«Cronista de rubrica extinta pela Antena 1 diz que vai processar RTP
Raquel Freire, uma das cronistas da rubrica “Este Tempo”, da Antena 1, indicou hoje que vai processar a RTP por incumprimento contratual, por considerar não ter sido formalmente notificada do fim do contrato que a vinculava à rádio pública.
Ouvida esta tarde pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), no âmbito do alegado caso de censura na Antena 1, a cineasta disse aos jornalistas, no final da audição, que tinha ali ido “explicar que não entendia como é que o programa tinha terminado desta maneira”.
“Tenho um contrato que está assinado – e trouxe o contrato – com a Rádio Televisão de Portugal. É um contrato que diz que, para término deste tem que ser comunicado por escrito duas semanas antes”, esclareceu Raquel Freire.
“Se a decisão tinha sido tomada antes, porque é que eu não recebi até hoje nenhuma carta por escrito, como está na lei [estabelecido contratualmente], e recebi um telefonema informal, umas horas antes da minha última crónica, dizendo ‘esta será a tua última’(crónica)?”, interrogou a cronista da rubrica.
Por consequência, Raquel Freire considera que “o contrato está em vigor”. “Ele não foi terminado. Para ele ter terminado, tinha que receber uma carta com duas semanas antes”. Daí que, acrescentou: “Vou processá-los. É fundamental que a RTP, sendo Estado, dê o exemplo. Tem que dar o exemplo”, sublinhou.
“O telefonema que recebi foi da pessoa que me tinha convidado para o programa, o diretor-adjunto de Informação [da Antena1, Ricardo Alexandre], que me disse que ele próprio não tinha sido sequer consultado. [Disse-me] que até iria sair das manhãs da Informação, porque era um desrespeito. Ele não tinha sido sequer consultado”, acrescentou a cineasta.
Quanto às razões para o fim do programa, Raquel Freire indicou que o então diretor-adjunto de Informação da Antena 1 lhe disse, no mesmo telefonema, que “o diretor[-geral de Conteúdos da RTP], Luís Marinho, tinha sentido um mal-estar em relação ao conteúdo da última crónica do jornalista Pedro Rosa Mendes [na rubrica “Este Tempo”, que foi para o ar em 18 de janeiro, com fortes críticas ao governo angolano e ao programa da RTP Reencontro, emitido a partir de Luanda no dia 16 de janeiro] e que, por isso, o programa iria terminar”.
Raquel Freire, que foi a última de quatro ex-cronistas ouvida esta tarde pela ERC - Gonçalo Cadilhe, António Granado, Rita Matos e a cineasta – disse “concordar” com Rosa Mendes, o quinto cronista da rubrica “Este Tempo”, já ouvido pelo regulador e pela Assembleia da República na semana passada, quando o jornalista levanta a suspeita de existência de “censura” na rádio pública.
“Concordo [quando ele fala em censura]. Penso que, neste momento, é cada vez mais difícil ter a coragem de ter uma opinião diferente. Mas é isso que nos faz viver em democracia e é isso que deve ser a rádio televisão pública”, considerou. “Algo estranho se passa aqui, espero que seja averiguado aqui [na ERC], na Assembleia da República, porque é para isso que existem os órgãos democráticos”, rematou.
Raquel Freire fez ainda questão de deixar claro que “nunca nenhum jornalista da Antena 1 tentou alguma vez condicionar qualquer das [suas] crónicas”, mas acrescentou que sentiu por diversas vezes “pressões externas à RTP” sobre as mesmas, de “pessoas” – sem elaborar - que defenderam que “deveria sair do serviço público”.
Diário Digital com Lusa» in http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=558481
(Raquel Freire cronica de despedida)
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Grande mulher que, ninguém, mas mesmo ninguém conseguirá calar... admiro que vai direta aos assuntos sem rodeios... quem não teme a verdade!
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