Mais de um século depois da sua descoberta, aquele objecto encontrado nos EUA continua a ser um mistério arqueológico.
Brooksella, uma espécie de fóssil mas que não é fóssil.
Em forma de estrela, foi encontrado na zona do rio Conasauga, nos Estados Unidos da América.
Na verdade já foi descoberto no século XIX, mais concretamente em 1896. Foi descrito como uma água-viva com forma medusóide, quando foi descoberta pelo paleontólogo Charles Doolittle Walcott.
Agora, um estudo publicado no PeerJ apresenta novos dados morfológicos, químicos e estruturais para analisar as suas afinidades hexactinelídeas e para avaliar se é um traço fóssil ou pseudo-fóssil.
Foram analisadas superfícies externas e transversais, secções finas, através de tomografia computadorizada de raios-X (TC) e imagens 3D; e nada indica que Brooksella seja uma esponja hexactinelídea ou um fóssil residual.
Tem vazios abundantes e tubos orientados de forma variada, consistentes com múltiplos organismos que escavam, mas essas estruturas não têm relação com a morfologia externa semelhante a um lóbulo de Brooksella.
Além disso, este objecto não tem padrão de crescimento comparável ao crescimento linear dos primeiros hexactinelídeos do Paleozóico; o seu crescimento é semelhante a concreções sindeposicionais.
Retirando os lóbulos e depressão central ocasional, Brooksella tem microestrutura que sugere que é um membro final morfologicamente incomum das concreções de sílica da formação.
É uma forma incomum de sílica – uma partícula mineral natural que se pode fundir para formar formas esféricas, cúbicas ou hexagonais.
É um “pseudo-fóssil”.
“Descobrimos que Brooksella não tinha características de esponjas de vidro, especialmente as espículas fundidas com opalina que compõem o corpo”, explicam os pesquisadores, citados no Science Alert.
“Nem cresceu como uma esponja cresce, ao longo da sua vida.”
O que parece ser a ‘boca’ de Brooksella é na verdade orientada para baixo em direcção ao sedimento, tornando extremamente difícil filtrar alimentos da água como fazem as esponjas.
E este “fóssil” está ali há tanto tempo (período Cambriano médio, mais de 500 milhões de anos, estimam os cientistas) que é mais antiga do que a primeira estrela-do-mar encontrada no planeta. Também não é estrela-do-mar.
Nenhum sinal aponta para produção de lóbulos em forma de estrela. Por isso, também não seria verme escavador.
Mas o mistério vai continuar.
ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/fossil-misterio-524342
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