08/08/12

Ambiente e Ecologia - A percentagem da superfície terrestre atingida por temperaturas muito elevadas no Verão aumentou nas últimas décadas, subindo de 1% nos anos anteriores a 1980 a até 13% nos anos recentes, segundo um novo trabalho científico!



«Calor extremo está a disseminar-se pelo planeta, diz estudo

A percentagem da superfície terrestre atingida por temperaturas muito elevadas no Verão aumentou nas últimas décadas, subindo de 1% nos anos anteriores a 1980 a até 13% nos anos recentes, segundo um novo trabalho científico.

A mudança é tão drástica, diz o estudo, que os cientistas podem dizer quase com certeza que os eventos como a onda de calor no Texas no ano passado, a da Rússia em 2010 e a da Europa em 2003 não teriam acontecido sem o aquecimento global causado pelas emissões de gases com efeitos de estufa causadas pelo homem.

Essas alegações, que vão além do consenso científico sobre o papel das alterações climáticas como causa de eventos meteorológicos extremos, foram feitas por James Hansen, estudioso do clima da Nasa, e dois co-autores num estudo publicado na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

«O mais importante é olhar as estatísticas e ver que a mudança é demasiado grande para ser natural», afirmou Hansen em entrevista.

Os resultados provocaram uma divisão imediata entre os seus colegas cientistas.
Alguns especialistas dizem que ele descobriu uma forma inteligente de entender a magnitude dos eventos climáticos extremos que as pessoas têm notado em redor do mundo. Outros sugerem que Hansen apresentou argumentos estatísticos fracos para dar suporte às suas alegações e que o estudo tem poucas informações novas.

A divisão é característica das reacções fortes que Hansen tem causado no debate sobre as alterações climáticas.

Como líder do Instituto Goddard de Estudos Espaciais em Manhattan, ele é um dos principais cientistas de clima da Nasa e guarda os seus registos da temperatura terrestre ao longo dos anos. Mas também se tornou um activista que marcha em protestos para pedir novas políticas de governo quanto à energia e ao clima.

O lado ativista de Hansen, que já o levou à prisão em quatro protestos, tornou-o um herói da esquerda americana. Mas também causou desconfiança entre os seus colegas cientistas, que temem que as suas actividades políticas estejam a colocar em dúvida os seus achados sobre a ciência climática.

Os chamados cépticos do clima acusam Hansen de manipular os registos de temperatura para fazer o aquecimento global parecer mais severo, mas não há provas de que ele tenha feito isso.

Há tempos os cientistas crêem que o aquecimento da Terra no último século, especialmente após 1980, tenha sido causado pela queima de combustíveis fósseis. Mas ainda não há certeza sobre se é possível atribuir a essa acção humana a ocorrência de eventos extremos como ondas de calor ou tempestades.

No novo estudo, Hansen compara o clima de 1951 a 1980, antes do «grosso» do aquecimento global, com os anos de 1981 a 2011.

Ele e a sua equipa calcularam quanto da superfície terrestre em cada período foi submetida em Junho, Julho e Agosto (Verão no hemisfério norte) a climas extremos. Entre 1951 e 1980, só 0,2% da Terra foi atingido por calor extremo no Verão. Mas de 2006 a 2011, o calor extremo cobriu de 4% a 13% do mundo.

«Isso confirma as suspeitas das pessoas de que coisas estão a acontecer com o clima. Só vai piorar», disse Hansen.

Os achados levaram a equipa dele a dizer que as ondas de calor e a seca dos últimos anos são uma consequência directa das alterações climáticas. Os autores não deram provas cabais desse processo, mas sim um argumento circunstancial de que só aquecimento pode ser a causa desses eventos extremos.

Andrew Weaver, cientistas do clima na Universidade de Victoria, no Canadá, comparou o aquecimento recente a surtos de sarampo em lugares diferentes. Como com a epidemia, disse ele, faz sentido suspeitar de uma causa comum.

Outros cientistas não concordam. Claudia Tebaldi, da organização Climate Central, diz que os achados do trabalho não são novos e que a atribuição de ondas de calor específicas ao aquecimento global não tem base sólida.

Martin Hoerling, do National Oceanic and Atmospheric Administration dos EUA, diz que partilha a preocupação de Hansen mas que ele está a exagerar sobre a ligação entre o aquecimento global e eventos específicos.

Hoerling publicou um estudo sugerindo que a onda de calor russa de 2010 foi consequência de variações naturais do clima. Num novo artigo, ele diz que a seca no Texas em 2011 também teve causas naturais.

O pesquisador diz que o trabalho de Hansen confunde seca, causada por falta de chuva, com ondas de calor. «Este não é um trabalho científico sério. É uma percepção, como diz o título do artigo. Percepção não é ciência.» in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=586358


(Effects of Nature HD)


(Globo HD - Fantástico - derretimento de gelo na Gronelândia)


(Ruptura Glaciar 2012)

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