«Porto: a tragédia da ponte das barcas, 200 anos depois
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Invasões Francesas
Imagem do Arquivo Fotográfico de Lisboa: uma ponte de barcas sobre o rio Tejo, 1916» in http://noticias.sapo.pt/info/artigo/986684.html
27 de Março de 2009, 12:02
Da tragédia da ponte das barcas, que ocorreu no Porto a 29 de Março de 1809, ficou uma imagem especialmente marcante. É um quadro de autor desconhecido feito por alguém que, enquanto a população aterrorizada fugia às baionetas e aos canhões franceses, se deixou ficar, não se sabe como ou porquê, e pintou o que então acontecia: as tropas napoleónicas que abriam fogo no cais da Ribeira; homens, mulheres e crianças em fuga; os corpos que caíam às aguas. Nesse dia, mais de 4000 mil habitantes da cidade morreram quando a ponte, assente em barcas que ligavam ambas as margens do Douro, colapsou, provavelmente devido ao peso.
Este quadro foi colocado depois onde estivera a ponte, e tornou-se local de romaria popular. Aí eram deixadas velas e dinheiro pelas alminhas – as "Alminhas da Ponte”, agora assinaladas na Ribeira por uma placa evocativa de Teixeira Lopes que continua a ser local de devoção. Quanto ao quadro, pintado depois a óleo, ficou à guarda da capela das Almas (ou das Taipas), na Cordoaria, que passou também a assegurar a gestão do dinheiro deixado nas Alminhas. É uma das imagens escolhidas para a exposição sobre o Porto e as invasões francesas que vai ser inaugurada, no Domingo, na Galeria do Palácio de Cristal.
O desastre da ponte das barcas, de que se comemoram este Domingo 200 anos, marcou a história e a memória dos portuenses. Várias iniciativas assinalam a data. No Sábado é apresentado um concerto coral intitulado “Portugal”, da autoria do cónego Ferreira dos Santos, que recria a tragédia, e que conta com mais de 500 coralistas e duas orquestras. No Domingo, para além da exposição, é inaugurada uma obra escultórica de Souto Moura, que terá uma parte em Gaia e outra no Porto, perto do local onde se encontrava a antiga ponte.
A ponte das barcas era um projeto de engenharia de Carlos Amarante. Era constituída por vinte barcaças ligadas por cabos de aço e, na altura, era a única que permitia atravessar o rio. Quando as tropas francesas do general Soult entraram na cidade, a população, em pânico, tentou a fuga para Gaia, mas a ponte não aguentou. Foi mais tarde refeita, mas só em 1843 foi inaugurada a nova ponte pênsil, que a substituiu.
Pontes semelhantes – assentes em barcas – têm sido utilizadas ao longo da história, devido à sua rapidez de construção, muitas vezes para permitir a passagem de tropas. A do Porto foi a primeira ponte deste género construída em Portugal como solução a mais longo prazo, e podia ser aberta para permitir a passagem do tráfego fluvial. Carlos Amarante foi autor de outras obras célebres da região norte do país, como o Bom Jesus e a igreja do Pópulo, em Braga; a Igreja da Trindade, no Porto; e a reconstrução das muralhas de Valença.
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