«Morreu a cantora Maria Guinot
A cantora e pianista que representou Portugal no EuroFestival de 1984 com o tema "Silêncio e Tanta Gente" morreu hoje aos 73 anos, vítima de uma infeção respiratória.
Maria Guinot, de seu nome Maria Adelaide Fernandes Guinot Moreno, nasceu em Lisboa a 20 de junho de 1945, iniciou a sua carreira no mundo do espetáculo no final da década de 1960, com um programa de rádio, mas foi a sua participação em dois festivais da canção que a tiraram do anonimato.
A primeira vez, em 1981, apresentou-se com o tema "Um Adeus, Um Recomeço" e ficou em terceiro lugar. Nesse ano participou também no Festival da Canção da Rádio Comercial com os temas "Falar Só Por Falar", "Vai Longe O Tempo" e "Um Viver Diferente" e lança o single "Falar Só Por Falar".
Em 1984 volta ao Festival RTP da Canção com "Silêncio e Tanta Gente" e fica em primeiro lugar, representa Portugal na Eurovisão, mas apesar da excelente receção a canção não foi além do 11º lugar da Eurovisão.
O corpo de Maria Guinot estará a partir de amanhã, pelas 16:00, na Igreja da Parede, seguindo o funeral na manhã de segunda-feira para o cemitério de Barcarena, para ser cremado.
A autora, compositora, cantora e pianista editou o seu último álbum há 14 anos, em 2004, "Tudo Passa". Em 2010, abandona definitivamente a carreira após sofrer três AVC, mas nunca deixou de ser a mulher que na noite de 7 de março de 1984, num espectáculo apresentado por Fialho Gouveia e Manuela Moura Guedes, se sentou ao piano e surpreendeu os portugueses pela qualidade do seu trabalho.
Guinot assinava a letra e a música da canção que levou ao EuroFestival desse ano, que apesar da boa receção não ultrapassou o 11.º lugar. A Europa ouviu cantar em português "Ás vezes, é no meio do silêncio que descubro as palavras por dizer/Ás vezes, sou um sim alegre ou um triste não." Ou "Troco a minha vida por um dia de ilusão."
Depois disso, Maria, que aos quatro anos se mudou para Almada e aí aprendeu a tocar piano, participou com autores como José Mário Branco, Carlos Mendes e Manuel Freire.
Em 1986, e em "Homenagem às mães da Praça de Maio" é incluído no duplo álbum 'Cem anos de Maio', editado pela CGTP.
No programa "Deixem Passar a Música", gravado para a RTP, acompanhada pela orquestra dirigida por José Mário Branco nas canções "Atlântida", "Balada das Meias Palavras", "Ai Quem Me Dera", "O Baile das Segundas Feiras", "Feiras das Existências" e "A Bela Adormecida".
Em play-back apresentou "As Mães da Praça de Maio" e "Saudação a José Afonso" (canção recusada pelo júri do Festival RTP da Canção desse ano, ainda com o nome de "A Título Póstumo").
Ainda no mesmo programa, José Mário Branco cantou "Remendos e Côdeas", António Vitorino de Almeida acompanhou-a, ao piano, no tema "Porque Choram os Teus Olhos", e Manuela de Freitas disse o poema "Catarina", de Sophia de Mello Breyner.
Em 1987 foi editado o álbum "Esta Palavra Mulher", uma edição de autor. Participa no Festival da Canção desse ano ao assinar a letra de "Imaginem Só" defendida por Ana Alves.
Colabora no disco "Correspondências" de José Mário Branco.
Em 1991 é editado pela UPAV o álbum "Maria Guinot" com produção de José Mário Branco. Participam neste disco José Marinho, piano, teclados; Irene Lima, violoncelo; Luís Oliveira, viola acústica; Tony Rato, baixo eléctrico; Carlos Bica, contrabaixo; Ricardo Ramalho, flauta; Edgar Caramelo, saxofone tenor; João Nuno Represas, percussões; Fernando Ribeiro, acordeão; Maria Guinot, piano; e Artur Moreira, clarinete.
Em 1999 é editado pelo Ediclube o livro "Histórias do Fado" de Maria Guinot, Ruben de Carvalho e José Manuel Osório, sob o tema de "Um século de Fado".
Lança em 2004 o livro "Memórias de um espermatozóide irrequieto", que inclui também um CD com 13 inéditos de nome "Tudo Passa".
Maria Guinot faleceu neste dia de 3 de novembro vítima de infeção respiratória na Parede.» in https://www.dn.pt/cultura/interior/morreu-a-cantora-maria-guinot-10127165.html?utm_source=Push&utm_medium=Web
Maria Guinot - "Silêncio e tanta gente"
"Silêncio e Tanta Gente
Maria Guinot
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
É um grito
Que nasce em qualquer lugar
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um altar aonde não estou
Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou é um grito
De um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou
Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão
Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão"
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