17/03/09

Educação em Portugal: "Testemunho do Prof. Armando Lopes de Paredes de Coura, acerca das pressões da DREN!"

«Testemunho do Professor Armando Lopes de Paredes de Coura

Numa decisão do Conselho Pedagógico do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura foi aprovada a suspensão de algumas actividades. Num total de 164 actividades que integram o Plano Anual de Actividades, foram suspensas cerca de 10. As actividades suspensas foram apenas aquelas que nãointerferissem com questões pedagógicas e curriculares nem com a formação geral dos alunos, pois são estes o cerne do sistema educativo e jamais poderiam ser prejudicadas. Convém salientar ainda que o Plano Anual de Actividades é, como o próprio nome indica, um plano. É uma previsão, não é um documento jurídico, pelo que, pode ou não cumprir-se pelas mais variadas razões. Mais, é aprovado pelo Conselho Pedagógico e ratificado pelo Conselho Geral, pelo que, sendo um dos documentos emblemáticos da tão falada autonomia das escolas, só a estes órgãos compete a sua alteração.
Ao longo destes últimos dias temos tido o (des)prazer de ler na comunicação social aquilo que a Associação de pais deste Agrupamento de Escolas tem vindo, numa atitude de pura má fé, a veicular: foram suspensas todas as actividades. A verdade é que foram suspensas cerca de 6% das actividades, num Conselho Pedagógico onde os Pais estão representados. Ou mentiram propositadamente ou então pessoas com um coeficiente de inteligência tão diminuto, que não entenderam nada daquilo que o Conselho Pedagógico decidiu.
Aquilo que me espanta (a mim e a todos os professores deste agrupamento) é a importância dada ao desfile de carnaval! De facto é estranho que os Pais se preocupem com a participação no desfile de carnavalnas ruas da vila. Não é a comemoração do carnaval na escola (pois esta nunca esteve em causa), é acomemoração do carnaval na rua!
Os momentos que se seguiram são dignos de servirem para o guião de um filme ilustrativo do antigo regime:

Terça-feira à noite:
A presidente do Conselho Executivo é informada por telefone que está proibida
de prestar declarações à comunicação social.

Quarta-feira de manhã:
a escola recebe um email da Directora Regional de Educação do Norte, num
português de difícil compreensão, (espantoso, uma directiva em português macarrónico), determinando a realização do desfile.(segue em anexo).

Quarta-feira à tarde:
Chegam à escola 2 elementos do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo
e 3 elementos da Direcção Regional de Educação do Norte. Durante mais de 4 horas pressionaram o Conselho Executivo a convocar os Professores para participar no desfile de carnaval. O Conselho Executivo não cede, pois a decisão foi tomada pelo Conselho Pedagógico. Esta equipa de intimidação faz a proposta de ser pedido aos professores para participar no desfile. O pedido é feito mais tarde aos Professores que não aceitam. Só participarão no desfile se forem intimados a tal pela DREN.

Quinta-feira à tarde:
Volta à escola mais uma equipa de pressão, agora constituída por 6 elementos
do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo. Durante várias horas pressionam o Conselho Executivo.
Informam que não saem sem uma resposta e não dão respostas quanto às consequências da não convocação dos Professores.
Não é difícil perceber o que se passaria se o Conselho Executivo não convocasse os Professores para participar no desfile.
Aquilo que a DREN não teve coragem foi fazer ela mesma a convocatória.
O que vai acontecer é que os Professores deste Agrupamento vão participar no desfile pois estão solidários com o
Conselho Executivo, no qual têm um imenso orgulho. E não vão só os professores que foram “obrigatoriamente” convocados.
Os outros vão também. Vamos todos.
Afinal, o importante para a qualidade da educação no nosso país são os desfiles de carnaval.
E não me venham dizer que há aqui interesses políticos! Por favor! Portugal é uma democracia! Ou não!?»


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