-se desde então em estado vegetativo. Depois de ter estado internado em vários hospitais, ficou alojado numa unidade de cuidados continuados em Oeiras.
Autor de canções como "E Depois do Adeus" e "Flor sem Tempo", Calvário deixa viúva e dois filhos, um dos quais menor.
O maestro José Calvário nasceu no Porto em 1951 e o piano foi um dos primeiros e marcantes "encontros" da sua vida. Tinha seis anos quando deu o seu primeiro recital, no Conservatório de Música daquela cidade.
Não muito tempo depois, com 10 anos, já então sabendo ler partituras, deu o primeiro concerto. A orquestra foi a Sinfónica do Porto, dirigida pelo maestro Silva Pereira.
Parecia encaminhado para uma carreira na música clássica mas assim não foi. Outras experiências lhe estavam reservadas e outra havia de ser a música em que se tornaria conhecido.
Depois do Porto, a etapa seguinte foi a Suíça, onde os pais queriam que se formasse em Economia.
Na Suíça, Calvário aceita o convite de colegas estudantes e integra uma orquestra de jazz. Os estudos postos de lado, acaba por receber dos pais a ordem de regressar, e cumpre-a.
Em 1971 está em Lisboa e um dia lê um anúncio do Festival da Canção. Decide concorrer - mal sabendo então que um ciclo decisivo da sua vida se inaugurava então.
Logo ano seguinte, com José Niza, representa Portugal na Eurovisão e o resultado é assinalável. A canção portuguesa consegue então uma das melhores classificações de sempre.
Regressará ao Festival com Niza e a canção "E depois do adeus", que algum tempo depois seria uma das canções-chave do 25 de Abril.
Grava com cantores como Adriano Correia de Oliveira, Fernando Tordo, Carlos Mendes, entre outros, e a sua presença no cenário musical internacional intensifica-se. Recebe solicitações de diversas etiquetas.
Regressa à Suíça, onde permanece durante algum tempo trabalhando como jornalista, mas Portugal volta a impor-lhe o seu apelo.
"Saudades", um álbum de 1985, gravado com a Orquestra Sinfónica de Londres, é um sucesso de vendas. Calvário é já então um maestro e compositor conceituado em estúdios como o de Abbey Road, como assinalou à Lusa o cantautor Fernando Tordo.
Nos anos seguintes, a internacionalização prossegue e Calvário recebe, de vários quadrantes, convites para dirigir orquestras, gravar, compor. Os álbuns que grava são da ordem das dezenas, pagos alguns a expensas próprias. Ele tinha um "talento absolutamente invulgar", nas palavras de Tordo.
O mesmo Tordo assinalou à Lusa um outro traço da personalidade de Calvário: era, disse, uma figura "controversa, como convém a um artista".
Essa característica o terá levado, há poucos anos, a contestar a actual direcção da Sociedade Portuguesa de Autores, que acusou de ter cometido várias irregularidades.
Estava doente há oito meses, em "estado vegetativo" desde que o acometera um enfarte.» in marao online.

XLV Festival RTP da Canção 2009 - Homenagem ao Maestro José Calvário

Paulo de Carvalho - "E Depois Do Adeus" - (Festival RTP 1974)

Fernando Tordo - "Tourada" - (Festival RTP 1973)



3 comentários:

  1. Helder Barros,
    vai para uns dez anos, ouvi, na R.R., entrevista a Maestro e Compositor José Calvário, e, motivado por declarações suas sobre «intérpretes» seus, como reflexo da nossa triste condição, e da nossa triste tristeza, escrevi, embora divertido, amargurado, quanto segue:

    Selectas bocas ouvem
    até descortinarem a última anedota.
    Tarde e a más horas entram a estúdio os porreiros artistas.
    Após triviais palmadinhas em costas camaradas,
    ao maestro a mandam.

    Não era uma anedota, que quereiria te enviar, e a José do outro lado da vida, agora, mas enfim...
    Cada qual dá o que pode.
    Ochoa, Ângelo

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  2. Viva José calvário e a sua Obra de Qualidade Superior, Amigo Ôchoa!

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  3. hELDER bARROS AMIGO INCONDICIONAL: A FIM DE QUE MELHOR ENTENDAM MEU COMMENT A ESTE POST DE ONTEM LHES DIREI QUE NA REFERIDA ENTREVISTA JOSÉ CALVÁRIO SE QUEIXAVA DA FALTA DE BRIO DE SEUS MÚSICOS E ELE NÃO ERA DADO A BRINCAR EM SERVIÇO... A PERFEIÇÃO E SUA BUSCA, QUE TEM POR LIMITE O BOM DEUS E SUA PLENITUDE, NÃO SE COMPADECE COM AMADORISMOS MEDÍOCRES E MUITO MENOS COM FALTA DE ZÊLO E DE SENTIDO DE RESPONSABILIDADE NO QUE SE FAZ. ENTENDÊSSEMOS NÓS ISSO, E NÃO NADÁVAMOS NA BAGUNÇA E NO DESENRASCA E NO CONIVENTE COMPADRIO DE TODOS OS DIAS, EM TODAS AS ÁREAS DA NOSSA PÚBLICA VIDA!

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