09/05/19

Espaço - Por causa disso foi batizado de 'Oumuamua (pronunciar as sílabas mua como em Lua) do havaiano que significa batedor, ou primeiro mensageiro que nos chega de longe.




«A descoberta do Oumuamua e o que sabemos sobre ele

Desde há alguns anos que os astrónomos tentam descobrir objetos que passam próximo da Terra, conhecidos por NEO (Near Earth Objects). São tipicamente asteróides relativamente pequenos que refletem pouca luz, sendo difíceis de detetar. Nas palavras sábias do astrofísico e divulgador de ciência Neil deGrasse Tyson, que subscrevo totalmente, estes asteróides são a razão mais importante para ter um programa espacial, pois se caírem na Terra, como já aconteceu, as consequências poderão significar a destruição da humanidade. O conhecimento das suas trajetórias é crucial, já que só poderemos evitar tais eventos se as conseguirmos alterar com antecedência.

Em outubro de 2017, um destes objetos foi identificado nas observações dos telescópios Pan-STARRS, situados no Havai, com uma característica diferente de todos os observados até esse momento. O objeto era o primeiro visitante conhecido vindo do espaço interestelar. Por causa disso foi batizado de 'Oumuamua (pronunciar as sílabas mua como em Lua) do havaiano que significa batedor, ou primeiro mensageiro que nos chega de longe. Todos os objetos do sistema solar têm a mesma origem e estão desde sempre na mesma região do espaço, de modo que um visitante do espaço interestelar é potencialmente diferente de tudo o que conhecemos.

Um objeto que se aproxime com uma certa velocidade do sistema solar vai acelerar até ao ponto mais próximo, atingindo velocidades muito superiores às dos planetas, e depois desacelerar até voltar a ter a velocidade original, embora numa direção diferente, afastando-se para não mais voltar. Estes objetos deixam rapidamente de ser detectados quando se afastam do Sol, pois são relativamente pequenos, e a sua observação depende da luz refletida. Por isso o período de observação é curto e os dados obtidos escassos.

Os dados mais importantes são o brilho e variação, pois dependem da extensão e características das superfícies viradas para o Sol em cada instante e que permitem inferir o tamanho, forma geral e rotação do objeto. Estimativas sugerem que o objeto terá um tamanho de cerca de 400 metros (entre 100m e 1km) e que será muito oblongo, com a característica única da razão entre o comprimento e a largura ser cerca de 10, muito superior à de todos os objetos conhecidos. Os dados também sugerem que, em vez de rodar em torno de um eixo estável como num pião, o movimento de rotação será irregular.

O 'Oumuamua entrou e vai sair do sistema solar a cerca de 26 km/s, sendo que em abril de 2019 já se encontrava mais longe que Saturno. Para comparação, a sonda terrestre mais rápida que escapou do sistema solar é a Voyager 1, que saiu a quase 17 km/s. O 'Oumuamua demoraria cerca de 48 mil anos a atingir a estrela mais próxima do Sol, se fosse na sua direção. Pensa-se que o 'Oumuamua possa ter centenas de milhões de anos, tendo possivelmente sido ejetado de um sistema estelar por um encontro próximo com um objeto maior.

Um dado crucial nesta história é que se descobriu que o 'Oumuamua estava a acelerar mais do que o previsto, ou seja, exibia uma aceleração "anómala" relativamente à aceleração esperada de uma órbita hiperbólica típica influenciada pelas forças conhecidas: na sua trajetória, a afastar-se do Sol, a aceleração era ligeiramente superior ao esperado, estando este excesso a diminuir relativamente ao esperado.

A hipótese ET
O estranho comportamento e características do 'Oumuamua levaram Avi Loeb, um proeminente astrofísico com centenas de artigos científicos publicados e presidente do departamento de astronomia da Universidade de Harvard, a investigar a hipótese de o objeto ser uma sonda espacial de origem extraterrestre.

A aceleração anómala num asteróide pode ser provocada pela libertação de gases aquecidos durante a aproximação ao Sol. Jatos de matéria libertada também podem explicar a rotação irregular sugerida pelos dados. No entanto, a libertação de gases arrasta normalmente partículas da superfície que costumam ser detectadas, o que não aconteceu neste caso. Esta ausência, entre outros dados, levou Loeb à formulação da hipótese de o objeto ser de origem artificial alienígena.

Aproveitando um projeto de deteção de sinais alienígenas em que estava envolvido, Loeb tentou detetar emissões radio do objeto, sem resultado, e foi avançando com explicações plausíveis em suporte da hipótese ET. Para justificar a aceleração anómala sem emissão de gases e outras características conhecidas, como a não deteção de emissões térmicas características de asteroides, Loeb e os seus colaboradores consideraram a possibilidade de o objeto ser muito fino, como uma vela solar, que utilizaria a radiação solar para acelerar. A sonda estaria desativada, o que explicaria o seu silêncio rádio e o movimento de rotação desordenado.» in https://canaltech.com.br/espaco/estudo-levanta-de-novo-ideia-de-que-oumuamua-e-objeto-criado-por-alienigenas-126247/

(Why Harvard Scientists Think This Object Is An Alien Spacecraft)


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