«Douro Património/10 anos: Efeito do turismo ainda é baixo e desleixou-se viticultura
Para o professor universitário Luís Ramos, o Douro ganhou sobretudo “notoriedade” com a classificação da UNESCO. Mas 10 anos depois o efeito do turismo na economista regional “ainda é reduzido” e “desleixou-se” a viticultura.
Especialista em planeamento regional e ordenamento do território, este investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e agora deputado do PSD na Assembleia da República, fez um balanço nesta década, após a classificação do Alto Douro Vinhateiro.
“Hoje o Douro é mais conhecido no mundo inteiro e sabe-se que é aqui que se produz o vinho do Porto”, afirmou à Agência Lusa.
E essa notoriedade trouxe mais valias à região? Luís Ramos diz que as ”contrapartidas tardam em chegar”. Referiu que há mais turistas a cruzar o território e há também mais ‘resorts’ turísticos, só que o efeito que o turismo teve na economia regional “é muito reduzido”.
“O emprego e a geração de riqueza do sector do turístico, mas sobretudo a sua distribuição pelo território é muito baixa”, salientou.
O responsável considera que o turismo “não é, nem nunca será uma alternativa àquilo que é a base produtiva essencial do Douro. “É um complemento importante, mas não substitui o código genético duriense, que é produzir vinho e através deste arrastar outras atividades”, frisou.
O professor diz que nestes últimos anos se “desleixou” o sector vitivinícola, que atualmente atravessa uma “grave crise”.
“Por uma série de razões houve um desinteresse, uma espécie de abandono relativamente a este sector”, sublinhou.
Os milhares de vitivinicultores que aqui vivem e ajudaram a construir a paisagem classificada perderam 60 por cento do seu rendimento nos últimos 15 anos, as cooperativas acumularam um passivo de 270 milhões de euros e a Casa do Douro vive asfixiada com uma dívida de 110 milhões de euros.
“As tentativas que foram feitas no sentido de resolver estes problemas foram muito, muito tímidas e nunca de maneira integrada”, afirmou.
Salientou ainda que a população que vive, trabalha e construiu a paisagem “está perante uma situação dramática do ponto de vista social e económica”.
Repensar prioridades
Luís Ramos defende que, neste momento, a Estrutura de Missão do Douro precisa de “repensar as suas prioridades”, considerando que esta tem que “olhar para a produção, para o sector vitivinícola, como a sua principal atividade”.
“Nos últimos anos se calhar estas questões não estiveram na preocupação central das pessoas porque se entendia que o sector seguia naturalmente o seu trabalho”, sustentou.
O responsável considerou ainda que “falhou a articulação e sobretudo a integração” entre os vários sectores que compõem o Douro, desde o património, o turismo e a agricultura.
“Esta região tinha todas as condições para ser uma espécie de laboratório deste tipo de políticas mais integradas e de uma articulação mais estreita entre as várias entidades”, referiu.
Como aspetos positivos da classificação, Luís Ramos destacou as “preocupações maiores com a paisagem e com a forma como se intervém nessa paisagem”.
“Há um orgulho neste Douro Património Mundial”, concluiu.
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