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05/02/16

Amarante Poesia - O Poeta amarantino, Teixeira de Pascoaes publicou em 1912 o «Regresso ao Paraíso», outro longo poema cheio de alegorias e pensamentos muito próprios, com grande harmonia descreve o Juízo final, onde todos os seres são julgados...




«A 1 de janeiro de 1912, sai o primeiro número da revista «A Águia», orgão da Renascença Portuguesa, dirigida por Teixeira de Pascoaes. António Carneiro é o director artístico.

Pascoaes publicou então o «Regresso ao Paraíso», outro longo poema cheio de alegorias e pensamentos muito próprios. Com grande harmonia descreve o Juízo final, onde todos os seres são julgados:


«E Deus chamou depois um rouxinol:
«Quem és tu? Quem és tu?
«Eu fui um rouxinol dos salgueirais.
Batia, à noite, as asas da minh'alma,
E cantava! Cantava! ia subindo
Até pousar nos astros. E ás estrelas
Tirava fios de oiro,
E com eles no bico, cintilantes,
Ia tecer meus ninhos que eram quentes
E luminosos como a luz do sol.
E os meus ovos chocavam, por milagre,
Sem o menor calor das minhas penas...

Uma noite, ai de mim, pousei cantando
Na cruz do teu irmão, eis o meu crime.»

«E não tiveste medo do seu aspecto
ensanguentando e humano?»

«Estava morto, imóvel; e, além disso,
era tão clara e bela a sua fronte
Que lembrava um luar amanhecendo...
E esse luar divino embriagou-me
E cantei toda a noite...»

«Bem poderias, sim, tê-lo acordado!
Num deus o sono é leve, a própria morte
É um brando meio sono...»

«Mas o canto adormece...
E sempre que eu cantava, tudo em volta
De mim fechava os olhos... E sonhava...
E ele mesmo, ele mesmo, o teu irmão,
Parecia sonhar... E a própria cruz
E a própria negra fraga que a sustinha!

«Vai; põe o teu canto na balança.»

E a divina balança estremeceu.»


Fernando Amado encenou este poema na casa da Comédia.» in "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos, Fotobiografia. 



Noa Peled - "Juízo final" - (Nelson Cavaquinho e Elcio Soares)



"Juízo Final
  
O Sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente

É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer

O Sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente"

01/02/16

Amarante Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Saudade".


Foto: a modelo Larissa Joseph


"SAUDADE

Se eu fosse um pintor
E tivesse de desenhar a saudade
Seria uma gaiola sem cor,
Sem grade,
E sem tranca,
Voltada a sul,
E uma bela pomba branca,
Que esvoaça o céu azul,
Ao sol da primavera,
E ao entardecer
Eu fico à espera,
Até ela descer."

Eugénio Mourão



31/01/16

Amarante Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o poema: "Chão de sonhos"


Foto: a modelo Brenda Jennifer


"CHÃO DE SONHOS

Caminha com cuidado,
Há sonhos no chão,
Que caíram de um coração com vontade,
E floresceram.
E se vieste por tudo,
Colherei, 
Das pedras molhadas,
Um ramo de jardins,
Para perfumar a noite,
Nos teus lábios maduros,
E no teu corpo,
De mãos vazias,
Mil frutos de madrugada."

Eugénio Mourão

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30/01/16

Amarante Poesia - O meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "(A)MAR"


Foto: a modelo Brenda Jennifer


"(A)MAR

Sereia,
Diz ao mar,
Que havia numa praia,
Um castelo de areia,
Que um homem construiu,
Onde te fez prisioneira.
Mas numa maré alta,
Tudo começou a ruir.
Com folhas de papel,
E do lápis um mastro,
Fez-te um lindo batel,
Para poderes partir.

Sereia,
Diz ao mar,
Que deixaste numa praia,
Rochedos de naufrágio,
Com ondas de abraçar,
Tão molhados de pranto,
Onde se quebram segredos,
Numa espuma de encanto.
E nos dias de tempestade,
Ainda se escutam medos,
Dos homens ao teu canto.

Sereia,
Diz ao mar,
Que numa praia distante,
Feita de fino areal,
Há uma aragem de saudade,
Escrita com poemas de sal,
Que vem do lado poente,
Onde já se deita o sol.
E que nas ondas de voltar,
Alguém achou um búzio,
Por onde te ouve amar."

Eugénio Mourão


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20/01/16

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Rua do Poema..."


Foto: a modelo Lana Laham


"RUA DE UM POEMA...

Escrevi-te esta canção…
Fala de uma casa no meio de um monte de palavras
Que construí para lá viveres
Para sempre.
A porta abre por dentro,
E quando toco à campainha
É o teu coração que vem atender-me.
No quarto há quadros
Que são quadras que rimam contigo.
Quando te vais deitar,
Peço à noite para luar os teus sonhos
Até adormeceres.
Acordas com um pintassilgo à janela
A recitar-te o amanhecer.
Ao saíres de casa, há um jardim à tua espera
Cheio de letras que abrem ao sol
Para mostrarem o teu nome,
E quando chove as gotas fazem delas
Borrões de saudade.
Escrevi-te esta canção…
Fala de uma casa no meio de um monte de palavras
Que escrevi para lá viveres
Para sempre.
Fica na rua de um poema..."

Eugénio Mourão

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16/01/16

Amarante Teixeira de Pascoaes - Em 1906, Pascoaes resolveu vir advogar para o Porto, instalou-se numa pensão da Rua das Flores e abriu escritório na Rua das Taipas.


(Fotografia de Teixeira de Pascoaes em Barcelona)


 
«Pascoaes vai advogar para a Cidade do Porto em 1906

Em 1906, Pascoaes resolveu vir advogar para o Porto. Instalou-se numa pensão da Rua das Flores. Abre escritório na Rua das Taipas.

No Tribunal, a sua estreia foi brilhante. Defendeu uma rapariga solteira acusada de ter morto o filho recém-nascido e conseguiu absolvê-a, pondo os jurados e a assistência a chorar de piedade.

O Dr. Alpoim, famoso advogado da época, disse ao Pai: «Há muito que eu não assistia a uma estria tão brilhante!».

Pouco depois, o Pai é nomeado governador civil do Porto e vai viver para a Foz.

Então, Pascoaes abandona a pensão na Rua das Flores e muda-se para a casa dos pais, à beira-mar.

Costumava nadar, na Praia do Molhe, com António Patrício e outros amigos. Era o seu desporto preferido.» in "Na Sombra de Pascoaes" fotobiografia de Maria José Teixeira de Vasconcelos.

11/01/16

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Praia de um Adeus"


Foto: a modelo Danni Bernardi

"PRAIA DE UM ADEUS
Já começa o fim…
Passámos tantos caminhos,
Que subiam e desciam para nada,
Como praias de areia sem rimar.
Agarro esse instante, de tempo de sol,
E de um mar de palavras, por tão pouco.
Aqui estou, tão longe de mim,
Que esqueço o horizonte.
Já é tarde e a maré alta que magoa, 
Escrevo-a, pela última vez,
E entrego-me ao acaso.
Rebentam ondas por um sonho feliz,
Sonharei com ele à deriva,
Junto ao por do sol,
E amanhã, ao acordar,
Nas dunas de uma ilusão,
Valeu a pena."

Eugénio Mourão

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05/01/16

Poesia - O Meu Colega e Amigo, professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Margens da Vida".


Foto: a modelo Gabi Cruz


"MARGENS DA VIDA

Fui vê-la,
Na margem de um rio,
E levava comigo palavras de sol,
Para cobrir
O arrepio
Do seu destino.
Estava despida,
Resignada,
E lamentava à corrente,
As suas folhas caídas,
Já quietas e molhadas.
Mas de repente,
Daquele inverno sentido,
E de um sol proibido,
Fez-se a árvore da vida,
Porque um dia será primavera,
E as suas folhas serão mais verdes do que a esperança,
E agitadas,
Ao vento meigo e quente,
De um abril qualquer."

Eugénio Mourão

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08/11/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Saudade"


Foto: a modelo Luana Alvarenga II

"SAUDADE
Se eu fosse um pintor
E tivesse de desenhar a saudade
Seria uma gaiola sem cor,
Sem grade,
E sem tranca,
Voltada a sul,
E uma bela pomba branca,
Que esvoaça o céu azul,
Ao sol da primavera,
E ao entardecer
Eu fico à espera,
Até ela descer."

Eugénio Mourão

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09/10/15

Amarante Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Renascer".


Foto: a modelo Daisy Silva

"RENASCER

Hei de morrer as vezes que forem precisas,
Ainda que dolorosas,
Como as rosas,
Ou imprecisas,
Como as névoas que já descem o monte,
E vêm adormecer no vale.
E à penumbra farei com que a cale,
O mar no horizonte,
De um novo fim de dia.
E serei tudo o que houver para ser,
Seja qual for o amanhecer,
Ou se a vida fugidia.
Ainda que por pouco caminhada,
Enquanto viver serei sem fim,
Sim!
Serei tudo antes que nada.
E quando o céu me chamar,
Porque o sol já deixa a serra,
Hei de gritar à minha terra,
Que nunca a deixei de amar."

Eugénio Mourão

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15/09/15

Amarante Teixeira de Pascoaes - Amarante decidiu homenagear Teixeira de Pascoaes, o autor Maior e natural da terra, colocando uma escultura no café de eleição do escritor, na mesa onde costumava escrever.




«Amarante homenageia Teixeira de Pascoaes

Amarante decidiu homenagear Teixeira de Pascoaes, o autor natural da terra, e colocou uma escultura no café de eleição do escritor. 

A obra de arte representa o hábito que o escritor tinha de se sentar no estabelecimento, em busca de inspiração.» in http://portocanal.sapo.pt/noticia/68928/


(Teixeira de Pascoaes imortalizado no Café Bar em Amarante)
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Houve tempos em que a esquerda de veludo e exacerbada tratou muito mal a figura de "Teixeira de Pascoaes", ao ponto de lhe retirarem o nome que o Escritor dava a um estabelecimento de ensino... mas o tempo tudo cura, graças a Deus!!!)


03/09/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Estrada do Desejo"


Modelo Ana Letycia Balzaretti — com Ana Letycia Balzaretti

"ESTRADA DE DESEJO

Esperamos em esquinas de solidão,
E na ânsia que o coração não se atrase,
Corremos…
Não sabemos explicar, mas corremos sempre,
Para nos encontrarmos em estradas de desvio.
Há um poente que chama por nós, 
E olhamos sem ver,
E paramos sem parar,
E em parcos segundos tudo se diz sem se dizer,
E tudo se ouve sem se ouvir,
Como num ato de contrição em que já não há mais tempo.
E há desejos que desistem sem querer, 
Mais tristes e mudos que o fim,
Com vontade de chorar.
E não há mais ninguém, nem mais mundo, nem mais nexo, 
Apenas nós que corremos em contramão,
À procura, desesperadamente, do sentido da vida."

Eugénio Mourão

24/08/15

Amarante Poesia - Como o Poeta de Gatão, Amarante, Teixeira de Pascoaes, sentia os mistérios da vida, neste caso o da morte...



"A morte

O nosso corpo é estrela,
Que vai arrefecendo
E escurecendo,
Para que nele surja uma outra luz mais bela,
A luz espiritual.
É preciso baixar à negra sepultura,
Para que a humana e pobre criatura
Alcance o eterno amor.
É preciso sofrer o último estertor,
Chorar a lágrima final...!"

Teixeira de Pascoaes

21/08/15

Poesia - O meu Colega e Amigo, professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema em duas línguas: "Saudade"


Foto: a modelo Jhannet Correa



"SAUDADE

Se eu fosse um pintor
E tivesse de desenhar a saudade
Seria uma gaiola sem cor,
Sem grade,
E sem tranca,
Voltada a sul,
E uma bela pomba branca,
Que esvoaça o céu azul,
Ao sol da primavera,
E ao entardecer
Eu fico à espera,
Até ela descer."

Eugénio Mourão


"NOSTALGIA

Si yo fuera un pintor
Y tuve que dibujar el nostalgia
Sería una jaula incoloro,
Sin rejilla,
Y sin cerraduras,
Orientada al sur,
Y una hermosa paloma blanca,
Qué vuela cielo azul,
Sol de primavera que,
Y al atardecer
Sigo esperando,
hasta que ha bajado."

Eugénio Mourão (tradução)


17/08/15

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Olhos nos Olhos"


Foto: a modelo Saiury Carvalho — com Saiury Carvalho.



"Olhos nos Olhos

Lindos são os teus olhos, cor da terra,
Castanhos ousados, os meus contidos.
Como janelas com vista para os céus
Os teus estrelas, que iluminam os meus.
E as tuas sobrancelhas, alecrim da serra,
As minhas desnudas, outeiros despidos.
Flores de girassol que se voltam para mim,
Os teus, quantas vezes dispersos e alheios,
Outras, asas de borboletas batem que sim,
Ao sol, e ao olhá-lo nos teus, encandeio.
E sonho, ao fixá-los tão profundamente,
Ficam vidrados de paixão, reflexo dos teus.
O mundo para, o olhar escurece,
Porque os teus olhos leem os meus.
O corpo desperta, o peito humedece
A boca, e diz mudas palavras em voz.
Sentinelas que abrem alas ao coração,
Sorriso de alma embaciado em vós,
Como semáforos em ruas de solidão.
Noite de nevoeiro que cega o mar,
De compaixão, faróis mostram o cais,
Intermitentes, olho os teus sinais,
Como pirilampos que brincam no ar.
Fê-los Deus, e um dia ao olhar adeus,
Levarei para sempre o amor dos teus."

Eugénio Mourão

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14/08/15

Poesia - O Meu Coela e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Vai, vem"


Foto:a modelo Janete Friedrich 


"VAI, VEM

Vai! 
Nada é o que sonhamos, é assim,
A vida nunca tem um endereço,
Mas tudo é o que em nós mora.
Vem!
E que esta nua paz de voltar,
Não seja por ódio de começo,
Mas por um querer sem ter fim.
Vai!
Não há no mundo outra crença,
Porque tudo vale sempre a pena,
Mesmo por aquilo que não foi.
Vem!
E o que magoa não te vença,
Por dar de ti o que não recebes,
Curas com amor a indiferença.
Vai!
Um dia, que a tua lembrança,
Desperte ao mundo a saudade,
Com duas lágrimas de criança.
Vem!
Nada é um estranho acaso,
Há em tudo uma razão de ir,
Mas no coração fica sempre."

Eugénio Mourão

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13/08/15

Poesia - O meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Encontrar"



"ENCONTRAR

Fiz caminhos pelos teus montes,
Com palavras, molhei os rostos,
E sequei os lábios nas fontes,
Por onde se bebem desgostos.
Que um dia o vento de outono,
Entre pela janela do meu quarto,
E que leve as folhas sem sono,
Das noites que não me farto.
E quando o corpo em torpor,
Que meus poemas de amar,
Da terra brotem em flor, 
Para uma borboleta poisar."

Eugénio Mourão

11/08/15

Amarante Poesia - Na visão de Armindo Mesquita, por ser, acima de tudo, pensamento, a poesia pascoaeseana é profunda e de difícil acesso, onde se harmonizam o paganismo e o cristianismo num humanismo transcendente, impregnado de panteísmo naturalista, fazendo de Pascoaes um dos maiores poetas da língua portuguesa.


(O Marão, por Teixeira de Pascoaes)


"MARÂNUS E A PAISAGEM

E vendo, novamente, o espaço etéreo,
Onde o perfil dos montes se desenha
E outros perfis de sonho e de mistério,
Que se revestem duma luz já morta:

Bendita sejas tu, ó sempiterna,
Bem-amada paisagem! Pátrio ninho!
Serrano coração de Portugal,
Velha província de Entre-Douro-e-Minho!
Bendita sejas tu por todo o sempre,
E o teu ventre, que um novo Deus
encerra,
Ó mística paisagem, onde o céu
Se casa intimamente com a terra!"

In Marânus
Teixeira de Pascoaes

Poesia - O Meu Colega e Amigo, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: Sonhei..."



"SONHEI...

Sonhei … 
Que a vida era bonita,
Que o mundo tinha sido feito a sorrir,
E as lágrimas eram a água doce,
Que descia dos montes.
Sonhei…
Que todos os sonhos podiam ser,
Que eram a coisa mais simples do mundo,
Bastava fechar os olhos e desejar,
E que ninguém nos ralhava por isso.
Sonhei …
Que os homens inventaram a saudade,
Para não esquecerem,
E que a dor só aparecia quando caíamos,
E que passava com o tempo.
Sonhei …
Que se podia fixar o sol sem chorar,
E que o céu era já ali em cima,
E que quando se olhava uma estrela,
Se podia ficar com ela.
Sonhei …
Que as palavras a sonhar falavam alto ,
E que chamavam por mim,
E quando acordava, havia alguém 
A ler o meu poema.
Sonhei …
Que eras um sonho lindo,
E sonhava contigo até não aguentar mais,
E quando ficava cansado, adormecia,
Para voltar a sonhar-te.
Sonhei…
Que tínhamos o mesmo sonho,
E que era mesmo de verdade."

Eugénio Mourão.
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