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01/01/23

Ambiente e Ecologia - Uma equipa de cientistas descobriu a explicação para até 88% da biodiversidade de foraminíferos planctónicos (parte do zooplâncton) fossilizados nos últimos 100 anos no fundo do oceano Atlântico


«Cientistas portugueses participam em estudo internacional sobre a biodiversidade do oceano Atlântico

Uma equipa de cientistas descobriu a explicação para até 88% da biodiversidade de foraminíferos planctónicos (parte do zooplâncton) fossilizados nos últimos 100 anos no fundo do oceano Atlântico, com base na análise de fatores ambientais como a temperatura da água, a produtividade desses seres microscópicos e as correntes marinhas.

“Como é que a biodiversidade dos oceanos varia e quais os fatores que a influenciam, de modo a poder preservá-la”. Este foi, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o mote que esteve na origem da investigação publicada na revista ‘Frontiers’, e a fossilização terá ocorrido “ainda antes das consequências mais importantes da atividade humana durante o século XX”, pelo que “estas descobertas são fundamentais para uma melhor compreensão da forma como as alterações climáticas podem afetar a biodiversidade no futuro, assim como para a conservação dos oceanos”.

Em comunicado, o IPMA diz que “todos estamos preocupados com o desaparecimento de muitas espécies que fazem parte deste mundo maravilhoso, ou seja, com a diminuição da biodiversidade nos oceanos”, e que “para poder preservar a biodiversidade dos oceanos, é fundamental descobrir como é que ela varia e quais os fatores que a influenciam”, isto é, quais os mecanismos que promovem essa diversidade de espécies e a sua distribuição.

Para isso, os investigadores recorreram a “métodos estatísticos para quantificar a dinâmica da biodiversidade” e descobriram que, “em larga escala”, as três variáveis usadas explicam “a distribuição das espécies de foraminíferos [espécies de zooplâncton] no Atlântico durante o último século”.

“Os investigadores conseguiram também determinar as principais zonas das diferentes comunidades no Oceano”, aponta o IPMA, e “descobriram ainda os pontos de viragem das comunidades, para cada uma das variáveis ambientais”.

“Sabendo como a biodiversidade se distribui e varia com estas variáveis no passado, podemos, utilizando os modelos climáticos atuais, estimar como poderá ser afetada no futuro”, afiança.

Da equipa envolvida na investigação fizeram parte cientistas do Departamento do Mar e Recursos Marinhos do IPMA, do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade Lisboa, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e do Institut de Ciències del Mar de Espanha.» in https://greensavers.sapo.pt/cientistas-portugueses-participam-em-estudo-internacional-sobre-a-biodiversidade-do-oceano-atlantico/

#ambiente    #ecologia    #biodiversidade    #oceanoatlântico    #zooplâncton

13/12/22

Ambiente e Ecologia - Milhões de euros de fundos europeus e dinheiro público foram investidos para lidar com os resíduos de mármore no Alentejo, mas o projeto está praticamente ao abandono.


«Milhões em projeto semi-abandonado. Problema do “ouro branco” do Alentejo ainda é problema

Milhões de euros de fundos europeus e dinheiro público foram investidos para lidar com os resíduos de mármore no Alentejo, mas o projeto está praticamente ao abandono.

Há já várias décadas, resíduos de mármore têm vindo a acumular-se nos concelhos de Alandroal, Borba, Estremoz e Vila Viçosa, onde é feita a exploração de uma rocha que muitos chamam de “ouro branco” do Alentejo.

A solução para combater isto surgiu em 2008, altura em que se falou de criar as chamadas Áreas de Deposição Comum (ADC) para os resíduos. Estavam previstas oito destas áreas, segundo a CNN Portugal, depois de identificadas 178 escombreiras que personificavam um problema ambiental grave para a região.

O projeto reuniu financiamento público e fundos europeus, tendo-se gastado cerca de 5,6 milhões de euros na primeira ADC em Borba.

“A execução da ADC3, junto à Zona Industrial do Alto dos Bacelos, em Borba, constitui um marco referenciador muito importante para o desenvolvimento do cluster dos mármores nos concelhos de Borba, Estremoz, Vila Viçosa e Alandroal”, lê-se no site do Município de Borba, numa nota divulgada em 2007.

“Depois de tanta despesa, gorou-se o objetivo e nem se notou o efeito nas escombreiras”, resumiu António Paixão, ex-presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, que salienta que os problemas ambientais persistem.

O relatório do administrador de insolvência que tratou da falência da empresa dona da ADC confirma o relato do antigo autarca: “Um ano após a abertura não existia qualquer empresa a entregar os seus subprodutos do mármore, estando a ADC num estado de semi-abandono”.

A ADC esteve vários anos ao abandono, tendo até sido vandalizada. Em 2019, no âmbito do processo de insolvência, a área de 30 hectares foi leiloada. A empresa responsável era a Edc Mármores.

De acordo com a TVI/CNN Portugal, apesar dos relatos que confirmam a rápida paragem no funcionamento da ADC, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, uma das donas da empresa, garante que o projeto esteve a funcionar até final de 2016.

A data vai de encontro ao contratualizado para receber os fundos comunitários, mas a garantia da CCDR do Alentejo vai contra os relatos ouvidos em Borba e contra a própria associação do setor, que detinha 43% da Edc Mármores.

A Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (ASSIMAGRA) afiança que a concessão da ADC só esteve a funcionar entre julho de 2009 e o final de 2010.

Os proprietários dos terrenos em que a ADC foi instalada dizem ter saído prejudicados há 15 anos. Os donos ouvidos pela TVI disseram ter recebido apenas 50 cêntimos por metro quadrado, um valor muito abaixo do valor de mercado na altura.

“A expropriação era para um bem comum, mas ao fim de um tempo tudo ficou assim como está lá agora [abandonado]. As pessoas sem os terrenos e aquilo sem trabalhar”, refere Joaquim Anjinho, um dos antigos proprietários dos terrenos.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/problema-do-ouro-branco-do-alentejo-512285

#portugal    #alentejo    #borba    #ourobranco    #mármore    #poluição

12/12/22

Ambiente e Ecologia - Em 2019, decidiram criar uma página nas redes socias, com o nome “Mar à Deriva – Adrift Sea”, onde partilham fotografias e vídeos do lixo que encontram.


«Casal que recolhe lixo nas praias há vários anos salva golfinho na Praia Azul

Manuel conseguiu pegou ao ao colo e colocar no mar um Golfinho-riscado muito jovem que se encontrava na linha de água, a debater-se e a chorar.

“Não há palavras para descrever o que se sente quando se consegue salvar um golfinho. O que parecia mais uma tragédia de partir o coração, acabou numa felicidade enorme. Quando chegámos à Praia Azul para tomar café, estava um Golfinho-riscado muito jovem na linha de água, a debater-se e a chorar”, escreve Lídia Nascimento nas redes sociais.

A fundadora do movimento “Mar à Deriva – Adrift Sea” acrescenta que o Manuel, seu marido,  “conseguiu pegar nele ao colo e colocá-lo na água”. Lídia revela ainda que ligou “imediatamente para a Rede Nacional de Arrojamentos, que pôs logo uma equipa a postos, mas não foi necessário, o golfinho conseguiu passar a rebentação e a última vez que o vimos estava a nadar em águas profundas”.

Lídia e Manuel Nascimento são um casal que recolhe lixo nas praias do Concelho de Torres Vedras há vários anos. Em 2019, decidiram criar uma página nas redes socias, com o nome “Mar à Deriva – Adrift Sea”, onde partilham fotografias e vídeos do lixo que encontram.

Em 2021, os criadores do projeto Mar à Deriva – Adrift Sea, Lídia e Manuel Nascimento, juntaram-se à iniciativa H2Off, que se traduz em estar durante uma hora sem consumir água, enquanto gesto deliberado e consciente.» in https://greensavers.sapo.pt/casal-que-recolhe-lixo-nas-praias-ha-varios-anos-salva-golfinho-na-praia-azul/?photo=1

#ambiente    #ecologia    #maràderivaadriftsea    #golfinho    #torresvedras

24/11/22

Ambiente e Ecologia - Numa parceria entre a Câmara Municipal de Baião e a Quercus, associação ambientalista que está a desenvolver o projeto “Criar Bosques”, foram plantadas, no dia 19 de novembro, na serra da Aboboreira, 400 árvores.


«Câmara de Baião e a Quercus plantaram 400 árvores na Serra da Aboboreira

Numa parceria entre a Câmara Municipal de Baião e a Quercus, associação ambientalista que está a desenvolver o projeto “Criar Bosques”, foram plantadas, no dia 19 de novembro, na serra da Aboboreira, 400 árvores.

A ação de reflorestação com pinheiros, faias e vidoeiros, oferecidos por uma empresa ligada ao fabrico de máquinas de automação, contou com 25 participantes, nomeadamente do vice-presidente da Câmara, Filipe Fonseca, o vereador do pelouro do Ambiente, Henrique Ribeiro, membros da “Green Team” – equipa responsável pela gestão do processo de certificação de Baião como “Destino Turístico Sustentável”, uma representante da Quercus, elementos da Brigada de Sapadores Florestais da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, representantes da empresa que ofereceu as árvores, cidadãos da comunidade de refugiados da guerra acolhidos em Baião, entre outras pessoas que se quiseram associar à iniciativa.  

O vereador do pelouro do Ambiente, Henrique Ribeiro, sublinhou a importância desta ação, referindo tratar-se de “mais uma iniciativa que se enquadra na linha de sustentabilidade seguida pelo Município, apontando no sentido de um concelho cada vez mais verde. Verde é o novo destino!”, frisou o autarca.

Baião, concelho do distrito do Porto com a maior mancha verde, ocupando cerca de 69% do território, continua a desenvolver ações de promoção ambiental e de defesa da floresta. No dia 23 de novembro celebrou-se o Dia Verde de Município, na sua 10.ª edição, data que coincidiu com o Dia da Floresta Autóctone, estando também, até ao dia 25 de novembro, a entregar árvores à população, sendo 10 por munícipe e 50 por instituição. As árvores podem ser levantadas no Posto de Atendimento ao Munícipe, em Santa Marinha do Zêzere, (das 9h às 13h e das 14h às 17h), no armazém municipal e na quinta do Mosteiro de Ancede, (das 7h30 às 13h30).» in https://www.gazetarural.com/camara-de-baiao-e-a-quercus-plantaram-400-arvores-na-serra-da-aboboreira/

#baião    #quercus    #criarbosques    #serraaboboreira

23/11/22

Ambiente e Ecologia - Sete em cada dez pessoas apoiam a adoção de estratégias globais para acabar com a poluição causada pelos plásticos, que afeta especialmente os oceanos, apontam os resultados de um estudo divulgado hoje pela organização ambientalista WWF.


«WWF: Sete em cada dez pessoas apoiam luta contra contaminação por plástico

Sete em cada dez pessoas apoiam a adoção de estratégias globais para acabar com a poluição causada pelos plásticos, que afeta especialmente os oceanos, apontam os resultados de um estudo divulgado hoje pela organização ambientalista WWF.

O apoio aumenta para quase 80% na América Latina, onde foram inquiridos habitantes da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, adiantou a organização não-governamental (ONG) World Wide Fund for Nature (WWF).

A proposta de solução mais popular entre as mais de 23.000 pessoas inquiridas em 34 países é a responsabilização de fabricantes e vendedores pela redução, reutilização e reciclagem de embalagens plásticas (78% concordam com esta medida).

Outras propostas aceites pela maioria são a proibição de plásticos de difícil reciclagem (77%) e plásticos descartáveis (75%), além da exigência de rótulos que indiquem claramente as possibilidades de reaproveitamento (77%).

Já 76% dos entrevistados também defendem obrigar os fabricantes a utilizar plástico reciclado no fabrico de diversos produtos que contenham esse material.

“Esta investigação é a prova de que há uma procura esmagadora por um tratado global sobre a poluição pelos plásticos que responsabilize os governos e as empresas que produzem mais”, sublinhou a fundadora da Plastic Free Foundation, Rebecca Prince-Ruiz, associação que participou da elaboração do trabalho.

Este relatório é divulgado uma semana antes do início da primeira reunião no Uruguai do comité de negociação intergovernamental para a poluição plástica.

Este comité procurará chegar a um acordo vinculativo para combater a poluição causada pelos plásticos até 2024, conforme acordado na reunião do Programa Ambiental da ONU em fevereiro.

Segundo esta organização, o aumento dos níveis de contaminação por este material representa um “grave problema ambiental global que afeta negativamente as dimensões ambiental, social, económica e de saúde do desenvolvimento sustentável”.

Num cenário sem intervenções, a quantidade de resíduos plásticos nos ecossistemas aquáticos pode triplicar, passando de 9 a 14 milhões de toneladas em 2016 para 23 a 47 milhões em 2040, segundo dados do programa das Nações Unidas.

O WWF estima que mais de 2.000 espécies de animais são afetados pela presença de plásticos poluentes nos seus ecossistemas.

“O processo de negociação deste tratado global exporá as diferenças entre os países, e não podemos permitir que os retardatários determinem o nosso futuro”, alertou o responsável pela política global de plásticos do WWF, Erik Lindebjerg.» in https://greensavers.sapo.pt/wwf-sete-em-cada-dez-pessoas-apoiam-luta-contra-contaminacao-por-plastico/

(WWF alerta para a urgência de acabar com a poluição de plástico)

#ambiente    #ecologia    #plástico

10/11/22

Ambiente e Ecologia - A desflorestação na bacia do Congo, que abrange Camarões, República Centro-Africana, República do Congo, Guiné Equatorial, Gabão e República Democrática do Congo (RDCongo), aumentou 5% em 2021, de acordo com um relatório hoje divulgado.


«Desflorestação na bacia do Congo aumentou 5% em 2021

A desflorestação na bacia do Congo, que abrange Camarões, República Centro-Africana, República do Congo, Guiné Equatorial, Gabão e República Democrática do Congo (RDCongo), aumentou 5% em 2021, de acordo com um relatório hoje divulgado.

O estudo de nove organizações, incluindo o World Wildlife Fund (WWF), mostra que os objetivos ambientais para travar esta perda de vegetação não foram atingidos.

Um ano após mais de 140 países terem assinado a Declaração de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra na anterior 26.ª Cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), em novembro de 2021, o objetivo de parar a desflorestação até 2030 ainda está muito distante.

“A desflorestação tem sido baixa em comparação com outras regiões tropicais, mas estamos a assistir a uma tendência ascendente na fragmentação e perda de florestas desde 2020”, afirmou Marion Ferrat, investigadora da consultoria sobre alterações climáticas Climate Focus, que coordenou o relatório.

A bacia do Congo acolhe a maior floresta tropical e tem a maior capacidade de absorção de carbono do planeta – mais do que a Amazónia – e é um importante reservatório de biodiversidade, sendo a casa de uma em cada cinco espécies do mundo.

Entre os países da bacia, apenas o Gabão e a República do Congo estão no bom caminho para cumprir a meta de 2030, de acordo com o relatório, tendo conseguido reduzir a desflorestação nos seus territórios em 28% e 30%, respetivamente.

Segundo o estudo, os principais fatores de desflorestação e degradação na bacia do Congo são a agricultura de subsistência dos pequenos agricultores e a construção de estradas e assentamentos.

Além disso, “atividades industriais como a mineração, a exploração florestal e a agricultura comercial representam a maior ameaça às florestas remotas e intactas (que nunca foram exploradas pelo homem) com um potencial significativo de sequestro de carbono”.

Contudo, os peritos advertem que as necessidades de desenvolvimento das comunidades locais e os direitos dos povos indígenas à terra devem ser abordados e tornados compatíveis com a proteção das florestas, através do desenvolvimento de planos de utilização da terra, que necessitam de financiamento para serem implementados.

“Se os líderes mundiais levam a sério os seus compromissos para travar a perda florestal, precisam de aumentar o apoio financeiro à bacia do Congo”, disse Lawrence Nsoyuni, diretor-executivo do Geospatial Technology Group, uma das organizações que colaboraram no estudo.

Durante a COP26, uma dúzia de doadores internacionais, incluindo a União Europeia, o Fundo Terra de Bezos (criado pelo bilionário Jeff Bezos, fundador da empresa norte-americana de comércio eletrónico Amazon) e vários países prometeram 1,5 mil milhões de dólares (1,51 mil milhões de euros) para a proteção da bacia do Congo, até 2025.

“Um ano depois, não é claro se este financiamento é adicional ao financiamento anterior atribuído à região, quem receberá estes fundos e quanto (…) já foi desembolsado”, refere a declaração.

A publicação do relatório coincide com a celebração da COP27 na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, que começou no domingo e durará até 18 de novembro, com vista à implementação do legado da COP26 e do financiamento para os países menos desenvolvidos na batalha contra as alterações climáticas.» in https://greensavers.sapo.pt/desflorestacao-na-bacia-do-congo-aumentou-5-em-2021/

(Floresta do Congo é um dos pulmões do planeta)

#ambiente    #ecologia    #baciadocongo

#desflorestação

08/11/22

Ambiente e Ecologia - Um recente avanço na reciclagem de plástico, poderá reduzir a quantidade de plástico em aterros sanitários numa escala de mil milhões de toneladas.


«Inovação pode eliminar mil milhões de toneladas de plástico de aterros sanitários

Uma inovação no processo de reciclagem do plástico pode eliminar mil milhões de toneladas de plásticos dos aterros sanitários.

A poluição é um problema sério para o ambiente, afetando consequentemente a humanidade. A reciclagem é uma enorme ajuda, mas atualmente, o seu poder é relativamente limitado. Um recente avanço na reciclagem de plástico, contudo, poderá reduzir a quantidade de plástico em aterros sanitários numa escala de mil milhões de toneladas.

Desde que o plástico chega a um aterro, pode demorar centenas de anos para se decompor. Agora, uma equipa de cientistas pode ter a solução. Os investigadores manipularam uma enzima que pode decompor o plástico numa questão de dias.

Os plásticos podem demorar cerca de 450 anos a decompor-se naturalmente. Uma mera tampa de garrafa, por exemplo, pode levar 150 anos a fazê-lo.

Num aterro sanitário, como o plástico demora muito tempo a decompor-se, acaba por ocupar demasiado espaço. A nova descoberta dos investigadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, pode mudar a forma como lidamos com o plástico.

“O que estamos a tentar fazer é chegar ao ponto em que podemos ter o que alguns de nós chamam de economia circular de plásticos, onde você tem um plástico, decompõe-no e depois reconstrói-o em algo novo”, disse Andrew Ellington, professor da Universidade do Texas, citado pela estação televisiva WSB-TV.

Basicamente, a reciclagem de plástico descartado consiste em três processos: recolha e separação; revalorização e transformação.

O primeiro consiste na separação dos resíduos de acordo com o seu material; o segundo é a fase na qual o material já separado passa por um processo que faz com que volte a ser matéria-prima; por fim, o terceiro é a fase em que o material transformado em matéria-prima gera um novo produto.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/inovacao-eliminar-toneladas-plastico-506692

#ambiente    #ecologia    #plástico    #reciclagem

28/10/22

Ambiente e Ecologia - Tal como os seres humanos, as estações de tratamento de águas residuais podem ficar doentes, devido a ataques virais.


«Estações de tratamento de águas residuais podem constipar-se

Tal como os seres humanos, as estações de tratamento de águas residuais podem ficar doentes, devido a ataques virais. Agora, novas pesquisas da Chalmers University of Technology, na Suécia, revelam as implicações para o ambiente circundante no caso de a instalação apanhar uma constipação.

O funcionamento eficiente das estações de tratamento de águas residuais é essencial na sociedade moderna. Na indústria dos esgotos, o “trabalho” das estações de tratamento de águas residuais é frequentemente executado através de bactérias microscópicas. Os processos biológicos por estas realizados transformam as águas residuais em água limpa e segura para descarregar no ambiente. Essencialmente, as bactérias decompõem os poluentes e purificam a água, mantendo a estação a funcionar eficientemente.

“Uma grande estação de tratamento tem milhares de milhões de bactérias que trabalham num processo de tratamento chamado ‘lamas ativadas’. As comunidades bacterianas estão constantemente expostas a vírus que as infetam, pelo que a questão que nos colocámos foi se o processo pode ser periodicamente mais exposto e o que acontece então”, diz Oskar Modin, Professor do Departamento de Arquitetura e Engenharia Civil da Universidade de Tecnologia de Chalmers, Suécia.

Oskar Modin e colegas investigadores mediram a concentração de partículas de vírus que foram libertadas de quatro estações de tratamento de águas residuais diferentes na Suécia e compararam esta com a quantidade de carbono orgânico libertado ao mesmo tempo. Esta relação entre vírus e qualidade dos efluentes é um primeiro passo para compreender o impacto de uma infeção viral numa estação de tratamento.

Estações de tratamento de águas residuais “doentes” podem afetar ecossistemas aquáticos

A partir do estudo, os investigadores demonstraram que existe uma relação clara entre a concentração de vírus e a quantidade de carbono orgânico dissolvido presente na água efluente. Isto porque os vírus podem afetar a concentração de duas formas, em primeiro lugar porque eles próprios contêm carbono e, em segundo lugar, porque rompem as células bacterianas hospedeiras, provocando a libertação de carbono.

“Quando medimos partículas de vírus na água, encontramos uma ligação entre vírus e carbono orgânico – quando havia mais de um, havia também mais do outro”, diz Oskar Modin.

Mais carbono orgânico dissolvido na água efluente, significa que mais oxigénio é consumido por microrganismos nos corpos de água circundantes, onde o efluente é descarregado. Isto pode ter potenciais impactos negativos sobre os ecossistemas aquáticos próximos.

Por conseguinte, existem regulamentos rigorosos para que as estações de tratamento de águas residuais atinjam baixas concentrações de carbono orgânico biodegradável nos seus efluentes.

Um pequeno aumento de carbono orgânico dentro da estação pode também levar ao aumento do consumo de recursos, incluindo dinheiro, energia e materiais, nos processos de desinfeção e remoção de produtos farmacêuticos, que são implementados em estações de tratamento de águas residuais em algumas partes do mundo. O carbono orgânico na água afeta a eficiência destes processos.

Sem risco de infeção para os humanos

Os vírus dependem de um hospedeiro para se replicarem. Uma vez que os processos biológicos de tratamento de águas residuais têm uma alta concentração de bactérias ativas que podem servir de hospedeiros, haverá muitos vírus capazes de infetar essas bactérias. Isto leva a um aumento líquido de partículas de vírus à medida que as águas residuais se deslocam através de uma planta.

“Os vírus são frequentemente especializados numa determinada espécie, o que significa que os seres humanos e as bactérias não podem ser infetados pelo mesmo vírus. Assim, os vírus que são “gerados” numa estação de tratamento de águas residuais não infetam os humanos, mas apenas afetam as comunidades microbianas. Uma forma possível de influenciar a quantidade de vírus nas estações de tratamento poderia ser ajustar a forma como a estação de tratamento é operada. Vimos diferenças entre as estações de tratamento no estudo, que acreditamos que podem estar relacionadas com a conceção ou controlo dos processos de tratamento biológico”, diz Oskar Modin.» in https://greensavers.sapo.pt/estacoes-de-tratamento-de-aguas-residuais-podem-constipar-se/

#ambiente    #ecologia    #estaçõesdetratamentodeaulas

07/10/22

Ambiente e Ecologia - A temperatura das águas no Golfo do México e no Mar das Caraíbas poderá ultrapassar o “limite crítico para a saúde dos corais até meados deste século”, mas os cientistas acreditam que, se forem tomadas medidas rapidamente para “reduzir significativamente as emissões”, será possível dar aos corais até 20 anos para se adaptarem às novas condições.


«Corais no Golfo do México e Caraíbas estão sob ameaça. Temperatura do mar pode passar “limite crítico” até 2050

A temperatura das águas no Golfo do México e no Mar das Caraíbas poderá ultrapassar o “limite crítico para a saúde dos corais até meados deste século”, mas os cientistas acreditam que, se forem tomadas medidas rapidamente para “reduzir significativamente as emissões”, será possível dar aos corais até 20 anos para se adaptarem às novas condições.

Quatro cientistas climáticos e biólogos marinhos da Universidade de Rice e da Louisiana State University, nos Estados Unidos, publicaram esta semana um estudo na revista ‘Journal of Geophysical Research: Biogeosciences’, no qual defendem que “reduzir as emissões pode adiar a instalação de temperaturas oceânicas criticamente quentes em algumas áreas onde os corais ainda estão saudáveis”.

“Os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais diversos e valiosos da Terra, e os recifes de coral no Golfo do México e no Mar das Caraíbas não são exceção”, argumentam os especialistas, explicando que, nessa região, “suportam indústrias vibrantes de recreação, turismo e pesca”. Contudo, “as alterações climáticas, incluindo o aumento das temperaturas e a acidificação dos oceanos, ameaçam a saúde futura dos corais”.

Desde a década de 1950, a cobertura de recifes de coral vivos em todo o mundo diminuiu perto de 50% e “poucos recifes nas Caraíbas e no Golfo [do México] têm mais do que 10% de cobertura de corais vivos”, adianta o estudo.

Adrienne Correa, uma das autoras da investigação, afirma que as alterações projetadas para 2050 devem servir como um “alerta”. Ainda assim, e apesar de admitir que “ouvimos muitas más notícias sobre os recifes”, tem esperança de que se possa evitar um cenário de perda massiva desses organismos vivos que servem de casa a incontáveis espécies marinhas e que desempenam papéis fundamentais na ecologia dos ambientes marinhos.

“Podemos ajudar a proteger e a manter os recifes de coral de grande cobertura que temos se agirmos de imediato”, diz Correa.

O estudo suporta-se em duas simulações, feitas através de computador, que procuram perceber os impactos do aquecimento global sobre os recifes de coral: um dos cenários apresenta um mundo em que continuamos a emitir grandes quantidades de gases poluentes para a atmosfera, enquanto o segundo apresenta um cenário em que as emissões são menores.

“Num caso, temos mais tempo para mitigar, e no outro não”, resume Sylvia Dee, outra das autoras. “As pessoas precisam de estar cientes de que isto está a acontecer rapidamente e que o tempo de explorar técnicas de mitigação é agora.”

Para percebermos o que está em causa, o grupo explica que os “corais são organismos simbióticos que vivem em parceria com algas fotossintéticas que ajudam a alimentar os seus anfitriões”. Os corais constroem também estruturas de carbonato de cálcio, nas quais se instalam, podendo dar a alguns observadores mais desatentos a impressão de que se trata de elementos geológicos, quando, na verdade, são seres vivos.

À medida que os oceanos aquecem, aumenta a ameaça sobre os corais, pois se as temperaturas forem elevadas pode ocorrer o que é conhecido como ‘branqueamento’, um fenómeno resultante da expulsão das algas simbióticas pelos corais, conferindo aos recifes anteriormente repletos de vida e de cores vibrantes uma aura fantasmagórica, assemelhando-se ao esqueleto descarnado de uma qualquer gigantesca criatura marinha que foi depositado no leito oceânico.

Adicionalmente, à medida que os oceanos se tornam mais quentes também se tornam mais ácidos, “reduzindo a eficiência das reações químicas que os corais usam para construir os recifes”.

Adicionalmente, à medida que os oceanos se tornam mais quentes também se tornam mais ácidos, “reduzindo a eficiência das reações químicas que os corais usam para construir os recifes”.

Para Allison Lawman, o estudo mostra que o stress causado pelo aumento da temperatura “é a maior e mais imediata ameaça climática para os corais”, e a especialista advoga que podemos adiar a morte massiva dos corais nessa região do planeta em 20 anos se forem tomadas agora as medidas necessárias para reduzir drasticamente as emissões poluentes. Dessa forma, o coletivo acredita que estes pequenos seres marinhos terão capacidade para se adaptarem às novas condições, com a ajuda de programas de conservação.

“Estas projeções são muito preocupantes” e que tudo aponta para que a temperatura dos oceanos continue a aumentar devido à poluição gerada pelas atividades humanas, diz Lawman, apontando que “a principal mensagem é de que o tempo de agir é agora”.» in https://greensavers.sapo.pt/corais-no-golfo-do-mexico-e-caraibas-estao-sob-ameaca-temperatura-do-mar-pode-passar-limite-critico-ate-2050/

(Recifes de Coral Pelos Mares do Mundo - Documentário Completo - Lawrence Wahba)

#ambiente    #ecologia    #golfodoméxico    #recifesdecorais

02/10/22

Ambiente e Ecologia - As alterações climáticas têm afetado fortemente os Alpes que registam recordes de gelo derretido.


«Recordes de degelo nos Alpes suíços faz descoberta de avião perdido

Com os nossos alertas, pode seguir o seu autor, tópico ou programa favorito. Para não perder nada do que lhe interessa.

As alterações climáticas têm afetado fortemente os Alpes que registam recordes de gelo derretido. Desta vez foi na Suíça onde o degelo mostrou um avião desaparecido há décadas, corpos de pessoas e uma rocha que estava enterrada há milhões de anos.

A GLAMOS — rede suíça responsável pela análise do comportamento dos glaciares — revela que em 2022 já derreteu 6% do gelo que ainda resta na maior cadeia montanhosa da Europa, estando muito perto de atingir metade do valor registado em 2003. A Reuters conta que as perdas de cerca de 3 quilómetros cúbicos de gelo este ano se devem à falta de neve durante o inverno e às altas temperaturas constantes que se fizeram sentir durante o verão.

O cenário não é favorável e espera-se que no futuro possa perder-se ainda mais quantidades de água. Mais de metade dos glaciares dos Alpes estão na Suíça onde as temperaturas estão a aumentar rapidamente e o dobro do expectável.

“Com os cenários climáticos já sabíamos que esta situação iria acontecer no futuro. Perceber que o futuro está aqui e agora, é talvez a experiência mais surpreendente e chocante deste verão”, refere o diretor da GLAMOS, Matthias Huss.» in https://observador.pt/2022/10/01/recordes-de-degelo-nos-alpes-suicos-faz-descoberta-de-aviao-perdido/

(CORPOS APARECEM NOS ALPES SUIÇOS COM O DEGELO DA MONTANHA)

#ambiente    #ecologia    #degelo    #alpes

21/09/22

Ambiente e Ecologia - Para muitos biólogo, ou outros especialistas, não é exagero: já está a decorrer a sexta extinção em massa de animais, na Terra.


«Sexta extinção em massa: que animais devem desaparecer em 2050?

Já aconteceram cinco extinções em massa no planeta Terra. A sexta já estará a desenvolver-se e pode afectar 40% das espécies.

Para muitos biólogo, ou outros especialistas, não é exagero: já está a decorrer a sexta extinção em massa de animais, na Terra.

O alerta é mencionado no portal Live Science, que recorda que já houve cinco extinções em massa no planeta. Todas devido a fenómenos naturais.

A sexta – a primeira relacionada com actividades humanas – já estará a caminho e 40% das espécies de animais, que estão agora na Terra, podem desaparecer em 2050.

A União Internacional de Conversação da Natureza indicou que cerca de 41 mil espécies (um terço do total) estão já sob ameaça de extinção.

“Isso é bem provável“, admitiu Nic Rawlence, professor no Departamento de Zoologia da Universidade de Otago, na Nova Zelândia.

“Se as espécies não forem extintas a nível global, é provável que aquelas que não conseguirem adaptar-se ao nosso mundo – que está a mudar rapidamente – sofram extinções locais e se tornem funcionalmente extintas”, avisou.

Exemplos

Algumas espécies que já estão sob ameaça crítica: orangotango-de-sumatra (Pongo abelii), leopardo-de-amur (Panthera pardus orientalis), elefante-de-sumatra (Elephas maximus sumatranus), rinoceronte-negro (Diceros bicornis), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tigre de Sunda (Panthera tigris sondaica) e Cross River gorilla (Gorilla gorilla diehli).

Todas estas espécies correm alto risco de extinção porque têm registado declínios populacionais entre 80% e 90%, nos últimos 10 anos – ou três gerações – ou porque só existem no máximo 50 animais do género, entre outros possíveis motivos.

Há outras espécies que são menos conhecidas mas que também correm risco de extinção.

Mais de 40% das espécies de insectos estão ameaçadas, como o gafanhoto de ponta branca (Chorthippus acroleucus), o grilo-do-sul (Anonconotus apenninigenus), a borboleta azul de Swanepoel (Lepidochrysops swanepoeli), a abelha de Franklin (Bombus franklini) e a cigarrinha sem asas das Seychelles (Procytettix fusiformis).

As alterações climáticas estão também a fazer desaparecer, por exemplo, recifes de coral – e 90% podem desaparecer, também antes de 2050.

Não é possível deixar uma lista completa das espécies que estão sob extinção (até porque não há uma lista completa de todas as espécies que existem).

Mas é possível deixar a lista do que pode ser feito: deixar as lutas políticas fora da conservação da natureza, investir mais no combate às alterações climáticas feita pelo ser humano, reunir mais a comunidade científica para debater este assunto.

E precisamos de olhar para o passado para proteger o futuro do planeta.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/extincao-massa-animais-498486

(A sexta extinção em massa está em curso. Há quem negue, e quem a queira)

(Black Rhinoceros: an Endangered Species)

#sextaextinçãoemmassa

09/09/22

Ambiente e Ecologia - As alterações climáticas, provocadas pela ação humana, têm empurrado o planeta para o limiar de vários pontos de não retorno que serão “desastrosos” para a vida na Terra.


«Crise climática: Mundo está à beira de vários “desastrosos” pontos de não retorno, alertam cientistas

As alterações climáticas, provocadas pela ação humana, têm empurrado o planeta para o limiar de vários pontos de não retorno que serão “desastrosos” para a vida na Terra.

O alerta é deixado num estudo publicado esta sexta-feira na revista científica ‘Science’, no qual os especialistas salientam que alguns desses pontos dos quais não haverá regresso poderão já ter sido ultrapassados, devido ao aquecimento médio global de 1,1 graus centígrados que se regista atualmente.

Do conjunto de eventos catastróficos que devem servir de alarme para as sociedades humanas em todo o mundo, contam-se a derrocada das capas de Gronelândia, que provocará um aumento significativo do nível do mar, o colapso da corrente marítima do Atlântico Norte, que é crucial para a regulação do sistema climático, para a formação de nuvens e de precipitação e para a produção alimentar, e o degelo repentino do permafrost (pergelissolo, em português, termo que designa um tipo de solo que está permanentemente congelado, principalmente na região do Ártico).

De acordo com o estudo, se a temperatura média global subir aos 1,5 graus, o aumento mínimo apontado pelas previsões atuais, mais pontos de não retorno passam da categoria de “possíveis” para a de “prováveis”. Contudo, com esse aumento de temperatura deverão ser esperadas alterações profundas na composição das florestas mais a norte do globo e a perda de praticamente todos os glaciares montanhosos.

No total, o estudo identifica 16 pontos de não retorno, sendo que seis deles só deverão acontecer num cenário de aquecimento global acima dos 2 graus centígrados, em linha com os cálculos dos cientistas, que estimam que a concretização dos pontos de não retorno poderá variar entre os poucos anos e alguns séculos, pelo que alguns deles poderão vir a ser testemunhados ainda durante a vida de muitos atualmente vivos.

“A Terra poderá ter deixado um estado de ‘segurança’ climática com temperatura acima de 1 grau centígrado”, explicam no artigo, recordando que a civilização humana, como um todo, desenvolveu-se com temperaturas globais abaixo desse nível. Dessa forma, passando essa barreira, esse ponto de não retorno, deverá esperar-se um efeito de cascata que fará o mundo passar outras metas que tratarão grandes desafios a todos.

Johan Rockström, dirigente do Instituto de Potsdam para a Investigação sobre os Impactos Climáticos, afirma que “o mundo caminha em direção a um aquecimento global entre os 2 e 3 graus centígrados”, cita do ‘The Guardian’.

“Isto coloca a Terra num caminho no qual ultrapassará múltiplos pontos de não retorno perigosos que serão desastrosos para as pessoas em todo o mundo”, avisa, acrescentando que “para manter condições propícias à vida na Terra e para permitir sociedades estáveis, temos de fazer tudo o que pudermos para evitar passar esses pontos de não retorno”.

Os autores do estudo escrevem que “a nossa análise oferece fortes evidências científicas de que precisamos de agir urgentemente para mitigar as alterações climáticas.”

“Mostramos que mesmo o objetivo do Acordo de Paris para limitar o aquecimento a menos de 2 graus (…) não é seguro, pois com 1,5 graus ou acima podemos ultrapassar vários pontos de não retorno”, alertam.» in https://multinews.sapo.pt/atualidade/crise-climatica-mundo-esta-a-beira-de-varios-desastrosos-pontos-de-nao-retorno-alertam-cientistas/

#ambiente    #ecologia     #mundo

07/09/22

Ambiente e Ecologia - O “glaciar do juízo final” pode recuar rapidamente nos próximos anos, aumentando as preocupações sobre a subida do nível do mar.


«Glaciar do juízo final da Antártida “está preso por um fio”

O “glaciar do juízo final” pode recuar rapidamente nos próximos anos, aumentando as preocupações sobre a subida do nível do mar.

O chamado glaciar Doomsday ganhou este nome devido ao elevado risco de colapso e ameaça ao nível do mar. Os cientistas estão preocupados com a subida do nível do mar que acompanharia o potencial desaparecimento do glaciar.

O glaciar Thwaites, que é capaz de elevar o nível do mar em alguns metros, está a erodir ao longo da sua base submersa, à medida que a temperatura do planeta aquece, segundo a CNN Portugal.

Num estudo publicado a 5 de setembro na revista Nature Geoscience, os investigadores mapearam o recuo histórico do glaciar, com o objetivo de aprenderem o seu historial, para analisarem o que acontecerá no futuro.

A equipa de investigação descobriu que, nos últimos dois séculos, a base do glaciar soltou-se do fundo do mar e recuou a um ritmo de 2,1 quilómetros por ano — o dobro da taxa observada pelos cientistas na última década.

Esta rápida desintegração pode ter ocorrido “até meados do Séc. XX”, de acordo com Alastair Graham, autor principal do estudo e geofísico marinho da Universidade do Sul da Florida. O Thwaites terá assim a capacidade de sofrer um rápido recuo num futuro próximo, depois de diminuir além de uma cordilheira no fundo do mar.

“O Thwaites está realmente preso por um fio e devemos esperar grandes mudanças, ao longo de curtos espaços de tempo no futuro — mesmo de um ano para o outro — quando o glaciar recuar para trás de uma cordilheira rasa no leito marinho”, nota Robert Larter, geofísico marinho e co-autor do estudo.

O glaciar Thwaites é um dos mais maiores do mundo, mas é apenas uma fração do manto de gelo da Antártida Ocidental, que contém gelo suficiente para fazer subir o nível do mar até 5 metros, de acordo com a NASA.

No contexto atual da crise climática, o “glaciar do juízo final” tem sido vigiado de perto devido à aceleração do degelo e capacidade de destruição costeira.

Em 1973, os investigadores questionavam-se se o glaciar estaria em risco elevado de colapso. Quase uma década depois, descobriram que as correntes oceânicas quentes podem derreter o glaciar por baixo, perdendo estabilidade a partir do fundo.

Esta pesquisa levou a que os investigadores chamassem à região em redor do Thwaites “o ponto fraco do manto de gelo da Antártida Ocidental“.

Em 2021, um estudo mostrou que a plataforma de gelo do Thwaites, que ajuda a estabilizar o glaciar e a impedir que o gelo flua livremente para o oceano, pode desfazer-se no espaço de cinco anos.

“A partir dos dados de satélite, vemos grandes fraturas a espalharem-se pela superfície da plataforma de gelo, enfraquecendo essencialmente a estrutura. Um pouco como quando rachamos o para-brisas”, sublinhou Peter Davis, oceanógrafo do British Antarctic Survey, em 2021.

“Espalha-se lentamente pela plataforma de gelo e, eventualmente, acabará por fraturar em vários pedaços”, acrescentou o especialista, na altura.

Relativamente ao estudo mais recente, publicado esta segunda-feira, “foi realmente uma missão única na vida”, salienta Graham.

A equipa espera regressar em breve para recolher amostras do fundo do mar, de forma a determinar quando é que ocorreram os recuos rápidos anteriores.

Os cientistas conseguirão assim prever as mudanças futuras do “glaciar do juízo final”, que os investigadores pensavam anteriormente ser algo demorado —  algo que Graham garante que este novo estudo desmente.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/glaciar-do-juizo-final-da-antartida-esta-preso-por-um-fio-496668

(A Geleira do Juízo Final)

#ambiente    #ecologia    #glaciardojuizofinal    #thwaites

22/08/22

Ambiente e Ecologia - Debaixo do pico do Zeppelinfjellet, uma montanha de 556 metros na península Brøggerhalvøya, na costa da ilha de Spitsbergen, em Svalbard, o arquipélago norueguês no Oceano Ártico, fica a cidade de Ny-Ålesund, um pequeno povoado com uma população de 45 habitantes em pleno inverno e até 150 no auge do verão.


«A cidade com o ar mais puro do mundo

O ar extremamente seco e gelado transforma quase instantaneamente a névoa de humidade que sai das bocas e narizes em minúsculos cristais de gelo cintilantes.

Debaixo do pico do Zeppelinfjellet, uma montanha de 556 metros na península Brøggerhalvøya, na costa da ilha de Spitsbergen, em Svalbard, o arquipélago norueguês no Oceano Ártico, fica a cidade de Ny-Ålesund, um pequeno povoado com uma população de 45 habitantes em pleno inverno e até 150 no auge do verão.

É o agrupamento de moradias permanentes mais ao norte do mundo, situado a cerca de 1231 km do Polo Norte. Com a montanha a erguer-se de um lado, e um fiorde do outro, é um lugar de tirar o fôlego.

É talvez também um dos melhores lugares do planeta para respirar — longe das principais fontes de poluição no ambiente quase intacto do Ártico, o ar aqui é puríssimo.

Os moradores da cidade são em grande parte cientistas que vêm até aqui justamente por este motivo.

Em 1989, uma estação de pesquisa foi construída no Zeppelinfjellet, a uma altitude de 472 metros, para ajudar os investigadores a monitorizar a poluição atmosférica.

Mais recentemente, o Observatório Zeppelin, como a estação de pesquisa é chamada, tornou-se um local crucial para medir os níveis de gases de efeito estufa que estão a impulsionar as alterações climáticas.

Mudanças à vista?

Mas também há sinais de que a qualidade do ar aqui pode estar a mudar.

Às vezes, correntes atmosféricas levam ar da Europa e da América do Norte para esta parte de Svalbard, trazendo consigo a poluição destas regiões.

Não só os investigadores estão a ver os níveis de certos poluentes aumentar, como também há sinais de novos tipos de poluição a ser trazidos pelo vento que preocupam os cientistas.

“O Observatório Zeppelin está localizado num ambiente remoto e intacto, longe das principais fontes de poluição”, diz Ove Hermansen, cientista sénior do Observatório Zeppelin e do Instituto Norueguês de Pesquisa do Ar.

“Se se consegue medir estes gases aqui, já se sabe que têm uma prevalência global. Este é um bom local para estudar as mudanças na atmosfera.”

A pesquisa em Ny-Ålesund é parte crucial de um esforço internacional para mapear o impacto da humanidade na atmosfera. As medições que fazem ajudam a “detetar a linha de base da poluição e calcular a tendência global ao longo do tempo”, explica Hermansen.

Cinco dias por semana, um funcionário do Instituto Polar Norueguês sobe de teleférico até o observatório, onde realiza a manutenção, recolhe amostras do ar e troca os filtros do equipamento.

Devido à sua localização remota e altitude acima das camadas atmosféricas que podem capturar a pouca poluição produzida localmente pela cidade, o Observatório Zeppelin é o lugar ideal para ajudar a consolidar um panorama do que está a acontecer na atmosfera da Terra.

Os sensores do observatório medem não apenas gases de efeito estufa, como também componentes clorados, como CFCs, metais pesados ​​transportados pelo ar, poluentes organofosforados, como pesticidas, e poluição normalmente associada à queima de combustíveis fósseis, como óxido de nitrogénio, dióxido de enxofre e partículas como fuligem.

Os dados recolhidos são então adicionados a medições feitas noutros lugares por uma rede internacional de estações para criar um “panorama” global de gases atmosféricos, aerossóis e partículas na atmosfera, oferecendo uma referência a partir da qual a poluição é medida.

“A monitorização aqui no observatório abrange uma grande variedade de questões”, diz Hermansen, que trabalha no Observatório Zeppelin há duas décadas.

“As toxinas ambientais são particularmente interessantes pelos seus efeitos biológicos e pelo estado do ambiente ártico, enquanto as medições de gases de efeito estufa e aerossóis são especialmente importantes num contexto global pelo seu impacto nas alterações climáticas.”

Mas o Observatório Zeppelin também pode fornecer um alerta antecipado das mudanças que estão a acontecer na atmosfera.

Sinais de Fukushima

Os níveis de metano no ar ao redor do Zeppelin, por exemplo, têm aumentado desde aproximadamente 2005 — e atingiram níveis recordes em 2019.

Há agora uma preocupação crescente de que os níveis de emissões de metano causadas pelo homem estão a ameaçar as tentativas de limitar o aquecimento global a um aumento de temperatura de 1,5°C.

Dez dias após o acidente do reator nuclear de Fukushima em 2011, radionuclídeos foram detetados na atmosfera em Zeppelinfjellet. Isso mostrou que estas partículas radioativas estavam a ser transportadas por milhares de quilómetros pela atmosfera em apenas alguns dias.

Os pesquisadores do Zeppelin também observaram picos nos níveis de sulfato, partículas e metais, como níquel e vanádio, no ar ao redor de Ny-Ålesund durante os meses de verão devido ao crescente número de navios de cruzeiro que visitam a área.

Também detetaram altas concentrações de partículas “envelhecidas” entre março e maio de cada ano, já que os padrões climáticos carregam poluição de outras partes da Europa e da Ásia.

À medida que a fuligem se move pela atmosfera, por exemplo, sofre uma reação química que torna as partículas mais reativas e aumenta a sua toxicidade.

Fundições industriais na península de Kola, na Rússia, também produzem picos ocasionais de metais como níquel, cobre, zinco e cobalto no ar, quando o vento sopra na direção errada durante o inverno e a primavera.

Mas nem tudo são más notícias

Também observaram a redução de níveis de metais pesados, como chumbo e mercúrio, em grande parte devido ao endurecimento das regras sobre a queima de resíduos e na indústria.

Esforços para reduzir o uso de pesticidas organofosforados — que podem ser levados pelo ar quando são pulverizados nos campos — também provocaram um declínio gradual na quantidade destes produtos químicos detetada na atmosfera ao redor do Ártico.

Mais recentemente, os cientistas notaram níveis crescentes de microplásticos em amostras de neve de regiões remotas do Ártico, sugerindo que podem ter sido transportados até lá pelo ar.

No entanto, embora essas “intromissões” de outras partes do mundo contaminem de vez em quando o ar neste recanto do Ártico, permanece muito distante da pior poluição que os humanos liberam na atmosfera.

Desligados do mundo

Há apenas dois voos semanais para a cidade de Longyearbyen, em Svalbard, que são feitos em um avião a hélice.

A cidade em si é composta por cerca de 30 construções semelhantes a cabanas com nomes de grandes centros urbanos globais: Amesterdão, Londres, México, Itália — para citar alguns. Servem como um lembrete da necessidade de relações diplomáticas neste lugar distante do alvoroço das aglomerações.

Outras formas de conectividade, no entanto, estão disponíveis de forma menos imediata — todos os telemóveis e Wi-Fi devem ser desligados.

A cidade é uma zona livre de rádio na tentativa de manter as ondas de rádio na área o mais silenciosas possível, e é necessária uma permissão especial para os investigadores que desejam operar quaisquer equipamentos que usem transmissões de rádio.

Temperaturas a subir

O clima extremo é um risco para todos aqueles que vivem e trabalham aqui. As temperaturas ficam muitas vezes abaixo de zero, e a mais fria já registada foi de -37,2 °C no inverno.

Em março deste ano, as temperaturas bateram um recorde de 5,5 °C para o mês. O recorde anterior era de 5,0 °C, registado em 1976. Depois das 16h30, quando termina o trabalho, a pequena comunidade tende a recolher-se dentro de casa.

Estar desprovido de comunicação instantânea e contacto através de telemóveis significa que tem de se combinar previamente qualquer tipo de socialização.

A cantina da cidade é o único lugar onde as pessoas se encontram espontaneamente para socializar durante o almoço e jantar, trocando histórias sobre a aurora boreal e a vida selvagem que encontraram.

Muitas dessas histórias partilhadas atestam as mudanças que estão a acontecer neste remoto ecossistema do Ártico.

Leif-Arild Hahjem, que trabalhou por muitos anos em Ny-Ålesund como engenheiro do Instituto Polar Norueguês, está na região desde 1984 e observou mudanças dramáticas na paisagem circundante.

“O fiorde próximo ao assentamento estava congelado naquela época, podia ir-se até lá com uma moto de neve, mas desde 2006/2007 que já não está congelado”, conta. “O povoamento é cercado por muitas massas de gelo que estão a ficar menores, e a maior parte disso deve-se ao aumento das temperaturas.”

Rune Jensen, chefe do Instituto Polar Norueguês em Ny-Ålesund, acrescenta, com alguma tristeza, que na década de 1980 uma área conhecida como Blomstrandhalvoya, perto de Ny-Ålesund, ainda era considerada uma península — mas como o gelo recuou ao longo da última uma década mais ou menos, virou uma ilha, isolada do continente.

“Hoje, sentimos os efeitos de um Ártico mais quente em várias áreas”, diz.

“Por exemplo, o aumento do fluxo de água mais quente do Atlântico que altera todo o ecossistema no fiorde nos arredores de Ny-Ålesund. Afeta até os ursos polares, que são forçados a adaptar a sua dieta. Anteriormente, costumavam capturar focas-aneladas no gelo marinho. Agora vemos um grande aumento no número de ursos polares a alimentarem-se de ovos de ninhos de aves marinhas e a capturar focas da terra.”

No céu e na paisagem, os moradores de Ny-Ålesund estão a testemunhar as marcas deixadas pelo nosso mundo em mudança.

Por enquanto, no entanto, ainda podem respirar profundamente sabendo que o ar que estão a inalar é um recurso raro e precioso.» in https://zap.aeiou.pt/cidade-ar-mais-puro-mundo-494002

(The Northernmost Town in the World: Ny-Ålesund - SPITSBERGEN/SVALBARD)

#ambiente    #ecologia    #Ny-Ålesund    #ártico

20/08/22

Ambiente e Ecologia - Moradores da vila de Chushul, localizada numa zona desértica dos Himalaias cujas condições contrariam o cultivo, plantaram em junho cerca de 150 mil árvores, numa iniciativa que visa combater a poluição e potenciar os recursos da região.


«Fertilizar o deserto. Aldeões plantam 150 mil árvores em vila árida dos Himalaias

Moradores da vila de Chushul, localizada numa zona desértica dos Himalaias cujas condições contrariam o cultivo, plantaram em junho cerca de 150 mil árvores, numa iniciativa que visa combater a poluição e potenciar os recursos da região.

A vila em questão fica a 4267 metros acima do nível do mar, na região de Ladakh, um deserto frio entre a Índia e a China. O cultivo na zona é dificultado pela escassez de precipitação – menos de 10 centímetros de chuva anual – e pelas variações de temperatura, como relatou esta sexta-feira o Público.

Apesar das condições, a população plantou salgueiros, espinheiros e tamargueiras, visando combater a poluição do ar, o aumento da biodiversidade e a criação de novas fontes de rendimento, numa zona onde predomina a pecuária.

“Tudo o que vemos ao nosso redor são montanhas estéreis. Agora estamos ansiosos para ver vegetação também”, disse Gyan Thinlay, um monge budista que supervisiona a projeto como vice-presidente da Chushul Go Grren Go Organic, que impulsiona a iniciativa de fertilizar os solos da aldeia.

A iniciativa não é isenta de controvérsia. “Plantar árvores em desertos pode ser tão prejudicial quanto cortar árvores em florestas”, indicou Abi Tamim Vanak, diretor interino do centro para a conceção de políticas do Ashoka Trust for Research in Ecology and the Environment (ATREE), em Bangalore, na Índia.

“A criação de plantações, especialmente em áreas onde as pessoas não residem, pode prejudicar os habitats nativos e torná-los inadequados para a vida selvagem”, referiu, dando como exemplo os leopardos-da-neve e as ovelhas azuis de Ladakh.

Na Índia, a mineração, a construção de estradas, os projetos hidráulicos e outras infraestruturas estão a potenciar o desmatamento, tendo 554 quilómetros quadrados de floresta sido consumidos nos últimos três anos. Em Ladakh, as mudanças climáticas interferem nos cronogramas agrícolas e ampliam os riscos de cheias.

Segundo Konchok Stanzin, vereador de Chushul, há seis anos um líder budista começou a incentivar a população a plantar e a armazenar água dos glaciares. “Os aldeões esperam que [as árvores] sejam uma importante fonte de forragem para ovelhas, cabras e outros animais, além de fornecerem vegetação”, esclareceu.

Mas, para Vanak, “as árvores nos lugares errados podem “roubar” água de arbustos e ervas adaptados ao deserto e superá-los”.

Plantar árvores em ecossistemas desérticos pode também potenciar as mudanças climáticas, disse Forrest Fleishman, professor da Universidade do Minnesota, nos Estados Unidos (EUA). Na sua opinião, a prioridade deve ser “evitar o desmatamento, melhorar a gestão florestal e proteger pastagens, turfeiras e matagais da conversão do uso da terra”.

Mas Stanzin garantiu que irrigar a plantação não teve efeito negativo no abastecimento de água. De junho a outubro, os aldeões usam água dos glaciares derretidos e no resto do ano extraem água subterrânea. “Acreditamos que [o projeto] aumentará o lençol freático, pois a água é usada apenas em torno desta terra e acaba por ser absorvida aqui também”, acrescentou.» in https://zap.aeiou.pt/aldeoes-arvores-vila-himalaias-494101

(Green Solidarity | Trailer | Go Green Go Organic | Ladakh | New Ladakhi video)

#ambiente    #ecologia    #plantarárvores

12/08/22

Ambiente e Ecologia - A seca que se faz sentir no território europeu tem deixado a descoberto as “pedras da fome”, rochas presentes nos leitos dos rios que só ficam visíveis quando os níveis de água estão extremamente baixos.


«Seca severa nos rios europeus deixa a descoberto as sinistras ‘Pedras da Fome’

A seca que se faz sentir no território europeu tem deixado a descoberto as “pedras da fome”, rochas presentes nos leitos dos rios que só ficam visíveis quando os níveis de água estão extremamente baixos.

Entre os séculos XV e XIX, os povos que viviam em territórios onde hoje estão a Alemanha e República Checa, por exemplo, inscreviam nessas rochas dados sobre catástrofes desencadeadas pela falta de água e as dificuldades vividas durante os períodos de seca. Agora, de tempos em tempos, voltam a “aparecer”. Em 2018, o ZAP já tinha relatado o fenómeno.

A inscrição mais antiga encontrada na bacia do rio Elba (que nasce na República Checa, corre pela Alemanha e desagua no Mar do Norte) data de 1616. Em alemão, está escrito: “wenn du mich siehst, dann weine” – que pode ser traduzido como “se me vir, chore”, segundo noticiou a BBC.

Essa pedra específica é particularmente famosa porque os habitantes da região esculpiram na sua superfície as datas de secas severas. De acordo com um estudo publicado em 2013, os anos 1417, 1616, 1707, 1746, 1790, 1800, 1811, 1830, 1842, 1868, 1892 e 1893 podem ser lidos na rocha.

Na cidade alemã de Pirna os arquivos referem uma pedra com o ano 1115 inscrito, mas a localização exata desse marco não é mais conhecida.

Períodos de seca eram ainda mais graves no passado do que hoje em dia devido à menor quantidade de recursos para os enfrentar. No passado, a área da Europa Central – partes da Alemanha, República Checa, Eslováquia, Áustria e Hungria – dependia das terras férteis ao longo das margens dos rios.

A seca arruinava as plantações e tornava difícil ou impossível a navegação nos rios. Com a seca, vinha a fome – por isso as pedras são conhecidas como ‘hungersteine’ (‘Pedras da Fome’), na Alemanha.

Seca ameaça transporte de mercadorias. Reno e Danúbio quase intransitáveis

Estas ficaram visíveis diversas vezes ao longo do século XX. Na cidade Decin, no norte da República Checa, há 12 na margem do rio Ploucnice. Outra está exposta no museu de Schonebeck, na Alemanha. Se trata de uma lápide na qual foram esculpidos níveis de água particularmente baixos.

A maioria das “pedras da fome” são encontradas no rio Elba, mas também há rochas do género no rio Reno, no Mosela e no Weser, todos na Alemanha.

Seca revela objetos e restos humanos

A seca tem também revelado o que estava submerso no fundo dos rios e dos lagos. Ainda no rio Pó, uma bomba não detonada da Segunda Guerra Mundial foi exposta recentemente. O engenho explosivo de 450 quilos foi encontrado por pescadores nas margens, perto da vila de Borgo Virgilio, na Lombardia, em julho.

“A bomba foi encontrada por pescadores na margem do rio Pó devido à diminuição do nível das águas causada pela seca”, disse o coronel Marco Nasi, em declarações à agência Reuters.

Já no Lago Mead, no Nevada (Estados Unidos), atingido pela seca extrema, um terceiro conjunto de restos humanos foi encontrado recentemente, quando os níveis de água caíram para mínimos históricos.

Em maio deste ano foi encontrado o primeiro corpo. Se tratava, provavelmente, de uma vítima de homicídio – baleada na cabeça, colocada num barril e atirada ao lago. Uma semana depois, duas irmãs encontraram outros restos mortais.» in https://zap.aeiou.pt/seca-severa-sinistras-pedras-fome-492847

(Pedras da Fome assustam europeus)

#ambiente    #ecologia    #rioelbe    #alemanha    #seca

10/08/22

Ambiente e Ecologia - Uma empresa de exploração de minerais, apoiada por bilionários como Jeff Bezos, Michael Bloomberg e Bill Gates, está a realizar uma “caça ao tesouro” na costa oeste da Gronelândia, em busca de minerais para construir veículos elétricos e baterias para armazenar energia renovável.


«“Caça ao tesouro”. Degelo na Gronelândia precipita corrida de exploração mineira

Uma empresa de exploração de minerais, apoiada por bilionários como Jeff Bezos, Michael Bloomberg e Bill Gates, está a realizar uma “caça ao tesouro” na costa oeste da Gronelândia, em busca de minerais para construir veículos elétricos e baterias para armazenar energia renovável.

O degelo na Gronelândia está a provocar aumentos do nível do mar e preocupação na comunidade científica. Mas as empresas podem encarar o cenário por outro prisma: já há as que procuram neste local por minerais que possam impulsionar a transição para a energia verde, com revelou a CNN.

“Estamos à procura de um depósito que poderá ser o primeiro ou o segundo maior depósito de níquel e cobalto do mundo”, explicou à CNN Kurt House, diretor executivo da KoBold Metals. A equipa em causa conta com 30 geólogos, geofísicos, cozinheiros, pilotos e mecânicos.

O grupo acredita que abaixo da superfície da llha Disko da Gronelândia e da Península Nuussuaq existem minerais para abastecer centenas de milhões de veículos elétricos. Segundo a agência Reuters, a empresa vai investir 15 milhões de dólares (cerca de 14 milhões de euros) no projeto.

O trabalho de campo da equipa passa por recolher amostras do solo e utilizar drones e helicópteros com transmissores para medir o campo eletromagnético do subsolo e mapear as camadas de rocha. Através da Inteligência Artificial, analisam os dados para identificar o local para a exploração, que deverá começar no próximo verão.

Segundo o Serviço Geológico da Dinamarca e da Gronelândia, o governo da Gronelândia já fez várias “avaliações de recursos em toda a terra livre de gelo” e “reconhece o potencial do país para diversificar a economia nacional através da extração mineral”.» in https://zap.aeiou.pt/degelo-gronelandia-exploracao-mineira-492331

(Gronelândia dividida entre ambiente e economia)

#ambiente    #ecologia    #geologia    #minerais    #industriaextrativa

02/08/22

Ambiente e Ecologia - A pesquisa aponta que só depois de 2500 é que haverá uma subida de temperatura capaz de causar um sexto evento de extinção em massa com uma escala comparável à dos cinco anteriores.


«O próximo evento de extinção em massa na Terra pode já ter data marcada (e é inesperada)

A pesquisa aponta que só depois de 2500 é que haverá uma subida de temperatura capaz de causar um sexto evento de extinção em massa com uma escala comparável à dos cinco anteriores.

Um novo estudo publicado na Biogeosciences fez uma previsão sobre o que podemos esperar do próximo evento de extinção em massa na Terra.

Já por cinco ocasiões nos últimos 540 milhões de anos, a Terra perdeu a maioria das suas espécies num período de tempo geológico relativamente curto. Estes eventos de extinção em massa costumam seguir-se a grandes alterações climáticas causadas pelo choque com asteroides com pela atividade vulcânica.

A nova pesquisa tentou quantificar a estabilidade da temperatura média da superfície da Terra e a biodiversidade do planeta e concluiu que o efeito é geralmente linear — quanto maior a mudança na temperatura, maior o impacto do evento de extinção.

Para eventos de arrefecimento global, as maiores extinções em massa aconteceram quando as temperaturas caíram cerca de 7.ºC. Já para os eventos de aquecimento global, os maiores eventos de extinção deram-se após uma subida de 9.ºC.

Este valor é muito mais alto do que estimativas anteriores, que previam que um aumento de 5,2.ºC já causasse uma extinção em massa na vida marinha comparável com os cinco grandes eventos anteriores.

Se nada mudar, espera-se que a superfície do planeta aqueça cerca de 4,4.ºC até ao final do século. Kunio Kaiho, autor do estudo, prevê que a subida de temperatura de 9.ºC só aconteça depois de 2500 “no pior cenário”.

O cientista não nega que já espécies a desaparecer por causa das alterações climáticas, mas não antecipa que a atual crise climática chegue à mesma proporção que eventos de extinção anteriores, nota o Science Alert.

Para além do grau das alterações climáticas, a velocidade em que acontecem também é importante. O maior evento de extinção na Terra matou 95% das espécies conhecidas na altura e demorou 60 mil anos há cerca de 250 milhões de anos.

No entanto, o aquecimento que verificamos hoje em dia está a acontecer muito mais rápido devido às atividades humanas poluidoras. Apesar do aumento da temperatura não ser tão grande, é possível que morram mais espécies no sexto evento de extinção devido à rapidez das mudanças, que impedem a adaptação das espécies.

“Prever a magnitude da futura extinção antropogénica usando apenas a temperatura à superfície é difícil porque as causas da extinção antropogénica diferem das causas de extinções em massa no tempo geológico”, admite ainda Kaihu.» in https://zap.aeiou.pt/calendario-inesperado-extincao-massa-490941

(Mysterious climate behavior during The Great Dying mass extinction explained)


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30/07/22

Ambiente e Ecologia - O escritor e antigo professor universitário Carlos Taibo, autor do livro "Ibéria Esvaziada", falou, em entrevista à Lusa, do movimento migratório de sul para norte de Portugal, decorrente do despovoamento, das alterações climáticas, e da teoria do colapso.


«Carlos Taibo: "Estamos nos inícios de um colapso geral" - e as regiões esquecidas vão reagir melhor que as outras

O escritor e antigo professor universitário Carlos Taibo, autor do livro "Ibéria Esvaziada", falou, em entrevista à Lusa, do movimento migratório de sul para norte de Portugal, decorrente do despovoamento, das alterações climáticas, e da teoria do colapso.

"Vamos assistir a migrações de sul para norte. O norte, em termos climatológicos, vai resistir melhor do que o sul. Isto é evidente. Este é o anúncio, também, dentro de Portugal, de migrações para o norte", disse o escritor em entrevista à Lusa, no Porto.

Carlos Taibo esteve na cidade para duas conferências no dia 22 de julho, a primeira na Faculdade de Letras (denominada Rússia e Ucrânia: impérios, povos, energia) e a segunda no Espaço Musas, sobre o tema do Decrescimento.

O antigo académico, que lecionou mais de 30 anos na Universidade Autónoma de Madrid, afirma que, "segundo a teoria", na Galiza e no Norte de Portugal, "na sua versão litoral, as mudanças climáticas não vão gerar uma temperatura mais alta".

"Mas esse não é o cenário de Ourense nem de Trás-os-Montes", aponta, fazendo referência à recolha estatística que fez acerca do interior daquela província galega, que, paradoxalmente, perde população para o sul da Península Ibérica.

Segundo Carlos Taibo, a Espanha que se desertifica (em termos climáticos), no sudeste "ganha população", mas a "Galiza, Astúrias, Leão, o norte de Portugal, perdem população", num processo "muito significativo".

"Haverá que ativar um procedimento de correção. E entendo que a correção vai ser traumática", disse à Lusa o também autor de "Colapso" (2019), "Decrescimento, crise, capitalismo" (2010), "Parecia não pisar o chão. Treze ensaios sobre as vidas de Fernando Pessoa" (2010) e "Galego, português, galego-português?", com Arturo de Nieves (2013).

Há um 'Portugal 'esvaziado', e um 'Portugal 'hiperesvaziado'

Dentro da "Ibéria Esvaziada" do "Despovoamento, Decrescimento, Colapso" que dão título ao seu livro, Carlos Taibo sustenta que também há um 'Portugal esvaziado', numa área que vai desde o Baixo Alentejo a Trás-os-Montes, e mesmo um 'Portugal hiperesvaziado', próximo à província de Ourense, na Galiza.

O antigo professor universitário aventa que o panorama nos territórios portugueses contíguos àquela província espanhola será "semelhante ao da Galiza do interior", uma área "de despovoamento evidente, com um crescimento notável da população idosa", algo que "obviamente tem relação com este processo geral de abandono do mundo rural".

Junto a Ourense, "num primeiro olhar, não são terras pobres", afirma.

"São terras com muita vegetação, que permitiriam o crescimento de uma atividade, mas vivemos em modelos políticos muito marcados pelas cidades", refere ainda, pois "os partidos políticos são formações urbanas" e "os dirigentes políticos são gente que mora nas cidades", o que "não pode gerar outro cenário que este do abandono completo".

Galiza e Norte de Portugal "é a parte da Península Ibérica que vai padecer de menos problemas"

O escritor parte também da "certeza de que há uma biorregião da Galiza e Norte de Portugal", antecipando que "no cenário das mudanças climáticas, é a parte da Península Ibérica que vai padecer de menos problemas".

O mesmo sucederá num cenário de colapso: "as regiões esquecidas, deprimidas, vão levar o colapso de melhor maneira do que as regiões não esquecidas", afirma Carlos Taibo.

No seu entender, isso acontecerá "porque dependem menos de energias e de tecnologias que, por definição, têm de chegar de nós", considerando que "o colapso vai ser um golpe muito mais forte nas cidades do que no mundo rural".

"A minha tese é de que estamos nos inícios de um colapso geral", afirma, dizendo que hoje "é muito mais fácil" de convencer alguém deste cenário "do que era há três anos".

"A pandemia colocou dentro da nossa cabeça a ideia de que as coisas não iam muito bem", cenário a que se juntam, segundo o autor, os "problemas de abastecimento de matérias-primas energéticas, do encarecimento dos custos de transporte de todas as mercadorias, curto-circuitos em processos económicos e financeiros", e agora "as consequências da guerra da Ucrânia".

Para Carlos Taibo, "a causa é estrutural", e "a combinação é tal entre mudanças climáticas e esgotamento das matérias-primas energéticas, que [o colapso] é dificilmente negável, no momento presente".

O colapso, segundo descreve em "Ibéria Esvaziada", é "um processo ou um momento" com "várias consequências delicadas" para a sociedade, como "mudanças substanciais e irreversíveis", "profundas alterações no que se refere à satisfação de necessidades básicas", "reduções significativas no tamanho de população humana", "perda de complexidade" e "crescente fragmentação" social ou o "desaparecimento das instituições previamente existentes".

"Por fim, a falência das ideologias legitimadoras, e de muitos dos mecanismos de comunicação, da ordem anterior", teoriza Carlos Taibo no livro.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/carlos-taiboestamos-nos-inicios-de-um-colapso-geral-e-as-regioes-esquecidas-vao-reagir-melhor-que-as-outras

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