"MORTE DA POESIA
Vivo desde sempre um fado maldito:
O corpo cansa e à noite se entrega,
Mas a minha alma só me sossega,
Quando este dia estiver escrito.
Navego em cais abandonado,
É esse o meu estado de “graça”,
Momento tão desencontrado,
Já não sei mesmo o que faça!
Rio e choro ao mesmo tempo,
Talvez escreva por devaneio,
Pudesse parar o pensamento!
Já nem sei bem o que anseio!
Coloquem-me uma mordaça!
Ceguem-me! É o meu desejo.
Fique surdo ou outra desgraça!
Não quero sentir o que vejo!
Farto de declamar a saudade,
De escrever quadras à emoção,
Rimar versos com felicidade,
A partir de hoje, poesia, não!
Querem dor de lacrimejar?
Vejam filmes de paixão!"
Eugénio Mourão
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