«Doente com hepatite C morre à espera de medicamento que a podia curar
Por: Alexandra Borges Alexandra Borges Herberto Figueiredo Herberto Figueiredo / / Pedro Vilela | ontem às 21:54
Maria Manuela Ramalho tinha 51 anos. Terá sido infetada no próprio Sistema Nacional de Saúde, com uma transfusão de sangue, durante uma cirurgia. Os papéis de autorização para ter acesso ao medicamento andaram a circular pelo Hospital Egas Moniz entre os médicos, a Comissão de Farmácia e o Conselho de Administração durante mais de 10 meses, enquanto a doente piorava
Morreu a primeira doente de hepatite C por não ter acesso ao medicamento inovador que a podia salvar. Tinha 51 anos e terá sido infetada no próprio sistema nacional de saúde com uma transfusão de sangue. Os papéis de autorização para ter acesso ao medicamento andaram a circular pelo Hospital Egas Moniz entre os médicos, a Comissão de Farmácia e o Conselho de Administração durante mais de 10 meses, enquanto a doente piorava.
Só no dia em que a doente foi transferida de urgência para os cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria é que foi pedido o medicamento ao Infarmed. Foi tarde de mais.
Maria Manuela Ramalho tinha 51 anos, trabalhava e era avô babada de um menino de quatro anos com quem passava os tempos livres. Terá sido infetada com o vírus da hepatite C no próprio Sistema Nacional de Saúde, na sequência várias cirurgias que implicaram algumas transfusões sanguíneas.
10 meses à espera do medicamento
Em fevereiro do ano passado, piorou e a sua médica, a 12 de março, terá pedido o novo medicamento inovador que a podia curar em questão de dias.
Os papéis da autorização para a doente ter acesso ao medicamento terão andado a circular no hospital, entre a Administração, a Comissão de Farmácia e os médicos, durante mais de 10 meses. Quando surgiu o portal do Infarmed, os médicos logo que tiveram a password colocaram o caso na plataforma. A doente terá chegado a ter o medicamento associado Declatavir oferecido pelo laboratório, mas era preciso comprar o Sofosbuvir que custa 46 mil euros.
A doente volta a ser internada a 16 de dezembro. Começa a piorar e, no dia 28 de janeiro, é transferida para a unidade de cuidados intensivos do Hospital Santa Maria. Nesse mesmo dia, alguém terá enviado finalmente o pedido de autorização para o Infarmed.
Dia 30 de janeiro, cerca das 10:00, a doente morre por complicações relacionadas com a hepatite C. O médico responsável pela unidade não tem dúvidas de que ela estaria viva se tivesse tido acesso ao medicamento.
Santa Maria abre auditoria interna
O Hospital Egas Moniz esclareceu apenas algumas questões da TVI. Diz que o pedido do medicamento só foi feito pelos médicos em julho e que terá havido ajustes terapêuticos ao longo de meses. O hospital pediu o medicamento ao laboratório que o libertou a custo compassivo, ou seja de graça, para a doente, mas ficou a aguardar que o hospital lhe enviasse a autorização excecional do Infarmed.
Uma autorização que só terá chegado ao Infarmed a 28 de janeiro e cujo pedido ainda não foi retirado do portal da hepatite C. Para eles continua «em avaliação».
O hospital de Santa Maria avançou com uma auditoria interna para perceber onde ficam parados os processos dos doentes para terem acesso a este medicamento inovador que cura a hepatite C. Isto aconteceu, na sequência de denúncias públicas de uma médica do hospital que punha em causa a análise dos pedidos feitos pela Comissão de Farmácia do Hospital. Agora, cabe à Inspeção-Geral de Saúde investigar o caso.» in http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/03-02-2015/doente-com-hepatite-c-morre-a-espera-de-medicamento-que-a-podia-curar
(Doentes com hepatite C continuam à espera de novo fármaco)
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