14/11/11

Amarante Padronelo - Paço de Dona Loba, excelente reportagem do JN deste Monumento Civil da Futura Rota do Românico dos vales do Sousa e do Tâmega!

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Excelente trabalho do JN de 28/10/2011, com uma reconstituição e explicação histórica deste magnífico Monumento Civil do Património Românico de Amarante!


«Paço Dona Loba


O enigma de Padronelo


A memória histórica de um povo alimenta-se da transmissão das ideias, particularmente, na forma oral, escrita ou edificada, possuindo esses testemunhos um valor acrescentado quando a temática pertence a épocas mais recuadas, pois a escassez de elementos informativos sobre qualquer assunto que a sorte deixou sobreviver apenas permite uma obscura interpretação conjetural dos elementos subsistentes.

No concelho de Amarante existe uma construção medieval designada Paço de D. Loba, situada num outeiro do Lugar da Torre (Padronelo), que pertenceu ao extinto concelho de Gestaço, antiga denominação da freguesia Madalena, povoação que acompanha a estrada até à ponte românica sobre o rio Tâmega (ruiu em 1763) construída por S.º Gonçalo no século XIII.

Uma explicação lendária, de contornos semelhantes à da "Reina Lupa" convertida na visão do sepulcro do apóstolo S. Tiago (Compostela), refere que o milagroso S. Gonçalo pediu emprestado uns bois bravos, para ajudar na construção da ponte, a uma nobre e austera D. Loba que viveria próximo do lugar de Gondar.

Mais tarde, Craesbeek nas "Memórias Ressuscitadas da Província de Entre-Douro-e-Minho" (1726) sugere uma hipótese pouco credível que relaciona uma D. Loba Mendes de Gondar, pertencente a uma nobre linhagem desta zona nos séculos XII-XIII, com a lenda de S. Gonçalo e a Torre (de D. Loba) existente frente a Gondar, a qual, já se encontrava em ruínas.

As memórias paroquiais de 1758 referem os três arcos interiores "nos quais dizem os antigos serviam de trave para o seu soalho" (sugerindo mais um piso como na sala do capítulo de Leça do Balio), e informa que, do edifício pertencente ao conde de Redondo tem sido retirada pedraria para as casas da vizinhança. O edifício tem uma implantação estratégica extraordinária, dominando uma várzea do rio ovelha e os vales adjacentes, por onde chegam e cruzam os carreiros imemoriais para Amarante, Vila Real, Mesão Frio e Marco de Canavezes.

Essa predominância sobre o espaço conseguida numa cota intermédia, aliada à robustez fortificada, à larga porta térrea, ao amplo salão interior com arcaria, parece induzir uma explicação tipológica sobre a sua existência funcional, sugerindo um espaço de controlo alfandegário sobre os produtos que por ali passavam.

A estranha e grandiosa ruína medieval afasta-se da interpretação corrente dos modelos e tipos estudados pelos especialistas, facto que, juntamente com a omissão das fontes documentais, terá contribuído para uma quase absurda ausência nas publicações recentes sobre arquitetura medieval.

Monumento Nacional desde 1978, continua à espera de estudos arqueológicos-arquitetónicos que ajudem a desvendar o enigma de Padronelo.» in JN, edição de 28 de Outubro de 2011, Luís Bourbon Aguiar Branco.

4 comentários:

  1. Bom dia, caro Helder Barros, quando se divulga as informações editadas deve-se referir o autor da respectiva informação que aparece identificado no jornal, neste caso Luis Bourbon Aguiar Branco...
    fico contente que tenha gostado do artigo e fica a informação adicional que depois transformei esses artigos, sobre valores patrimoniais pouco conhecidos ou em mau estado, num livro chamado "Olhares sobre a Terra-Mãe"
    abraço
    Luis AB

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    1. António Patrício20/1/23 6:42 da tarde

      Boa tarde. Sem pretensiosismos o concelho não é Gestaçô ,mas sim, Gestaço.

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    2. Muito obrigado pela correção sempre bem vida, Sr. António Patrício!

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  2. Muito obrigado Luis Bourbon Aguiar Branco!

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