«República/100 anos: Só duas cidades não devem os seus colares de mérito à primeira República
(22-09-2010)
Armindo Mendes
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O decreto que distingue Amarante, com data de 21 de novembro de 1925, assinado pelo Presidente da República Teixeira Gomes, explica a atribuição da condecoração com os “altos feitos de valor, heroísmo, valentia e abnegação, praticados pela gloriosa vila de Amarante, na defesa da mesma vila na segunda invasão francesa”, em 1809.
Lusa
Coimbra, 21 set (Lusa) – Angra do Heroísmo, Amarante e, de algum modo, Covilhã são as únicas cidades portuguesas condecoradas, com a Ordem da Torre e Espada, por razões não relacionadas com a defesa da primeira República. Dos 16 municípios portugueses agraciados, Alcobaça, Aveiro, Bragança, Caldas da Rainha, Chaves, Coimbra, Covilhã, Elvas, Évora, Lisboa, Mirandela, Ovar, Porto e Santarém foram-no, de acordo com os respetivos decretos, publicados entre 1919 e 1930, pelo “heroísmo, civismo e amor que manifestaram em sustentar a integridade das instituições republicanas”. A cidade açoriana foi a primeira a ser galardoada, ainda no século XIX, também por razões de pura política, mas relacionadas com outras causas. A única vez que a monarquia agraciou, com o colar da Ordem da Torre e Espada, uma localidade, foi, em 1837, Angra do Heroísmo, por esta cidade se ter mantido "um reduto do liberalismo". Só no século seguinte e já no regime republicano aquele colar voltou a ser atribuído a localidades, sempre por motivos relacionados com a defesa do então novo regime, à exceção de Amarante e Covilhã (embora esta cidade também tenha sido condecorada pelo papel que desempenhou na defesa da República). O decreto que distingue Amarante, com data de 21 de novembro de 1925, assinado pelo Presidente da República Teixeira Gomes, explica a atribuição da condecoração com os “altos feitos de valor, heroísmo, valentia e abnegação, praticados pela gloriosa vila de Amarante, na defesa da mesma vila na segunda invasão francesa”, em 1809. Aqueles feitos mereceram, aliás, sublinha o mesmo diploma, “as mais elogiosas referências” e “encheram de glória” os seus protagonistas, tornando-os “dignos da maior admiração, pela sua destemida coragem e valentia”. Além de ter sido distinguida pela primeira República e por razões relacionadas com a defesa do regime (a cerimónia de entrega do galardão foi feita, em Lisboa, em 05 de outubro de 1930), a Covilhã também ostenta, no seu brasão e bandeira, um colar de mérito, por ter sido condecorada, em 04 de dezembro de 1931, com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial. Covilhã é o único município, além de Lisboa, condecorado com dois colares de mérito. Lisboa possui duas condecorações, mas ambas relacionadas diretamente com a primeira República. Depois de ter sido galardoada com o grau de Comendador da Ordem da Torre e Espada (decreto 5:663, de 10 de maio de 1919, assinado por Canto e Castro), a capital foi distinguida, em 03 de junho de 1920, com o Grã-Cruz da mesma Ordem (decreto 6:659, subscrito por António José de Almeida). O povo da capital do país tem dado, "inúmeras vezes", provas de "alto civismo, abnegação e fé nos destinos da Pátria e da República, praticando atos que constituem verdadeiras epopeias da defesa da República", sublinha o diploma. Tais "atos, de tão extraordinária, patriótica e heróica benemerência, como os praticados pelo povo de Lisboa na defesa da República e da Pátria devem ser oficialmente reconhecidos por intermédio do grau mais superior da mais alta condecoração nacional", lê-se no decreto que atribuiu ao municipio lisboeta a Grã-Cruz da Ordem da Torre e Espada. JEF *** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico *** Lusa/Fim» in http://www.tamegaonline.info/v2/noticia.asp?cod=3471
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