«Coelho: dos sonhos de adolescência à tragédia familiar
Passou por Porto, Inter e Benfica mas nesta altura pensa apenas em seguir a carreira perto dos pais.
José Coelho tem uma história para contar. Aos 22 anos, já despertou do sonho da adolescência para enfrentar um drama. Sem vergonha, o jogador português relata a sua realidade para ajudar a compor um quadro sem contos nem fadas. Há vida, dura, para além do futebol.
Em 2005, Coelho era uma das maiores esperanças do F.C. Porto. No ano seguinte, partilhou o quarto e os sonhos de Mario Balotelli nos juvenis do Inter de Milão. Logo depois, assinou contrato com o Benfica. Agora, a atualidade.
Coelho relata algumas diabruras de Mario Balotelli
«Nesta altura, estou à procura de clube. Estive na Moldávia, fui campeão pelo Sheriff e podia continuar, mas senti a necessidade de voltar para Portugal», começa por explicar.
Abel Alves e Maria, os pais, precisam dele. «Por doença, o meu pai teve de amputar uma perna há cerca de dois anos e a outra há cerca de dois meses. Está muito dependente das pessoas que o rodeiam e a minha mãe, sozinha em casa, começa a ceder.»
«Vendo as coisas tão difíceis, não podia deixar de lhes dar apoio, até sentimental», remata o jogador.
«Trocava tudo pela felicidade da família»
Coelho regressou a Paços de Ferreira. O apelo familiar foi mais forte. «É inevitável. Estive lá quatro meses e não pude vir uma única vez a casa. Estava a oito horas de viagem. A dada altura, ficava a pensar que se acontecesse alguma coisa mais grave em casa, eu não poderia estar presente.»
«Se tivesse uma boa situação em casa, certamente não voltaria tão cedo a Portugal. Mas não vai ser algo que no futuro coloque em causa. Nem se questiona, claro que trocava toda a carreira pela família, pela felicidade da família», conclui o jogador, sem pestanejar.
Coelho: «Aos 19 anos, já era uma estrela caída?»
Por isso mesmo, não se arrepende do adeus à Moldávia. «Fui para lá quando o meu pai tinha acabado de amputar a segunda perna. Ele estava a lidar bem com o facto porque tinha escapado à morte. Mas agora, sentindo que não tem liberdade de movimentos, está a custar-lhe muito», admite.
«Vi os problemas que rodeiam os meus colegas»
Nesta altura, José Coelho já esqueceu F.C. Porto, Inter, Benfica. Os sonhos e as promessas. Quer apenas jogar futebol, preferencialmente junto da família. Está sem clube, livre de contratos, à procura de uma solução. Mesmo sabendo as dificuldades que poderá encontrar.
«Na Moldávia, nunca surgem dúvidas sobre os salários ao final da mês. Eu felizmente não passei por essas dificuldades porque estive vinculado ao Benfica durante estes anos, mas passei por clubes mais pequenos e via os problemas que rodeavam os meus colegas», frisa.
Em janeiro de 2012, Coelho seguiu João Pereira (jovem internacional português formado no Benfica) e assinou pelo F.C. Sheriff, clube de Tiraspol, Moldávia. Valeu a pena.
«Foi uma boa experiência, jogar num campeão é sempre bom. É uma sociedade totalmente diferente, um nível de vida e um clima diferente. Quando cheguei, estavam 25 graus negativos! Foi diferente mas bom, porque as coisas aqui não estavam a correr pelo melhor», reconheceu.
O futuro parecia sorrir novamente para Coelho. «As coisas correram bem, deixei uma boa imagem. Era quase uma rampa para o campeonato ucraniano e russo, porque lá há sempre imensos olheiros. Acreditava que ia ser bom para mim». Quis voltar. Pela família. No fundo, pelo que é mais importante.» in http://www.maisfutebol.iol.pt/superliga-geral/jose-coelho-jose-alves-coelho-balotelli-fc-porto-inter-benfica/1361630-1676.html
(José Alves COELHO - 90)
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