23/08/12

Corrupção - O Cancro que ameaça destruir a sociedade Portuguesa e arrastar o País para um caminho sem retorno! (Artigo a publicar na edição desta semana do Jornal de Amarante)



"Corrupção, o “Cancro” de Portugal

A Revolução de Abril foi um acontecimento histórico que alavancou um grande progresso humano, social e económico para o Portugal contemporâneo; que não restem dúvidas quanto a isso. E mais, a História não pode ser analisada de forma profunda, quando estamos ainda com pouco espaçamento temporal dos acontecimentos reais que queremos estudar, sob pena de estarmos a fazer interpretações de acordo com os nossos posicionamentos ideológicos e vivências sociais. Apesar disso, a História é sempre uma interpretação dos acontecimentos, com maior ou menor sincronismo no tempo, espaço e realismo factual.

Depois deste preambulo e fazendo uma retrospetiva dos casos de corrupção mais mediáticos que abalaram a sociedade portuguesa, no pós vinte e cinco de abril, tempo em que tenho registo de memória, começando pelo caso “Melancia” até ao caso “Relvas”, tem sido um fartar vilanagem, com a classe política a não ser um garante do normal funcionamentos das instituições, o que tem sido arrasador em termos da má governança Política, do mau funcionamento da Justiça, de mau exemplo dado aos cidadãos… até ao abismo em que a sociedade portuguesa chegou… 

E, olhando para a História de Portugal num horizonte mais longínquo, tendo em atenção a nossa grandiosa diáspora, poderemos constatar algo que se constitui como um denominador comum, nos povos que foram colonizados por nós: em todos os países que pertenceram às nossas colónias, a corrupção é uma realidade preocupante, percuciente e lancinante para o desenvolvimento social dos mesmos… não teremos nós enquanto nação, nada a ver com isso?... 

Portugal é de facto, um País onde reina o nepotismo, o amiguismo, o facilitismo… a corrupção! Agora que estamos quase a cair ao fundo do poço, não faltam teóricos, que nos bombardeiam com estudos mais ou menos elaborados, sobre as causas da nossa crise, designadamente, no campo socioeconómico. Eu, pessoalmente, gostaria que se estudasse com bastante seriedade, o impacto que o peso dos fatores acima apontados tem no atual status quo nacional. E não me refiro só a dados sobre a economia paralela que os media tanto referem, com estimativas de valores, a meu ver, sempre muito abaixo, dos valores reais. 

O Eng. João Cravinho tentou criar um pacote de medidas anticorrupção, perfeitamente ciente da péssima situação do país, no que se refere a esse autêntico cancro social. Quer nas fileiras do próprio partido em que se inseria, quer nas da oposição, foi grande a resiliência para que esse conjunto de medidas, nunca fosse posto em prática… este facto, só por si, traduz algo incontornável no nosso funcionamento enquanto país: a corrupção é uma instituição poderosa em Portugal, tantas vezes cultivada em clubes secretos com putativos ideais filantrópicos, em que grupos de homens praticam rituais bizarros usando aventais… talvez para cozinharem a nossa desgraça enquanto nação!

Na minha atividade enquanto docente, tenho o enorme privilégio de conviver diariamente com as novas gerações, o que me dá sempre um feed-back muito próximo da sua forma de pensar e de encarar a vida, que é sempre diferente da nossa: nem melhor, nem pior; a juventude tem sempre uma perspetiva diversa das gerações anteriores, mas recebe, concomitantemente, muitas influências destas, como é natural, numa relação geracional.

E então, quando falamos, por exemplo no seu futuro profissional, tal como as pessoas das gerações anteriores, os jovens lá me referem o famoso fator “C” (cunha), como principal meio para seguirem uma dada carreira profissional, ou para arranjarem um emprego, ou um qualquer trabalho. A ideia que lhes é veiculada pela sociedade em geral, raramente passa por relevar uma cultura de mérito, por desafiar os jovens a lutar com as suas próprias armas… não, há sempre alguém pronto a “ajudar”… a atalhar o caminho por carreiros ínvios!

Se olharmos à nossa volta com algum cuidado e atenção, facilmente poderemos constatar o que é por demais evidente. Para tirar uma simples carta de condução, para arranjar trabalho, para conseguir um ato médico mais complexo no Serviço Nacional de Saúde, para obter licenciamentos de diversa ordem, para evitar multas de trânsito, para ter acesso a prestações sociais, para não pagar impostos… toca a atalhar. Poderia estar aqui a desfiar o rol de atividades ilícitas bem entranhadas na sociedade portuguesa escrevendo muito mais linhas, mas tal seria fastidioso para os leitores, igualmente conhecedores e sofredores desta triste sina lusitana, da qual temos muita dificuldade em nos libertarmos.

Se entrarmos no domínio do nubloso mundo autárquico, constata-se facilmente que, o nepotismo e amiguismo são as formas principais do seu funcionamento. É só atentar nos inúmeros casos de autarquias com vários mandatos consecutivos e verificar em cada local, o número de funcionários que entraram para pagar favores políticos, os licenciamentos atribuídos e a quem, as violações do PDM e quem são os beneficiários das mesmas, a falta de licenciamentos e de quem, os contratos de fornecimento e com quem, as associações mais beneficiadas e quem são… etc, etc, etc. Mas claro, tudo dentro da legalidade, dizem eles, cientes que as leis se fizeram para se subverterem. Tornaram-se peritos em contornar e manipular as leis a seu bel-prazer! Empresas Municipais, nem vale a pena comentar… 

E pasme-se, nem as Instituições de Solidariedade Social, Associações e Cooperativas escapam à promiscuidade entre a política e a corrupção estabelecida. Alguns até erguem estátuas em vida e criam exercícios de escrita onde se promove o autoelogio doentio, fazendo da sua passagem pela gestão das mesmas, uma alavanca mais ou menos clara, para dar o salto para a política, ou para a chefia de outras organizações. Também aí, o nepotismo, o clima de lista única, de prepotência e de respeitinho predominam; são grandes democratas e antigos revolucionários que, quando em posição de poder, se transformam em pequenos ditadores, com medíocres lideranças, líderes de cera rodeados de gente sem coluna vertebral.

Portanto, reconhecendo eu a enorme culpa da classe política neste estado de coisas, pela especial responsabilidade que os seus cargos implicam, não poderei ilibar a nossa complacência e contribuição direta ou indireta, para tal. É que os políticos são provenientes da sociedade civil, onde todo o tipo de esquemas obscuros são tidos como normais… se não for assim, não se consegue nada, é o que se ouve por aí! Basta atentar no poder que as grandes construtoras têm sobre os Poderes Local e Central. E quem se mete com eles, leva; como dizia uma bem conhecida figura, que está muito bem na sua vida de esquerda aburguesada!

Há dados que nos referem que os países do Norte da Europa, tem níveis de corrupção muito baixos e onde, por exemplo, pagar impostos é encarado como uma obrigação natural. E parece que decorre disso, que o seu nível de vida é muito melhor do que o nosso. Um dia, mais tarde ou mais cedo, os países do Sul, com um especial enfoque para Portugal, tenderão a querer mudar realmente esta situação. Confesso que me sinto pessimista quanto à brevidade disso, pelo desenrolar da nossa evolução social, mas há sempre uma réstia de esperança; um dia talvez acordemos para os verdadeiros focos que estão a fragilizar perigosamente a nossa Democracia… subvertendo-a, não raras vezes!

O Poeta Fernando Pessoa, que pensava nestes e noutros assuntos com muita profundidade e proficiência, dizia no seu tempo: "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Para terminar só mais uma nota: andam para aí uma espécie de concursos nos média que, visam escolher o melhor Presidente do Conselho, dos últimos tempos em Portugal: da primeira vez deu Salazar, agora deu Sócrates. Na minha modesta opinião, o melhor Primeiro-Ministro de Portugal foi Francisco Sá Carneiro que morreu pela honra e pela verdade… é que, por exemplo, Francisco Sá Carneiro e Avelino Amaro da Costa, queriam acabar com o promíscuo negócio de armas com o exterior e isso não agradou a muita gente importante da nossa Republica… vai daí, avião abaixo, acidente conveniente; problema resolvido! Também aqui os tão famosos brandos costumes, relevaram a faceta mais negra do lodaçal em que nos movemos… até quando!

Helder Barros"


(Corrupção em Portugal por Paulo Morais)


(Corrupção em Portugal)


(Gato Fedorento - Corrupção em Portugal)


(Corrupção - Análise pelo Dr. Medina Carreira)


(Medina Carreira e Paulo Morais - Debate Completo)


Negócios da Semana - A Máfia das Parcerias Público-Privadas em Portugal (04-07-2012)


(Parlamento é o centro da corrupção em Portugal)


(Prós e Contras - RTP1 - 15 Outubro 2012 - Os melhores momentos 02)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pin It button on image hover