"CANÇÃO DE MAIO
Os rios são de luz,
E de oiro são as fontes.
Ê de oiro o mar azul,
Que banha os horizontes.
O arbusto que rebenta,
É um Lázaro a quebrar
A tampa do sepulcro,
Ouvindo o sol chamar!
O aroma é tão intenso,
Em Maio, nos outeiros.
Que tolda os claros céus
De vagos nevoeiros.
A luz do sol caindo.
Alegre, sobre a aldeia,
As pedrinhas do chão
E as águas incendeia!
Doira a face espelhada
E lívida dos mármores;
E chuveiros de tinta
Esparge sobre as árvores.
Crescendo, a cor alaga
O vale, o campo, a serra.
E já mal se distingue
O céu azul da terra."
Teixeira de Pascoaes | Vida Etérea
Sem comentários:
Enviar um comentário