13/03/23

História e Arqueologia - Uma descoberta no sítio arqueológico da Rocha do Vigio, no Alentejo, indica que já se usavam ferramentas de aço da Europa muito antes do que se pensava.


«Descoberta arqueológica em Portugal com 2900 anos pode reescrever a História

Uma descoberta no sítio arqueológico da Rocha do Vigio, no Alentejo, indica que já se usavam ferramentas de aço da Europa muito antes do que se pensava.

Um novo estudo publicado na Journal of Archeologial Science desafia a crença história de que as ferramentas de aço só se espalharam pela Europa durante o Império Romano.

A pesquisa descobriu que as ferramentas de aço já estavam a ser usadas na Europa há cerca de 2900 anos, durante o Final da Idade do Bronze. E as ferramentas analisadas não foram encontradas num país qualquer, mas sim em Portugal.

Os investigadores fizeram análises geoquímicas a estelas antigas da Península Ibérica — pedras erguidas tipicamente esculpidas com imagens ou palavras — e descobriram que estas eram feitas com arenito de quartzo silicatado.

“Tal como a quartzite, esta é uma rocha extremamente dura que não pode ser trabalhada com ferramentas de bronze ou pedra, apenas com aço temperado“, explica o primeiro autor do estudo, Raphael Araque Gonzalez.

Para confirmar se estes monumentos foram verdadeiramente esculpidos com ferramentas de aço, os investigadores analisaram uma cinzel de ferro encontrado em Rocha do Vigio, na margem direita do Guadiana, no Alentejo, que também remonta à Idade do Bronze Final.

Os cientistas descobriram que o cinzel era feito de aço heterogéneo rico em carbono, que foi preciso para trabalhar com o duro arenito de quartzo silicatado.

Os investigadores testaram como outras ferramentas da época conseguiriam esculpir uma pedra igual e apenas apenas o cinzel de aço temperado foi capaz de fazer inscrições, escreve o ZME Science.

“O cinzel da Rocha do Vigio e o contexto onde ele foi encontrado mostram que a metalurgia do ferro, incluindo a produção e têmpera do aço, foram provavelmente desenvolvimentos nativos de pequenas comunidades descentralizadas da Península Ibérica, e não devido à influência de processos de colonização posteriores”, diz Araque Gonzalez.

“Os povos da Idade do Bronze tardia na Península Ibérica eram capazes de temperar o aço. Caso contrário, não teriam podido trabalhar os pilares”, acrescenta.

“Isso também tem consequências para a avaliação arqueológica da metalurgia do ferro e esculturas de quartzito em outras regiões do mundo”, conclui o investigador.

O estudo tem implicações importantes na avaliação arqueológica de esculturas de metalurgia do ferro e quartzito noutras regiões do mundo. Até agora, supunha-se que não era possível produzir aço de qualidade adequada no início da Idade do Ferro e certamente não na Idade do Bronze Final.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/descoberta-portugal-2900-anos-reescrever-historia-525253

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