15/02/17

Política de Saúde - A indústria farmacêutica está a desinteressar-se pela produção dos fármacos usados nas quimioterapias de muitos tipos de cancro, porque são baratos e dão menos lucro.



«“É muito grave”. Farmacêuticas cortam nos medicamentos baratos para o cancro

Em causa estão “fármacos básicos necessários para cerca de 80% dos doentes oncológicos”, segundo uma investigadora do Centro Champalimaud.

Estão a escassear os medicamentos básicos para a maioria dos doentes oncológicos. A indústria farmacêutica está a desinteressar-se pela produção dos fármacos usados nas quimioterapias de muitos tipos de cancro, porque são baratos e dão menos lucro.

A notícia é avançada na edição desta quarta-feira do “Jornal de Notícias”, segundo o qual o problema é global e afecta toda a Europa e também os Estados Unidos.

“Estamos a falar de fármacos básicos necessários para cerca de 80% dos doentes oncológicos”, afirma ao jornal a responsável da Unidade da mama e do Programa de Investigação do Cancro da Mama do Centro Clínico Champalimaud, Fátima Cardoso.

A especialista diz-se preocupada e o director do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direcção-Geral de Saúde, Nuno Miranda, fala em “problema muito grave”, dado que muitos dos medicamentos em causa são insubstituíveis.

O Infarmed confirma a dificuldade de aquisição dos fármacos, o que obriga a um controlo maior dos stocks, mas descarta a ideia de ruptura persistente – “existem pontualmente medicamentos em situação de ruptura”, afirma.

Por isso, diz Nuno Miranda, as farmácias hospitalares estão a emprestar medicamentos umas às outras para ir resolvendo as falhas.

“Em alguns casos, tem-se optado por terapias mais caras ou tentar encontrar outros fornecedores”, acrescenta.

Na opinião de Fátima Cardoso, o problema de produção leva a carências na distribuição: “como não são produzidas quantidades suficientes, são vendidos nos países que podem pagar mais e esgotam nos países mais pobres”, explica, avançando que a Alemanha, por exemplo, “chega a pagar cinco vezes por alguns destes fármacos”.

Na opinião de Nuno Miranda, não cabe a um só país resolver este problema grave e cíclico. “Já foi discutido na União Europeia e na Organização Mundial de Saúde, mas ainda não foram dados significativos”, lamenta, em declarações ao JN.» in http://rr.sapo.pt/noticia/76097/e_muito_grave_farmaceuticas_cortam_nos_medicamentos_baratos_para_o_cancro?utm_source=rss

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