«Pascoaes viveu ainda em Coimbra, na Rua da Ilha, 12 e na Rua dos estudos, 14. De colaboração com Afonso Lopes Vieira, publicou «Profecia» sobre a Guerra dos Boers.
Terminado o curso em Coimbra, em 1901, foi passar umas férias à Ilha de S. Miguel, nos Açores, em casa do seu condiscípulo e grande amigo Faria e Maia, e veio encantado com a beleza da paisagem.
A vida em Coimbra fora aliciante. Pascoaes sempre a recordava com muita saudade. Lembrava aquele dia, quando ainda caloiro: ia a entrar na Porta Férrea e esperava-o o canelão. Uma voz gritou: «Dá naquele que é poeta!» E logo um quinta-nista desconhecido lhe pôs a pasta sobre a cabeça em sinal de proteção.
Depois, ficaram amigos.
Lembrava as noites em Coimbra, a tasquinha da Tia Joaquina com as sardinhas assadas nas brasas, o Toque da Cabra e a voz do Hilário a quebrar o silêncio da noite luarenta.
Lembrava a vida na República e o convívio com outros poetas e os seus condiscípulos: o Fausto Guedes Teixeira, o Augusto Gil, o Afonso Lopes Vieira, o Abel de Mendonça, o Faria e Maia, o João direito, o João Lúcio, o Afonso Duarte; o Alexandre Braga, o Eugénio de Castro, o Correia de Oliveira - e muitos outros.
Lembrava a homenagem a João de Deus, em Lisboa, onde o Hilário cantou, corrigindo uma quadra brejeira e lançando depois a guitarra aos pés de João de Deus:
«Se o Padre Santo soubesse
O gosto que o fado tinha...
A assistência ficou suspensa... Depois respirou fundo.
«Canonizava o João
Mais um santo par'a folhinha...»
Por essa altura, Pascoaes fez também uma quadra para ser cantada à guitarra:
"Saudade, palavra escura
Mas por dentro iluminada.
É como na noite sombria
Um beijo da madrugada."» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.
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