14/04/17

Amarante Literatura - No culminar do Triénio Pascoalino, a Biblioteca Nacional de Portugal apresenta uma exposição que reúne um vasto conjunto de cartas de e para Pascoaes, cartões postais, manuscritos e datiloescritos de algumas das obras fundamentais do autor, fotografias de família, amigos e admiradores e ainda alguns exemplares da sua obra plástica.


(Teixeira de Pascoaes com Sebastião da Gama, c. 1946)


«"Pascoaes: de Amarante (Solar de Gatão) ao Universo"

No culminar do Triénio Pascoalino, a Biblioteca Nacional de Portugal apresenta uma exposição que reúne um vasto conjunto de cartas de e para Pascoaes, cartões postais, manuscritos e datiloescritos de algumas das obras fundamentais do autor, fotografias de família, amigos e admiradores e ainda alguns exemplares da sua obra plástica.

A inauguração da exposição Pascoaes: de Amarante (Solar de Gatão) ao Universo é antecedida de uma mesa-redonda - com a presença de António Cândido Franco, Miguel Real, Renato Epifânio e Serafina Martins - e de um concerto pelo Grupo Coral de Queluz, dirigido pelo maestro Pedro Miguel, em que será interpretada uma composição musical inédita de um poema de Teixeira de Pascoaes, da autoria do compositor Gonçalo Lourenço.

Culminando o Triénio Pascoalino, um conjunto de eventos que, em 2014, 2015 e 2017, evocam a figura de Teixeira de Pascoaes (1877-1952), a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), a Câmara Municipal de Amarante (CMA) e o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL), entre outras ilustres instituições, realizam a exposição Pascoaes: de Amarante (Solar de Gatão) ao Universo que, recriando a atmosfera do espaço familiar e de escrita do poeta, reúne um vasto conjunto de cartas de e para Pascoaes, cartões postais, manuscritos e datiloescritos de algumas das obras fundamentais do autor, fotografias de família, amigos e admiradores e ainda alguns exemplares da sua obra plástica.

A exposição pretende apresentar o desenho radical da existência do poeta em relação privilegiada com o espaço eleito da sua criação distendido pela palavra que, neste sentido, se traduz num apelo cósmico, tão forte quanto o total domínio de si enquanto pensador. 

Sublinhe-se que Teixeira de Pascoaes nos legou uma obra filosófica e literária que rompe com os limites geográficos, dilatando a sua visão e a força do seu espírito pela Eternidade, como ele próprio afirma: «afinal o que é a Poesia? O desejo que certos homens têm de não morrer. Poesia, Arte, Filosofia, Ciência – mãos de náufragos agarradas a uma tábua».

Pretende-se, pois, com esta exposição recriar a atmosfera peculiar da criação de Teixeira de Pascoaes ou a resposta singular que dirige a sua atividade intelectual, admitindo, por um lado, a estreita ligação entre a índole do poeta e o sistema por si idealizado e, por outro, a intimidade existente entre uma ideia tornada nome verdadeiro e a visão plástica que dela nunca se liberta.

Esta qualidade anímica ou psicológica rara pertence às naturezas profundas, cujo carácter de grandeza impregna o pensamento de Pascoaes de uma inabalável robustez, dirigindo-o para um só ato de consciência, sem dispersões, como lembra Kierkegaard. A expressão deste caráter individual torna o ato de criação uma resposta ao incessante apelo cósmico, disposto nestes termos:

Todos temos uma ideia fixa ou prima, que não exclui outras ideias secundárias; antes as subordina aos seus desígnios, como diretora da nossa atividade intelectual. Em mim, predominou sempre a mania de investigar a alma das cousas, ou essa aparição simbolizada nas aparências. Ser fisionomista, perante um lírio, faz sorrir a deusa Flora... Os deuses riem-se de nós, como se ri a morte da vida, quando pomos os olhos numa caveira.

Quem se liberta de uma ideia fixa? (Santo Agostinho, 1945: 9)

Simultaneamente, decorrerá em Amarante, entre 27 e 31 de março de 2017, o Congresso Internacional «Teixeira de Pascoaes: Pensamento e Missão», comemorativo dos 140 anos do seu nascimento e dos 65 da sua morte, no qual se discutirão os tópicos nevrálgicos da sua produção escrita, desde a filosofia, a poesia, a literatura, a pedagogia, a antropologia, a estética, entre outros.  

Recorde-se que, em 2014, entre 29 e 31 de outubro, já se havia realizado o  1.º Congresso Internacional, dedicado ao género literário das biografias, e, entre 15 de outubro e 31 de dezembro, a mostra Biografias de Teixeira de Pascoaes. E em 2015, entre 1 de outubro e 31 de dezembro, a mostra Arte de ser português, bem como, entre 14 e 16 de outubro, o Congresso Internacional Arte de ser português: no centenário da sua publicação, no qual se discutiram os princípios fundamentais da obra de Teixeira de Pascoaes e do pensamento português.» in http://www.e-cultura.sapo.pt/evento/4844

Mais sobre a Obra de Teixeira de Pascoaes:
http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910a.html


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