"Chove.
Dias a fio, chove.
E os fios de chuva lavam
as almas dos telhados
e inundam de incertezas os pátios.
As vagas opacas da espuma dos tempos
anunciam o calendário
da primavera prometida.
E os corações fazem-se dias suspensos
e horas contidas,
em espera.
Os pássaros gritam, em cada aberta,
a canção de trazer a claridade às metáforas.
Desfazem-se em água
os ninhos caídos nos caminhos
alagados de lama,
sem bermas de renda ou rebordos de anáforas.
Chove.
Os fios de chuva,
em sussurros e mistérios e lentidões mágicas,
rasgam as pétalas cor de sangue,
que se apressam em romper
das trágicas tulipas."
Anabela Borges, Poetisa
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